28.1.10

Cláudio Barradas emociona na gravação piloto do projeto Ribalta

Um encontro histórico aconteceu ontem, 27, no Teatro Cláudio Barradas da UFPA, na Escola de Teatro e Dança da instituição.

Ao receber o ator e diretor que dá nome ao espaço, reuniu também outros grandes nomes da produção teatral de Belém.

Estavam lá, crivando Barradas de perguntas, a professora e diretora Maria Silvia Nunes; o poeta, escritor e Doutor em Sociologia da Cultura, João de Jesus Paes Loureiro; Zélia Amador, profª da Universidade Federal do Pará e Doutora em Ciências Sociais; Wlad lima, atriz, diretora, cenógrafa, pesquisadora, Doutora em Artes Cências e professora de teatro da ETEDUFPA; e o jornalista, ator e cerimonialista Cleodon Gondin. Todos eles de várias formas, estreitamente ligados à trejatória de Barradas.

Na platéia, que teve todos os lugares ocupados, outros ilustres, como o professor e filósofo Benedito Nunes (na foto) e o artista plástico Emanoel Franco e o diretor e dramaturgo Nazareno Tourino, não menos ligados à Barradas,.

O entrevistado, por sua vez, protagonizou momentos emocionantes àqueles que estiveram ali prestigiando a gravação do programa piloto do projeto Ribalta.

Apesar dos problemas técnicos no som, principalmente, o bate papo com o artista que traz consigo a história do teatro paraense que se desenrola até nossos dias, a noite foi descontraída, pois Cláudio Barradas, além de um grande encenador e diretor de teatro, possui um senso de humor aguçado.

A gravação, feita com quatro câmeras, foi conduzida pelo jornalista Sergio Palmquist, com apoio dos estudantes de comunicação que atuam na Academia Amazônia, produtora de vários trabalhos sobre a região amazônica, através da UFPA.

Cláudio disse que nem sabe como saiu da platéia e caiu no palco. “Quando vi já estava ali, encenando”, disse. Modesto, já que ensinou e influenciou toda uma geração que hoje está à frente de grandes grupos e iniciativas de teatro, além da ETEDUFPA, que hoje possui graduações em teatro e dança.

Barradas vasculhou, na memória, várias passagens de sua vida. Lembrou emocionado de Max Martins, poeta e amigo falecido em fevereiro do ano passado, falou dos seus tempos de rádio-novelas transmitidos pela Rádio Clube - PRC5 e de sua incursão na igreja como padre, para onde também levou o teatro.

Em certo momento para ajudar mais nesta viagem no tempo, a produção projetou fotos de espetáculos como a peça “Papagaio”, adaptação do conto de Benedicto Monteiro, que também já não está entre nós desde 2008.

Outra lembrança dele, o maestro Wlademar Henrique. “Ninguém sabe até hoje fazer trilhas para teatro como ele, que dava os tons de dramaticidade exatos para cada momento do espetáculo”, elogiou. E neste momento também citou Vital Lima, que também fez trilhas de espetaculos seus.

Barradas fez parte do Núcleo Norte de Teatro e teve várias oportunidades para sair de Belém. Em 1967 ganhou uma bolsa do Sesi para estudar Teatro Popular em São Paulo. Ele foi, mas não demorou muito estava de volta a Belém. Teve outras, quando foi chamado para atuar em espetáculos no Rio e em Sampa, e até em Roma. Mas não foi. Ficou e se tornou um ícone.

Cláudio era responsável pelo Teatro do Serviço Social da Indústria, onde ficou por quatro anos e onde montou quatro peças, entre elas “Sesi conta Zumbi”.

Já na igreja, montou “O Auto da Compadecida”, de Adriano Suassuna, mas acabou tendo a atenção chamada por Dom Alberto Ramos, que o chamou para dizer que não entendia como ele podia ter montado uma peça daquelas em plena Quaresma.

Não se falou no bate papo do Ribalta, mas Barradas também fez cinema, com Líbero Luxardo, em “Marajó Barreira do Mar”, e fez recentemente uma ponta, como padre, na minissérie “Miguel Miguel”, adaptado da obra de Haroldo Maranhão pelo diretor Roger Elarrat.

A programação encerrou com a leitura dramatizada de textos de Benedicto Monteiro. Cláudio mais uma vez nos levando às alturas. Antes de iniciar ele falou sobre a necessidade de se escrever para o teatro paraense. Chamou atenção da platéia que falta nos espaços. “Como é que o público não valoriza todos estes grandes talentos que temos em todas as áreas culturias? Temos grandes músicos, poetas, dramaturgos, artistas pláticos”.

E enfatizou que neste tempo em que está em cartaz o espetáculo “O Abraço”, no qual contracena com a atriz Zê Charone, nunca teve mais de 80 pessoas na platéia do espaço Cuíra de teatro.

Então, quem ficar com vontade de ver este grande homem em cena, não perca nesta sexta-feira, 29, sábado, 30, e domingo, 31, “O Abraço”.

Com texto e direção de Edyr Proença, estará em cartaz no Teatro Cláudio Barradas, na Jerônimo Pimentel, com D. Romualdo de Seixas, sempre às 21 h. Mais informações: 81129714.

No final da leitura dramatizada, Barradas, do alto de seus 80 anos, encerrou gritando: “Benedicto como tu nos fazes falta”. Foi sim, uma grande noite. E que venham muitas outras!


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