28.4.10

Aparelhagens de som – nada mais será como antes

Mas para matar a saudade, veja o documentário Sonoro Diamante Negro que será exibido nesta quinta no Centro Cultural SESC Boulevard

Tudo começou como uma cultura repassada de pai para filho.

O som era mecânico e a partir dele tocavam, entre outros medalhões, Roberto Carlos, Reginaldo Rossi, Teddy Max, Mauro Cota, Jerry Adriani, Wanderley Andrade, Wanderley Cardoso, Alípio Martins e Cleide Moraes. No salão, casais dançavam e se entrelaçavam, entrando pela madrugada.

Hoje, as aparelhagens de som não tem mais um dono, tem Dj e grandes estrelas, tornou-se negócio e cultura de massa, recebendo críticas positivas e negativas. No início deste ano, por exemplo, vários grupos chegaram a ser impedido temporariamente de dar festas da maneira como vinham fazendo. O motivo: poluição sonora.

Mas se engana quem pensa que nestas festas só tocam brega, tecnobrega e afins. O repertório é vasto. Toca de tudo. E isso sempre foi assim. Mas hoje as festas se superaram.

São sofisticadas. Disputadas pelo mercado que negocia equipamentos de som, os maiores protagonistas das festas. Viraram um show de luzes e de grandes estrelas, além de auto-pirataria, assunto que inspirou o documentário Brega S.A.

Baile da Saudade, ainda tem, mas nada mais será como antes.
Para matar a saudade desses tempos, uma dica. Assista o documentário Sonoro Diamante Negro da fotógrafa Suely Nascimento, que será exibido no Centro Cultural SESC Boulevard, durante o I Sarau Visual.

A programação faz parte do projeto “Indicial - Fotografia Paraense Contemporânea”, que começou no dia 4 de abril e que irá até o dia 30 de maio, com entrada gratuita.

O doc. tem menos de 10 minutos, já tive oportunidade de vê-lo em alguma outra mostra já realizada na cidade. É um filme de 2003/2004, produzido a partir de uma bolsa de pesquisa do Instituto de Artes do Pará.

O dono do Diamante Negro era o pai da fotógrafa, Sebastião. Ela, que resolveu homenageá-lo com esta pesquisa, experimentou na linguagem audiovisual, a utilização da fotografia. Pura memória.

Todas em preto e branco retratam a aparelhagem que existiu em Belém por mais de 50 anos. Criada no bairro da Marambaia, encerrou suas atividades em 2004. As imagens foram produzidas a partir de 1997 em sedes sociais por onde o sonoro tocava.

Há fotografias feitas em sedes como Estrelinha, São Domingos e Florentina, que retratam cenas da montagem da aparelhagem nas sedes, a limpeza, a arrumação dos discos e os famosos Bailes da Saudade.

Em junho de 2004, o sonoro foi vendido e nas mãos de outras pessoas, o Diamante Negro perdeu seus raros LPs e o charme. Mas ainda é tempo de conhecer esta história.

Nesta quinta-feira, 29, a partir das 18h, além deste filme, também serão exibidos “15 minutes exhibition”, dirigido pela italiana Cláudia Buzzetti e “Wondering with my shadow”, da cineasta inglesa Rani Khana. A entrada é franca.

Serviço
I Sarau Visual. Dia 29 de abril, a partir das 18h. No anexo do Centro Cultural SESC Boulevard (Av. Boulevard Castilho França, nº 522/523). Informações: (91) 4005-9578 / 3224-5654 / 3224-5305 / 4005-9584. www.sesc-pa.com.br ou e–mail: sescboulevard@pa.sesc.com.br.

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