23.8.10

Inovacine exibe "Brás Cubas", de Julio Bressane, no auditório do Iphan

Texto: Miguel Haoni, da APJCC

Machado de Assis foi, e aínda é, o maior romancista do Brasil. Suas obras punham a nu o mito do "bom brasileiro" ao retratarem a cretinice, o egoísmo e a covardia do povo.

"Memórias Póstumas de Brás Cubas" é seu testamento poético. Ao recapitular a vida e morte de um legítimo e vazio burguês perdido na côrte, Machado analisa com humor e coragem o espírito humano em seus aspectos mais pífios e embaraçosos.

Julio Bressane é o fauno do cinema underground brasileiro. Erotismo e ironia são os ingredientes principais na sua experimentação cinepoética. "Matou a Família e Foi ao Cinema", um dos maiores filmes da história do cinema brasileiro, é uma cuspida audiovisual no olho da mediocridade. Seu rigor cênico e seu despojamento são a prova cabal de que é possível realizar obras-primas sem dinheiro nenhum. Uma verdadeira lição aos pseudo-cineastas pobres, ricos e de classe-média.

O encontro do grande mestre com o pequeno gênio resultou em um filme bestial. "Brás Cubas" é um orgasmo de experimentação, ousadia e lirismo. Machado de Assis sadomasoquista encontra a sacanagem demolidora do grupo teatral "Asdrúbal Trouxe o Trombone" e do epidérmico Luís Fernando Guimarães. O filme em si revela o olhar de Bressane sobre o Rio de Janeiro ao retratar em Brás Cubas o primeiro garotão da Zona Sul, e o Paço Imperial como palco da pornochanchada realista.

"Brás Cubas" é a releitura cinestética de (quase) todos os capítulos do livro. Um filme gigantesco de baixíssimo orçamento que escorre arte dentro do acuado cinema brasileiro dos anos 80.

Serviço
“Brás Cubas”, de Julio Bressane, quarta-feira, dia 25 de agosto, 18:30H, no auditório do IPHAN, Travessa Rui Barbosa, esquina da Avenida Governador José Malcher. Realização: INOVACINE. Apoio: IPHAN. Informações: 8813-1891.


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