17.9.11

Último dia para visitar o Salão Xumucuís


O Xumucuís na Sala Valdir Sarubbi - Casa das 11 janelas
Voltado à arte contemporânea e único na Região Norte, o 1º Salão Xumucuís de Arte Digital chega ao último dia de visitação no Museu Casa das Onze Janelas. Aberto desde o dia 18 de agosto com patrocínio da Oi e do Oi Futuro, via Lei Semear do Governo do Estado, o salão promove as várias vertentes da arte digital no Brasil.

Aberto a artistas visuais de todo o país, o salaão vem oferecendo ao público a oportunidade de se confrontar com suportes não tradicionais da arte, estimulando a reflexão sobre o que cada trabalho selecionado representa nos nossos dias. 

Para Victor de La Rocque, único paraense premiado, além dos que foram selecionados para participarem do salão, acredita que a iniciativa em realizar o salão é de grande relevância. “É louvável um salão de arte dar foco a produção de arte e tecnologia. Entendo que fechar o funil apenas para essa produção pode parecer algo esquisito, mas penso nisso numa questão local mesmo, de não possuirmos um olho aguçado pra esse tipo de prática. Então percebo o evento como um germinador e possível propulsor das discussões neste sentido aqui no Estado”, diz.

O artista visual figura no salão com a obra “Not Found”, uma intervenção solitária feita na internet através do Google Earth e um Ipad. Ele explica isso começou numa pequena brincadeira despretensiosa de procurar nomes dados popularmente a lugares distantes.

Iniciativa do blog Xumucuís, espaço dedicado às artes visuais, a importância deste salão vem sendo reconhecida também por vários outros artistas que foram premiados ou selecionados e compactuam com o pensamento do artista e teórico Edmond Couchot, que acredita que a arte digital ainda está à margem da arte contemporânea, pois não se encontra esse tipo de arte em galerias, exceção feita a raríssimos casos, como este.

"O Tigre e a Borboleta"
“Quando os críticos de arte tradicional falam da arte digital, normalmente é para dizer que a interação ou facilidade de cópia invalida aquilo como arte. Esse tipo de trabalho exige novos críticos e novos organizadores. 

O sistema de legitimação da arte contemporânea, da arte tradicional, não funciona com a digital”, concordam com ele os artistas Leo "bug" Teixeira (RJ) e Luciano Rocha (MG), do Grupo Hyenas, que participam do salão com a vídeo instalação premiada "O Tigre e a Borboleta", que ganhou uma sala exclusiva dentro do salão.

“É um espaço para a introspecção, a contemplação e a transmutação. Um encontro com a natureza, mesmo que uma natureza artificial que estamos cada vez mais expostos, às vezes a única disponível, a única possibilidade. O toque físico virtualizado conectando você a uma imagem que perpetuou um momento único nosso de criação junto a natureza, transformando esse toque em borboletas, como que surpreendidas ao estarem sugando a seiva de uma jaca ao chão da floresta. O transmutar da lagarta que só consome o que vê pela frente até o vôo e a polinização”, diz Leo.

Para o artista plástico espanhol radicado no Brasil, Fernando Velasquez, a importância de um evento como o Xumucuis é fundamental para a criação de público e sobre tudo, de massa crítica. “São pessoas discutindo e pensando as questões do digital a partir de numa das suas áreas mais pujantes e questionadoras: a arte”, diz.

Your Life Your Movie
Fernando foi Menção Honrosa no salão com a obra "Your life, our movie", um filme interativo e colaborativo em tempo real. “Embora a interface se dê na web, pois o projeto utiliza imagens do flickr para criar pequenos clips, o formato expositivo busca criar um dispositivo audiovisual alternativo ao cinema tradicional. 

O filme é editado pelos visitantes e pelo computador, através do envio de palavras-chave que funcionam ao mesmo tempo como roteiro e legenda”, explica.

Para a artista visual e designer Miriam Duarte Teixeira (MG), o Salão Xumucuís de Arte Digital é um passo muito importante para a difusão da arte digital no Brasil. “O acesso a arte digital permite não só a aproximação do público a essa arte, mas também, e principalmente, a aproximação do público com a arte em geral. Estamos em uma época de supervalorização das tecnologias digitais, muitas pessoas só se interessam por isso, o que na maioria das vezes não vem acompanhado de conteúdo”, acredita ela que foi uma das premiadas no salão com a obra “Refletir”.

A instalação dela é composta por uma webcam e uma tela LCD ligadas a um computador que fornece o feedback em tempo real entre a câmera e a tela. A imagem captada pela webcam é exibida e processada por um aplicativo de visão computacional que reconhece a face e aplica o efeito pixelizado sobre o rosto do refletido.

Platôs
“Meu trabalho propõe um questionamento ao exibir a imagem espelhada do interator com a face mascarada por pixels: o rosto perde a qualidade (resolução) transformando-se em uma malha de pixels, revelando a matéria inerente à tela virtual”, esclarece ela.

O paulista Flamínio Jallageas, também premiado com Platôs, tem na verdade somando-se a esta mais duas obras em exposição. Além do vídeo, chamado "Platôs", mais duas fotografias, "Estado de conservação" e "Estado de mudança".

Ele diz que "Platôs", premiado neste Salão, foi desenvolvido a partir de um convite para a 10ª Bienal de Havana. “Nele vemos duas salas superpostas através de uma projeção. A sala que aparece na projeção é em São Paulo e mostra os objetos sumindo até que se esvazie por completo. A outra sala é em Havana, Cuba. Nela uma copeira, coloca uma mesa para dois lugares fora de quadro. Essa associação de planos distintos e sobrepostos pretende estimular a reflexão sobre as diversas camadas de realidade compreendidas nos dois países”.

Além da visitação às obras selecionadas, com premiações, menções honrosas e convidados especiais, o salão também ofereceu ao público, nesta última semana, os workshops, já em curso, de “Audiovisual em Mídias Digitais”, com Homero Flávio Fortunato, roteirista e diretor de cinema; “Fotografia e a Pintura Digital”, com o artista plástico Ruma Albuquerque e “Fotografia e a Pintura Digital”, com o fotógrafo Valério Silveira.

Serviço
I Salão Xumucuís de Arte Digital. Até 18 de setembro nos espaços expositivos do Museu Casa das Onze Janelas. Patrocínio Oi e Oi Futuro via Lei Semear – Governo do Estado. Realização blog Xumucuís – Ramiro Quaresma. Entrada franca. Mais informações: 91 8239.2476.

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