29.2.12

Festival comemora chegada do ano novo indiano

O Festival da Lua Dourada – Gaura Purnima deste ano inicia nesta quinta-feira, 01, com a palestra “Sankirtana Yoga: a plataforma espiritual para o mundo contemporâneo”, no auditório do Instituto Universidade Popular (Unipop). A realização é da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON Belém), que convida a todos para conhecer um pouco sobre o Movimento para a Consciência de Krishna e a Cultura Indiana.

Na palestra, Sridhara Dasa, um dos líderes do Movimento Hare Krishna em Belém, vai abordar a vida e os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabu (1486-1534), que viveu há mais de 500 anos em Bengala, região da Índia, e popularizou o canto congregacional do mantra Hare Krishna.

Sri Caitanya é aceito como uma das reencarnações de Krishna. “Ele desejou e predisse que o Movimento para a Consciência de Krishna seria aceito em outras partes do planeta, e é o que está acontecendo agora”, comenta Sridhara Dasa. A mesma palestra será realizada também no dia 06/03, no auditório da UEPA, campus Telégrafo. 

De acordo com os devotos, o ano novo Védico (que segue o calendário lunar) é lunar e a cada ano cai em uma data diferente, marcando o dia do aparecimento do Senhor Caitanya. Em 2012, será comemorado em 08 de março. 

“Neste dia será comemorado o Gaura Purnima: o dia em que Sri Krsna, Deus, apareceu neste planeta em 1486 como sua encarnação mais munificente: Sri Caitanya Mahaprabhu, ou Senhor Gauranga, como também é conhecido, pela sua cor dourada (gaura). Este dia de bela lua cheia (Purnima) é considerado o começo do ano para os Gaudya-Vaishnavas (devotos de Deus na linha de Caitanya Mahaprabhu). Pois seu aparecimento trouxe esperanças para todos os seres que coexistem nesta difícil Era de Ferro (Kali-yuga), onde a hipocrisia e as desavenças insurgem cada vez mais", explicam.

A programação prossegue no sábado (03/03), com o Festival Hare Krishna e na quinta-feira (8/3) com o grande Festival de Gaura Purnima, em uma alegre comemoração pelo aparecimento de Sri Caitanya. Haverá canto de mantras, danças e distribuição de prasada (alimento vegetariano oferecido a Deus). 

Serviço
O Festival da Lua Dourada – Gaura Purnima 2012 - Palestra “Sankirtana Yoga: a plataforma espiritual para o mundo contemporâneo”, no dia 01/03, a partir das 19h, no auditório do Unipop (Av. Senador Lemos, 557, entre D. Pedro I e D. Romualdo de Seixas) e no dia 06, às 16h, no auditório do CCSE – UEPA (Rua do Una, 156, Telégrafo). O Festival Hare Krishna , no dia 03/03, a partir das 18h, e o Festival Gaura Purnima , no dia 08/03, a partir das 19h, acontecem no restaurante Govinda (Tv. Padre Prudêncio, 166, entre Manoel Barata e Ó de Almeida).

28.2.12

Processo de restauro não fechará Igreja do Carmo

Foto: Renan Viana

No final da rua mais antiga da cidade, a Siqueira Mendes, foi construída em meados do século XVII, um dos patrimônios históricos mais importantes da cidade, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo que, pela primeira vez, passa por uma restauração completa. 

A restauração se iniciou neste mês de fevereiro com o processo de seleção de empresas com competência técnica para executar as obras no tempo estipulado, o prazo estimado é de 14 meses para ser entregue.

Outra fase em andamento, que dará suporte a restauração, é a prospecção, na qual partes das pinturas estão sendo raspadas até que seja encontrada a camada original da obra. De acordo com o padre Ronaldo de Souza Menezes, pároco da paróquia Santíssima Trindade, a Igreja não fechará durante as obras.

“A intenção é que a Igreja fique aberta o maior tempo possível, para que as obras possam ser acompanhadas pela comunidade. Há, inclusive, o projeto de visitas guiadas”, afirma. O projeto de restauração foi desenvolvido pela Regional do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, que também supervisionará as obras.

Coordenado pela proprietária da Igreja, a Arquidiocese de Belém, o projeto recebeu um investimento de aproximadamente 04 milhões, patrocinados pela Vale com recursos da Lei de Incentivo à Cultura (Rouanet). O convênio foi assinado no dia 12 de janeiro deste ano .

O projeto já existe desde 2004, quando foi apresentado ao Ministério da Cultura, mas somente em 2011 conseguiu o apoio da Vale. “Ficamos muito agradecidos à Vale pelo acolhimento do projeto. Faço questão de acompanhar o processo de restauração com o devido cuidado e interesse”, comentou o Dom Alberto Taveira, arcebispo metropolitano de Belém. Mais informações:

(Texto enviado pela CANOMIDIA)

27.2.12

Casarão histórico reabre após um ano de reforma

A procura e o cuidado com a memória se tornaram os princípios motores da reforma de um dos mais belos e antigos casarões de Belém, localizado no início da Boulevard Castilho França - em frente a Estação das Docas.

Foram vários meses vasculhando madeira nos entulhos de demolições nas ruas da Cidade Velha, assim como também foram muitas as incursões por antiquários em busca de objetos da Belle Époque.  Com a reforma concluída, o Casarão da Boulevard vai abrigar agora o mais novo endereço do restaurante Point do Açaí, mas a intenção é que o espaço ofereça ao público a possibilitdade de estar em contato direto com parte do período mais bonito e rico de Belém.

Segundo seu proprietário, Nazareno Alves, o casarão foi encontrado com pouquíssimas referências à beleza de sua época.  Foi necessário um minucioso trabalho de resgate que incluiu a reconstrução das paredes, pisos, banheiros e escadaria que liga os três andares do imóvel, mantendo o máximo de fidelidade a arquitetura de sua época. “Quis mostrar que é possível pegar os casarões antigos e realmente transformá-los, e não apenas adaptá-los as necessidades comerciais. O principal motivo da reforma foi o de resgatar o patrimônio e devolver à sociedade”, explica Nazareno.

Com cerca de 135 anos, o casarão já foi até mesmo utilizado pela Polícia Militar do Pará. Porém, durante a maioria dos anos a atividade principal em seu interior, foi a prostituição. “Quando alugamos o prédio, ele estava completamente deteriorado. Os gerentes dos prostíbulos nunca tiveram preocupação em mantê-lo”, afirma Nazareno.

Por isso, a reforma demorou mais do que o previsto, já que as instalações estavam em condições ruins. “Hoje tenho certeza que o paraense vai ter muito orgulho de estar no casarão, levar seus amigos, visitantes. Sem dúvida será um novo ponto turístico e cartão postal de Belém”, acredita. 

No processo de reconstrução foi mantida a estrutura arquitetônica das paredes que mistura pedras, barro, e “cola” de peixe e mariscos, um dos ícones da engenharia da época. No caso das escadarias, houve a necessidade de construção completa, onde foi reutilizada a madeira do casarão e de entulhos encontradas em obras de demolição de casas antigas. 

Durante este trabalho minucioso foram resgatadas peças raras, como azulejos portugueses e ladrilhos hidráulicos datados da Belle Époque, assim como madeiras praticamente extintas: o pau-amarelo, pau-roxo e acapu. Além de tudo, o espaço ainda abrigará constantes exposições de obras de arte e antiguidades.

Serviço
O Casarão do Point do Açaí fica no início da Boulevard Castilho França, em frente à Estação das Docas. Será aberto ao público nesta terça-feira, 28 de fevereiro, às 20h. A partir de quarta fica aberto de 11h às 23h. A visitação ao local é gratuita.

26.2.12

Heloísa Espada abre programação do Prêmio Diário de Fotografia

Indo além do formato de concurso, em sua terceira edição o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia mantém a ideia de fomentar a formação e o conhecimento no âmbito das artes. A programação de palestras e oficinas deste ano mais uma vez reúne profissionais do Pará e de outros estados, respeitados no âmbito da arte contemporânea. As atividades são todas gratuitas, começam no dia 28 de fevereiro, seguem até maio e serão realizadas no Instituto de Artes do Pará e no Museu da UFPA. 

A primeira palestra da programação será ministrada pela coordenadora da área de artes visuais do Instituto Moreira Salles, Heloisa Espada, doutora em História, Teoria e Crítica da Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. 

Com o título “Sombras e Arte: Brasília 'onírica' e 'barroca' - a fotografia de Marcel Gautherot”, a palestra abordará a série de imagens do referido fotógrafo francês sobre a Capital Federal. Entre o fim dos anos 1950 e o início dos 1960, Marcel Gautherot viajou diversas vezes a Brasília, quase sempre comissionado por Oscar Niemeyer, para registrar o canteiro de obras e os primeiros anos da nova capital do Brasil. 

As sombras – uma forma de Gautherot contornar a dificuldade de fotografar os espaços monumentais da capital banhados pela intensa luz tropical – se tornaram uma das principais características dessas imagens, traço que cria um resultado inusitado, pois as tornam muito semelhantes, do ponto de vista formal, às telas iniciais do pintor italiano Giorgio de Chirico. 

Marcel Gautherot, Congresso Nacional em construção, c. 1958
A palestra abordará as razões de tais semelhanças, apresentando análises formais comparativas entre obras dos dois artistas. Serão analisados depoimentos e referências artísticas de Oscar Niemeyer e, em seguida, serão abordados textos de intelectuais, críticos e literatos, como Wladimir Murtinho, Bruno Zevi, Clarice Lispector e Alberto Moravia, que descrevem Brasília como uma paisagem “metafísica” ou “surrealista”, muitas vezes comparando a cidade a imagens de De Chirico.

O objetivo da palestra é propor uma nova interpretação das fotos de Gautherot, cotejando-as com esses diferentes discursos. Além da Palestra de abertura: Sombras e arte: Brasília "onírica" e "barroca" - A fotografia de Marcel Gautherot, com Heloísa Espada, às 19h, nesta terça-feira, 28, no Instituto de Artes do aprogramação terá  no dia 05/04, um Encontro com Miguel Chikaoka - Trajetórias do fotográfico Mediação: Mariano Klautau e Joaquim Marçal, no Museu da UFPA e no dia 17/05, às 19h, mais uma palestra, com Alexandre Sequeira , também no IAP.

As oficinas (todas serão realizadas no Instituto de Artes do Pará) serão de 19 a 23/3 - das 15h às 18h - “Retratos Híbridos”, com Valério Silveira e de 02 a 06/04, com Joaquim Marçal. De 07 a 11/05, a oficina será com o fotógrafo Octávio Cardoso. Mais informações no site do projeto www.diariocontemporaneo.com.br/

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia conta com o patrocínio da Vale e apoio do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de Museus/Secult-PA, do Museu da UFPA, da Sol Informática e do Instituto de Artes do Pará. Abertura

24.2.12

De mala e voz prontas para shows na Dinamarca

Cacau Novais (fotos: Márcio Monteiro)
A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida, já dizia o poeta Vinícios de Moraes. E foi por causa de um desses momentos, que a cantora paraense Cacau Novais abriu mais um caminho para sua carreira na Europa.


Ela está de malas prontas e viaja para a Dinamarca, onde fará apresentações com o Trio do pianista Thomas Walbum, formado também pelo baterista Niclas Campagnol e o baixista Andreas Hatholt. Os dois primeiro ela conheceu em novembro do ano passado, durante a apresentação dos músicos em São Paulo. O repertório, que será de Bossa Nova, vai ser mostrado  nos dias 03 e 09 de março no Tango y Vinos e no dia 08, no Cafè Divino,em Copenhague.

Preocupada com a técnica, Cacau chama atenção em suas apresentações. Além de charme e presença de palco, ela trabalha bem a respiração, obtendo maior prolongamento da nota, afinação e leitura musical. A artista já tocou com vários grupos de jazz da bossa nova em festivais diferentes como Baiacool Jazz Festival, o Festival Internacional de Música do Pará e também participou de óperas de Verdi, como “La Traviata”. 

No encontro com Thomas e Niclas, que faziam shows no Sesc Pompéia, junto ao grupo do contrabaixista brasileiro Sizão Machado, a conversa girou em torno, claro, da música, mas também cultura e viagens. “Falei de meus planos de reencontrar alguns amigos espalhados pelo mundo e levar um pouco do meu trabalho junto. Foi quando surgiu o convite”, conta. 

O pianista Thomas Walbum (divulgação)
Thomas Walbum, nasceu em Lilleroed (ao norte de Copenhague) em 1965 e tem realizado apresentações nos EUA, Austrália, Japão, Brasil e vários países europeus. Vindo de uma família de pianistas, estudou piano clássico desde a infância, e passou a estudar Jazz aos 11 anos de idade. 

Quatro anos depois, já se apresentava pela Escandinávia liderando seu próprio trio. Desde os anos 1990, Thomas mantém uma carreira internacional ativa. Fã declarado do pianista americano Oscar Peterson, Thomas gravou nos Estados Unidos em 2001 o CD “Boston”, mesclando a tradição dos pianos trios a elementos da música nórdica e do Jazz europeu. Acompanhado pelos jazzistas Joe Hunt e John Lockwood, Thomas alcançou com este trabalho o status de grande referência do Jazz europeu da atualidade.

"Em novembro de 2011 eu estava em turnê no Brasil, tocando com Sizão Machado Grupo. Foi durante essa turnê que eu conheci Cacau e nós concordamos em fazer uma turnê juntos na Dinamarca”, diz Thomas em sua página na internet. 

Niclas Campgnol (divulgação)
Niclas Campagnol é da Suécia e no início dos anos 90 mudou-se para Copenhague, na Dinamarca, onde aos 17 anos começou sua carreira profissional.

Desde então atua como um dos mais requisitados bateristas do norte da Europa. 

Sem dúvida o encontro entre Cacau e os dois músicos europeus é coisa de quem está no lugar certo e na hora certa. A paraense, que iniciou a carreira ainda na adolescência, estudando Canto Lírico e que hoje, vem trabalhando com vários estilos que aproveitam a variação melódica do jazz, o sentimento do blues, a suavidade da bossa e a força do rock, bateu um papinho com o Holofote Virtual e contou um pouco sobre o encontro com os músicos, sua carreira e sobre a vontade que tem em gravar o primeiro CD. 

“O Thomas Walbum e o Niclas Campagnol estavam ali para uma série de apresentações no Sesc Pompeia com o grupo do baixista Sizão Machado. Foi conversando sobre vários assuntos que eu comentei que estava pretendendo ir à Europa ainda este ano para reencontrar alguns amigos músicos e fazer um trabalho com eles. Surgiu, então, uma ideia inicial de fazer algo juntos, mas nada formal. Na verdade, só pude mostrar meu trabalho pelas gravações de áudio e vídeo que mandei via e-mail quando eu já estava em Belém e eles de volta à Dinamarca”, diz. 

Com Minni Paulo, no Baiacool Jazz Club
Cacau tem interesses artísticos diversos, embora tenha marca própria. Já participou de Festivais de Ópera do Theatro da Paz (Orfeu de Monteverdi, Macbeth e La Traviata de Verdi, Romeu e Julieta de Gounod) e vem atuando em teatro.

“O primeiro trabalho essencialmente de teatro do qual participei foi o Ópera Profano do Carlos Correia Santos, fazendo o papel da Misteriosa. Foi uma experiência incrível que me aproximou de um contexto diferente - o do teatro - mas, confesso que ainda preciso aprimorar esse trabalho como atriz. Bom, nada melhor do que continuar praticando e estudando, lógico”, considera.

Dividindo seu tempo entre o canto e o trabalho que desenvolve na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, na Galeria Theodoro Braga, ela precisa de fôlego, o que não lhe falta, para conseguir manter a carreira em alto e bom tom. “É sempre muito bom estar inserida nos vários grupos: músicos, atores, artistas plásticos, bailarinos, escritores, pesquisadores... uma das possibilidades da FCPTN é a de estar sempre perto de algumas das pessoas que impulsionam a vida cultural do Estado”. 

Cacau afirma que o trabalho de funcionária pública não atrapalha o lado artístico, mas diz que sua vida é uma correria sempre. “Sou arte-educadora e também atuo como técnica em educação em creches do município. Aí já viu... saio correndo de um lugar pro outro e às vezes ainda vou cantar à noite. De vez em quando preciso de uma pausa, mas não por muito tempo. É sempre bom manter a agenda atualizada, até porque as pessoas sempre perguntam”. 

Cantando Bossa Nova, atuando com blues e jazz, ela vem se apresentando em bares e pubs de Belém, que para ela é uma cidade de vivência musical eclética e de um público disposto a ouvir de tudo. “Acredito que Belém tem público para todos os estilos. Lógico que pra alguns estilos a procura é bem maior”. 

Aqui, a cantora no clic do francês Bruno Pellerin
O gosto musical da cantora lhe permite cantar e ouvir um pouco de cada coisa que aprecia, pois acredita que de cada estilo há o que tirar para seu repertório. 

“Considero todos grandes professores: Bach, Orff, Mozart, Debussy, Ella Fotzgerald, Billie Holiday, Tom Jobim, Baden Powell, Edu Lobo, Elis Regina, Roberta Sá, Waldemar Henrique, Dona Onete, os grupos populares de carimbó. Todos fazem música com tanta sabedoria e com tanta paixão que não tem como não se encantar e aprender um pouco com cada um deles. Atualmente ando bem inclinada pra música brasileira e com interesse no samba”. 

Enquanto realiza este trabalho de apresentações na noite e em festivais, Cacau diz que ainda não encontrou tempo de fato para pensar em gravar CD, mas que é uma grande vontade sua e por isso, não deve demorar muito para realizá-lo. 

“Para fazer um CD vou precisar de uma pausa bem maior pra poder estruturar um projeto, conversar com os compositores, escolher o repertório, fazer os arranjos, enfim. Só que ainda não defini quando vai ser. Confesso que já não dá pra esperar muito, mas ainda não tenho um prazo definido. O que eu desejo é poder cantar sempre e levar meu trabalho pra vários outros lugares e sempre mantendo as minhas raízes”, finaliza.

22.2.12

Homenagem inconsteste da Black a Wilson Simonal

Em comemoração ao aniversário de Wilson Simonal, a Black Soul Samba leva ao palco do Palafita o músico Roguesi, num tributo ao autor de sucessos eternos da soul music brasileira, como “Sá Marina”, “Nem vem que não tem” e “Vesti azul”. Além disso, os DJs residentes do Coletivo Black Soul Samba garantem o revesamento das pistas, colocando todo mundo pra dançar.

Ele faria 73 anos neste 23 de fevereiro, caso sua cirrose alcólica não o tivesse levado em junho de 2000. Seus 20 anos finais de vida foram marcados pelo ostracismo e depressão, onde a causa remota ao boato de que teria sido “dedo duro” durante o período da ditadura militar brasileira. 

Wilson Simonal não morreu feliz, mas deixou um legado de canções belas, cheias de swingue e muito representativas para a história da música negra no Brasil. Para homenageá-o a Black Soul Samba apresenta seu tributo, tendo o músico Roguesi – o mesmo do Tributo a Tim Maia – como o ínterprete da noite.

“Desde muito pequeno ouvia Simonal, pelo qual meus pais eram fãs e tinham todos os discos, ficou gravado na minha memória a canção ‘Mamãe passou açúcar em mim’, quando me interessei pela música”, informa Roguesi, mostrando que a relação musical com Simonal está nas raízes de sua formação. 

Roguesi
Pai dos também músicos Wilson Simoninha e Max de Castro, Simonal teve sua história resgatada e esclarecida em 2009, quando foi lançado o documentário “Simonal – Ninguém sabe o duro que eu dei”, dirigido pelo ator Cláudio Manoel, segundo o qual, o músico "pagou uma pena dura demais, desproporcional ao que ele fez, porque sua condenação foi até o fim da vida. Para ele, não teve anistia”. 

Nas palavras de Chico Anysio, “se Simonal fosse dedo-duro, não seria preso, seria condecorado”. Ao lado de Roberto Carlos, Simonal foi o músico mais popular do período, mas que hoje continua festejado não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, tendo suas músicas tocadas por DJs em toda a Europa e em trilhas sonoras de filmes importantes como Cidade de Deus (2002). Na noite desta sexta, 24 de fevereiro, Simonal será lembrado pelas alegrias das músicas que deixou. E o timbre grave da voz de Roguesi vai emprestar o tom certo às clássicas melodias, pra fazer o povo inteiro cantar.

Serviço
Tributo a Wilson Simonal na Black Soul Samba. Nesta sexta, 24 de fevereiro de 2012, a partir das 21h, no Bar Palafita, que fica na Rua Siqueira Mendes, ao lado do Píer das 11 Janelas, na Cidade Velha. Ingressos a R$10 e R$ 5 para os 50 primeiros convidados. Mais Informações: (91) 8413 0861/ 8190 8270 / 8889 3639. Escute a Black na Rádio Unama FM – 105.5, toda quarta-feira, 21h, com reprise aos sábados, às 22h. Visite o blog www.blacksoulsamba.blogspot.com

(enviado por Dani Franco, da assessoria da Black Soul Samba)

21.2.12

Espetáculos em cena no palco do Sesc Boulevard

Perfídia quase perfeita
Ester Sá, Cláudio Marinho, Cláudio Barros e Cláudio Barradas estão em temporada no SESC Boulevard. São quatro espetáculos, Amor, Confete e Serpentina, Solo de Marajó, Perfídia quase perfeita e o Monólogo de Batista Campos. Tudo com entrada franca e imperdível. 

‘Baseado nas marchas carnavalescas que tem como tema o amor’, assim Ester Sá, atriz, diretora teatral, dramaturga e produtora, define o espetáculo pocket “Amor, confete e serpentina”.

As marchinhas ganharam versões encenadas e brincadas com a platéia, onde personagens como Arlequim, Colombina e Pierrot ganham vida e contam suas histórias de amor de carnaval. 

No final de 2010, a artista Ester Sá começou a trazer trabalhos chamados de show pockets, apresentações de menor duração em comparação aos espetáculos convencionais que trazem jogos e intervenções lúdicas com o público. “A ideia era alcançar o público infantil, mas isso logo se ampliou para as crianças que existe dentro de cada adulto”, esclarece Ester.

Com a segunda apresentação, no dia 26 de fevereiro, e a última, no dia 04/03, a atriz interpreta seis músicas de carnaval muito conhecidas: Ô Abra alas, A jardineira, Ta-hi (Pra você gostar de mim), Máscara negra, Pastorinhas e Estrela do Mar. 

Em temporada nos dias 23/02, 08 e 15/03, Claudio Barros traz narrativas de forte cunho social e político. “Solo de Marajó” é um espetáculo diferenciado, no qual cenografia, figurino e iluminação são neutros e buscam ressaltar a presença do ator, o elemento mais importante desta encenação. 

Cláudio Barros, em Solo de Marajó
Em cena, o experiente ator narra cinco pequenas histórias do livro ‘Marajó’ de Dalcídio Jurandir, a segunda obra da saga amazônica de dez romances escritos pelo paraense, considerado pela crítica o maior romancista do Norte e um dos mais importantes escritores regionalistas do país. 

A montagem tem direção de Alberto Silva Neto, dramaturgia de Carlos Correia Santos, assistência de direção de Papi Nunes, cenografia de Nando Lima, iluminação de Frank Costa e produção executiva de Sandra Condurú. Além de Claudio Barros, outros dois grandes ‘Claudios’ apresentam seus trabalhos no Centro Cultural. Com texto de Carlos Correia Santos, Claudio Marinho dirige o espetáculo “Perfídia Quase Perfeita”. 

A montagem inédita da Cia. Fé Cênica estreia com temporada ainda este mês. O espetáculo é uma comédia dramática que fala da dissimulação, da mentira, da morte, do amor. A encenação cria um clima de humor ácido e crítico, mostra suspense em alguns momentos, lirismo em outros. “Perfídia quase perfeita” estréia com três apresentações em março, 23, 24 e 25.

O consagrado ator, colecionador de prêmios nacionais e internacionais e um dos principais elementos representativos da arte cênica do Pará, Claudio Barradas também é presença garantida no Centro Cultural. Claudio Barradas vai dar vida a Batista Campos em um espetáculo com montagem da companhia de Teatro ‘Nós Outros’ e dramaturgia de Carlos Correa.

Barradas, em O Abraço (2009). Ator estreia monólogo
“O legal é estar unindo a figura do Claudio Barradas, que é uma figura mítica do teatro amazônico, com a figura de um grande mito da historia paraense que é o Batista Campos”, antecipou o dramaturgo sobre o espetáculo que tem previsão de estréia para maio. 

Serviço 
Ester Sá (Amor, Confete e Serpentina): 26/02, 04/03, às 11h; Claudio Barros (Solo de Marajó): 23/02, 08 e 15/03, 20h; Claudio Marinho (Perfídia quase perfeita): 23, 24 e 25/03, 20h; Claudio Barradas (Monólogo de Batista Campos): estreia no dia 10 de Maio. No Sesc da Boulevard Castilho França, 522/523 (em frente à Estação das Docas). Informações: (91) 3224-5305/ (91) 3224-5654.

Fotoativa com inscrições abertas para oficina

Um mergulho no universo da luz e da imagem: esta é a essência da oficina “Photomorphosis: Do Artesanal ao Digital”, ministrada pelo fotógrafo e educador Miguel Chikaoka. As inscrições estão abertas para o curso, que ocorrerá ao longo dos meses de março, abril e início de maio de 2012 em Belém. 

Uma das mais tradicionais oficinas oferecidas pela Fotoativa, Photomorphosis traz uma proposta diferenciada porque busca estimular um olhar crítico do participante sobre o processo de construção fotográfica.

“A finalidade é introduzir conhecimentos essenciais sobre origem, registro e tratamento da imagem fotográfica e estimular a leitura crítica sobre as possibilidades do fazer fotográfico e seus desdobramentos”, explica Chikaoka.

O programa será desenvolvido através da construção e do uso de dispositivos artesanais, dinâmicas de deslocamento dos sentidos da percepção, expedições e exploração ponderada dos recursos tecnológicos atuais. 

As aulas serão realizadas do dia 07 de março ao dia 09 de maio, com encontros semanais às quartas-feiras no espaço do Fórum Landi, no bairro da Cidade Velha. Outras atividades práticas, como laboratório e saídas fotográficas, terão datas e horários a combinar. 

A oficina é voltada a qualquer pessoa com interesse, com idade a partir de 16 anos, não exigindo conhecimento prévio de fotografia. As inscrições podem ser feitas até o dia 5 de março na sede da Fotoativa. 

Miguel Chikaoka é engenheiro eletrotécnico formado pela Universidade de Campinas e iniciou na fotografia no final dos anos 1970, período em que morou como bolsista na França . Vive desde 1980 em Belém, onde se consolidou como fotógrafo e fundou a Fotoativa. 

Tem obras em acervos do Museo de Arte de las Américas – OEA (Washington-EUA), Secretaria de Cultura do Estado do Pará, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (RJ) e Coleção Pirelli MASP (SP), entre outros. É sócio-fundador da Kamara Kó Fotografias e trabalha atualmente como assessor do Centro Cultural SESC Boulevard, em Belém. 

Conteúdo programático da oficina: A luz e o principio da formação da imagem; Os meios de captura e armazenamento da imagem: análise comparativa dos processos analógico e digital; Evolucão dos meios e processos; Relações entre intensidade da luz, abertura, tempo de exposição, profundidade e movimento; Sensibilidade e resolução Luz contínua natural e artificial: combinações e modelagens; Luz instantânea: uso inteligente e criativo; Imagem e informação: elementos de construção e composição da imagem; Processo criativo: séries, ensaios e projetos; Banco de imagens: identificação, legendas e palavras-chave.

É necessário possuir 1 câmera fotográfica. Investimento: R$ 600,00 Inscrições: até 05 de março de 2012 na sede da Fotoativa (Praça Visconde do Rio Branco – Praça das Mercês, nº19 – Campina – Belém/PA) + Info: (91) 3225-2754, a.fotoativa@gmail.com, www.fotoativa.org.br

Serviço
Oficina Photomorphosis: do Artesanal ao Digital Quando: 07 de Março a 09 de Maio de 2012. Encontros semanais às quartas-feiras, 19h30 às 21h30, mais práticas, laboratório, consultas e saídas fotográficas. Onde: Fórum Landi (Rua Siqueira Mendes, n° 60 - Praça do Carmo - Cidade Velha - Belém/PA) Carga horária total: 52 horas Nº de vagas: 20 Público Alvo: Interessados a partir de 16 anos.

20.2.12

ACCPA realiza debate sobre favoritos ao Oscar

Ainda tem muita folia pela frente, mas assim que acabar o carnaval, não tem outra. É hora de pensar no Oscar. Por isso, a Associação de Críticos de Cinema do Pará, a ACCPA, promove no sábado, 25, um debate sobre os filmes indicados à maior premiação da indústria cinematográfica mundial, cuja cerimônia será domingo, 26.

A programação é realizada em parceria com o Cine Líbero Luxardo, que inicia a sua programação com a Sessão Cult(16h) do filme "Brinquedo Proibido" (Jeux Interdits, 1952). Em seguida o público vai participar de um bate papo com os críticos, apostar num bolão e concorrer a prêmios.

O evento também foi realizado no ano passado e deu tão certo que a ACCPA resolveu repetir a dose. Os críticos vão discutir com o público sobre as possibiidades dos concorrentes e mais fortes candidatos aos prêmios distribuídos pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Em 2011, um ótimo público compareceu e fez suas apostas, ao mesmo tempo em que ouviu as observações dos críticos da ACCPA sobre os filmes e a própria história do Oscar, visto por alguns como uma premiação que não coroa o talento artístico e sim a força da indústria.

Mesmo assim, o Oscar é uma celebração do cinema e principalmente do glamour e da magia de Hollywood. Entregues a primeira vez pela academia no ano de sua fundação, 11 de maio de 1927, em Los Angeles, Califórnia, as estatuetas ‘carecas e douradas’ já foram arrebatadas por nomes como Frank Capra, Tom Hanks, Clark Gable, Katherine Hepburn, John Ford, Francis Ford Coppolla, Woody Allen, BetteDavis, Clint Eastwood, Elziabeth Taylor, Marlon Brando, Martin Scorsese, Al Pacino, Jane Fonda, Kate Winslet e Roman Polanski.

O Artista, um dos favoritos deste ano
As injustiças, também foram inúmeras, em categorias de atores, filmes e pelo fato de gênios como Charles Chaplin, Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock nunca terem vencido nas categorias principais. 

A exceção seria Hitchcock, que venceu em 1941 com Rebecca – A Mulher Inesquecível, o Oscar de Melhor Filme, batendo Casablanca. Mas a verdade é que o filme era muito mais de David O. Selznick (que conquistou a segunda vitória seguida como produtor, após ...E O Vento Levou), do que do mestre do suspense.

Estas e outras curiosidades do Oscar e sua 84ª edição, que será transmitida mundialmente no domingo, dia 26, estarão no debate promovido pelos críticos da ACCPA, que ainda farão avaliações de cada um dos indicados a Melhor Filme: Cavalo de Guerra, O Artista, A Invenção de Hugo Cabret, Os Descendentes, Árvore da Vida e Histórias Cruzadas.

As chances dos interpretes também serão assunto. Ao longo do debate, serão exibidas cenas dos filmes. Ao final, o público vai estar afiado para fazer seu bolão do Oscar 2012 e ainda participar de um sorteio de ingressos da rede Moviecom, cartazes e outros brindes.


Cult - Brinquedo Proibido, filme escolhido para a Sessão Cult desta semana, já foi premiado com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, além de ter sido indicado também pela Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA, ao Oscar de Melhor Roteiro. 

Interpretado pelas crianças, Brigitte Fossey e Georges Poujouly, "Brinquedo Proibido" é um dos grandes sucessos do cinema francês dos anos 50.

Os horrores da guerra e suas conseqüências inspiram um jogo mórbido, ao qual o diretor René Clément dá uma dimensão poética.A bela trilha foi assinada pelo guitarrista espanhol Narciso Yepes.

Serviço
Sessão Cult. Líbero luxardo, às 16h. Em seguida, tem debate com ACCPA: Oscar 2012. No sábado, 25 de fevereiro (Centur – Av. Gentil Bittencourt, 650). Entrada Franca.

(com informações de Lorenna Montenegro, da assessoria de imprensa da ACCPA)

17.2.12

TV Sesc (SP) entrevista grupos de teatro de Belém

A equipe de Milaré, na Casa dos Palhaços
Esta semana a equipe do programa “Teatro e Circunstância”, da TV Sesc (SP), esteve por aqui e registrou a história e a experiência do nosso rico, diverso, sedutor e criativo teatro.

A partir de depoimentos, sempre reunido material de imagens de trabalhos e cenas de obras realizadas, o programa vem realizando um importante trabalho de mapeamento da produção de teatro no país, ao abordar o teatro contemporâneo através de diferentes aspectos. O programa tem direção de Amilcar Claro e roteiro de Sebastião Milaré, e vai ao ar pela TV Sesc às terças-feiras, 22h, com reprises às quintas, sábados e domingos.

Desta vez, fora do eixo sul e sudeste, veio bater em Belém do Pará. Aqui, a equipe entrevistou os integrantes do In Bust Teatro com Bonecos, dos Palhaços Trovadores, do Grupo Cuíra e ainda visitou o Estúdio Reator, onde bateu um papo com Nando Lima.

Curioso com o que rolou durante as visitas, o blog buscou e recebeu notícias de Marton Maués, dos Palhaços Trovadores, Cristina Costa, do In Bust, e Nando Lima, do Reator, que contaram aqui pra gente como foi o encontro e nos anteciparam os assuntos tratados, conteúdos importantes para que o país que ainda não conhece vai poder ver em breve na telinha da TV Sesc. 

Trovadores em entrevista
“Adoramos fazer o programa. Eu, particularmente, gosto muito e o assisto sempre. Acho que, sobretudo agora, a equipe está fazendo um mapeamento importantíssimo do teatro brasileiro, mas do teatro brasileiro fora do eixo, fora do esquemão comercial tradicional”, diz Marton Maués, do grupo Palhaços Trovadores que recebeu a equipe da TV Sesc na Casa dos Palhaços.

“É um mapeamento do teatro de grupo e de pesquisa brasileiro, fundamental e necessário. Para nós, poder estar par a par com outros grupos que acompanhamos e admiramos, mostrar compartilhadamente nosso trabalho, como e porque os fazemos, está sendo uma grande felicidade”, disse ao Holofote Virtual. 

Os Palhaços Trovadores falaram de sua história e de como o grupo foi se constituindo a partir de uma oficina ministrada por Marton, na Escola de Teatro e Dança da UFPA, e que trouxe ao grupo a forma poética e popular da trova com que até hoje seus adoráveis clowns nos divertem e fazem refletir. 

Trovadores em "A Morte do Patarrão"
De acordo com Marton, foi esta maneira de trabalhar elementos dos folguedos populares nos espetáculos, que acabou, com o tempo, “gerando uma poética de forte característica Amazônica e popular. Falamos de nosso processo criativo e de nosso treinamento, dos nossos estudos e pesquisa sobre a linguagem do palhaço e sobre a cultura popular, seus ritos e brinquedos”, explica. 

O “Teatro e Circunstância” perguntou sobre a organização do grupo, a distribuição do trabalho e ainda sobre a conquista da sede, sua ocupação e projetos desenvolvidos. Por aí se toma que assunto não deve ter faltado. Na Casa dos Palhaços são realizados projetos como o “Palhaçadas de Quinta”, o “Bailinho Infantil de Carnaval” (que vai rolar neste sábado, 18, aliás), oficinas e ainda abriga uma biblioteca, entre outras atividades. 

O programa no qual Os Palhaços Trovadores estarão, ainda não tem data certa para a exibição, mas irá ao ar trazendo entrevistas com dois grupos do Rio de Janeiro, o “Teatro de Anônimo” e a “Intrépida trupe”, tendo como mote “Grupos de teatro que trabalham com elementos circenses”.

Fio de Pão
Com bonecos e atores - O In Bust, que também recebeu a visitinha da equipe do Teatro e Circunstância, disse que o diretor Sebastião Milaré deixou o grupo muito à vontade para falar de sua história e de seus projetos. A partir daí, abriu-se um baú de memórias que foi buscar o primeiro espetáculo do grupo.

Formado por Paulo Nascimento, Aníbal Pacha e Adriana Cruz, em 1996, o grupo com apresentação de esquetes musicais, que traziam bonecos e manipuladores, ainda neutros, com roupas negras, óculos escuros e bonés, nas apresentações do saudoso bar Go Fish. Quem lembra? 

O “bico prazeroso” que se fazia, porém, logo ganhou outras dimensões, como conta a produtora do grupo Cristina Costa. “Quando eles precisaram dar um nome ao grupo, resolveram brincar com a palavra "embuste", que acreditavam que era o que faziam com os bonecos, e como o local da apresentação era em língua inglesa (Go Fish), assumiram o In Bust. Em determinado ponto, o grupo sentiu que precisava costurar mais as esquetes e os manipuladores começaram a se manifestar também, revelando o rosto, entrando na luz, dando um pequeno texto”, explica Cris.

No 2o espetáculo, o In Bust ainda seguiu a mesma linha, mas na 3a, Fio de Pão, veio a mudança dramatúrgica que norteia a estética e a construção da linguagem com que se trabalha até hoje de se fazer um teatro de formas animadas com atores. 

O Curupira, do In Bust
Um ponto importante também focado na entrevista foi a pesquisa para confecção de bonecos e cenário e a dificuldade em se conseguir material de qualidade aqui e Belém, além da investida em materiais regionais e alternativos.

O Teatro e Circunstância também quis saber, claro, sobre o Catalendas, programa realizado junto com a Tv Cultura do Pará e ainda dos incríveis projetos de circulação pela região que já permitiu ao grupo chegar a mais de 50 municípios paraenses.

Nas saídas de Belém, o grupo investiga matérias primas, modos de trabalhá-las e ainda coleta narrativas populares nas quais se inspira para a construção de novas dramaturgias e personagens. Cristina à equipe do Teatro e Circunstância falou sobre a montagem do espetáculo Natureza no Asfalto, que levou ao surgimento do conceito de "produção criativa" e mais tarde, ao grupo Produtores Criativos. 

Quanto à linguagem do teatro de bonecos em miniatura, utilizada neste projeto, Paulo Ricardo falou da experiência vivida pelo grupo e de como esta também originou o Grupo de Experimentação em Teatro em Miniatura, questão detalhado por Aníbal Pacha. Para finalizar, falou-se do Casarão do Boneco, sua estrutura e ação cultural na cidade, abrindo espaço para apresentações e acolhendo grupos e artistas.


No Estúdio Reator, variações criativas
Teatro e tecnologia - No Reator, a equipe de Milaré conheceu uma experiência coletiva.

De acordo com Nando Lima, o diferencial do Reator foi colocar de maneira clara que não se trata, ali, de um grupo de teatro, mas sim de profissionais de várias áreas, envolvidos com a produção artística, tendo algumas premissas no modo de produzir e também afinidades como a questão do hibridismo, a tecnologia, a pesquisa.

Participaram do papo no Reator, além de Nando, Danilo Bracchi, da Companhia de Investigação Cênica, Leo Bitar, que trabalha com direção, desenho de som e trilhas para teatro e cinema, e Jeferson Cecim, do Usina de Animação, e que por sinal volta em cartaz no espaço agora em março, com o espetáculo Red Bag.

“Cada um de nós colocou a sua visão sobre o reator e os processos que aqui acontecem. Falamos de todas as pessoas envolvidas, dos espetáculos Morgue insano and Cool,  Red Bag, À Sombra de Dom Quixote e dos espetáculos que estão em processo e pesquisa como Makunaíma em a árvore e a enchente (Milton Aires), Incidental e Fratura Exposta”, explica.

As interseções e diferenças de cada indivíduo foram colocadas. “Como isso é ajustado e ou somado dentro da nossa produção que opta por experimentar sem medo de críticas e subvertendo as leis do mercado atual. Parece que foi uma entrevista muito interessante e longe do lugar comum das práticas atuais do que se convencionou chamar de "teatro de grupo"”, finaliza Nando.

Com toda certeza as próximas séries do programa serão imperdíveis para todos que fazem, estudam e gostam de teatro neste país. Pesquisa, circulação e idéias criativas, que trazem sotaques e idéias diferentes, de um Brasil mais amplo e plural. Excelente trabalho do programa Teatro e Circunstância. Eu quero ver!

Ricardo Macedo ministra oficina no Sesc Boulevard

Já pensou em juntar a fotografia com a pintura em aquarela? A oficina 'Fotografia e pintura: imagens e vertigens', ministrada por Ricardo Macêdo, no Centro Cultural SESC Boulevard, vai mostrar as diversas possibilidades que se abrem a partir deste tipo de experimentação. 

Vertigem quer dizer tontura, ilusão de movimento, inquietação, e é isso mesmo que esta oficina propõe: Sentimento de inquietação na busca de novos conceitos. Para isso, a pintura em aquarela e a fotografia estarão ligadas na idéia de que qualquer coisa ou paisagem antes de virar linguagem técnica é imagem. 

A oficina então propõe que a imagem seja um norte e que seus desdobramentos plásticos e visuais se dêem por meio da fotografia em um primeiro momento e da pintura em aquarela em um segundo momento. Para isso, técnicas básicas de aquarela vão ser apresentadas, juntamente com o estudo de elementos da composição visual, como ponto, linha, textura e cor. Serão utilizados como suporte, filmes, animações, documentários, fotos e uma visita monitorada. 

O resultado da oficina será mostrado em formato multimídia, composto de fotografias, pinturas e vídeos. Esta é a primeira ação do projeto “Múltiplos- Saberes e fazeres- fotografia”, em 2012, que prevê a realização de cursos, mini cursos, palestras, oficinas, ofertados gratuitamente ao longo do ano como parte da programação permanente do Centro Cultural SESC Boulevard. 

A inscrição vai até o dia 24 e é gratuita, mas todo o material utilizado durante a mesma será de responsabilidade dos participantes (30 folhas papel A4, 1 pincel para aquarela redondo n° 6, 1 bandeja pequena de isopor, 5 folhas de papel canson ou 2 folhas papel 60 kilos, 1 lápis 4b, câmera digital e cabo USB). 

Ricardo Macêdo - Nasceu em 1975, reside em Belo Horizonte, formado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará e atualmente mestrando em Artes e Tecnologia da Imagem pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi professor de Artes Visuais do ensino médio em escolas públicas e particulares entre 2006 e 2010, ministrou oficinas de pintura, fotografia e desenho em Belém e Ouro Preto. 

Participou de diversas exposições e encontros, dentre os mais importantes: “Paraty em Foco 2011”; “Trampolim_Vídeo 2011”; “Arte Performance Brasil, 2011”; “Cartografias Contemporâneas e INDICIAL” - pelo SESC Belém e SESC São Paulo, 2010. É colaborador do blog “Novas Médias!?” e da revista virtual “MARÉ”, sobre crítica de Arte. 

Além do interesse pelas artes, o único pré-requisito para a participação é ser maior de 18 anos. A inscrição só poderá ser feita, de forma presencial, pelo próprio interessado, na recepção do SESC Boulevard, com documento de identificação e preenchimento de ficha de inscrição, no horário de terça a sábado das 10 às 19h.  Estão sendo ofertadas apenas 12 vagas.

Serviço
Oficina ‘Fotografia e pintura: imagens e vertigens’. De 28 /02 a 03/03, das 15h às 19h, no Centro Cultural SESC Boulevard (Boulevard Castilho França, 522/523 - em frente à Estação das Docas). Mais informações: (91) 3224-5305/ (91) 3224-5654(Centro Cultural SESC Boulevard).

16.2.12

Boas opções no Sesc Boulevard com entrada franca

A noite começa com show de Alba Maria e segue com o espetáculo Solo de Marajó. Mas quem for nesta quinta-feira, 16, ao Centro Cultural Sesc Boulevard, pode chegar mais cedo e conferir a 1ª mostra retrospectiva do Salão Internacional de Humor da Amazônia. Aberta na semana passada, ela reúne o melhor das três edições anteriores. A montagem do Sesc está excelente, não perca.

O Salão Internacional do Humor já recebeu em todas as suas edições milhares de visitações, trouxe grandes nomes do humor nacional e internacional e consagrou Belém como a capital do humor ecológico em 2010, quando ganhou o troféu HQMIX de melhor Salão de Humor da Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) e do Instituto Memorial de Artes Gráficas (IMAG).
 
O idealizador, Biratan Porto diz que  esta primeira Mostra Retrospectiva serve para dar uma prévia do que vem por aí em setembro, quando será realizada a quarta edição do evento. “O objetivo maior da mostra é despertar no público uma expectativa para o 4º Salão Internacional de Humor, que já se configura como um grande evento. Cria-se, também, com essa mostra a oportunidade do encontro com as pessoas que não puderam contemplar o ótimo trabalho gráfico dos cartunistas do mundo inteiro apresentado nas três edições passadas”.
 
A Mostra Retrospectiva reúne mais de 100 obras do acervo, que ficarão expostas de 9 de fevereiro a 8 de abril no espaço expositivo do SESC Boulevard. As caricaturas tratam sobre assuntos ambientais e são divididas nas categorias: ecologia, comunicação, chuva e tema livre. 
 
Show - A partir das 19h tem show da cantora Alba Maria.  “Dia, Mês e Ano” também estará no Centro Cultural do Sesc Boulevard, às 19h, trazendo os músicos Floriano (Violão e direção musical), Delcley Machado (Guitarra), Adelbert Carneiro (Contrabaixo), Edvaldo Cavalcante(Bateria). A fotografia é de Bruno Pellerin e a produção e texto, de Carla Cabral. 

Há anos, a cantora comemora seu aniversário com shows que rememoram canções importantes de sua trajetória. Em 2012 não seria diferente.

Vinda de um família de músicos, onde se destacou o violonista e compositor Chico Sena, seu irmão, Alba possui voz forte, tanto no palco, quanto em sua vida. Seu repertório é decisivo e a capacita para ser apontada como uma das maiores intérpretes do Pará.

“Dia, Mês e Ano” é um show denso e repleto de verdades, alegria não faltará, mas a evidência estará para os dramas humanos, compostos por grandes nomes do cancioneiro brasileiro: Waldemar Henrique, Aldir Blanc, Carlos Henry, Caetano Veloso, Guinga e outros.

O show, como todos as apresentações do SESC Boulevard, terá entrada franca, mas estaremos arrecadando alimentos a serem doados ao Lar Fabiano de Cristo. Quem poder doar, será ótimo! Dias 16 e 25 de fevereiro, 19h. 

Marajó - Em seguida, às 20h, o Centro Cultural do Ssec recebe o ator Cláudio Barros, que estará em cena nesta quinta, 16, no sábado 25, e ainda nos dias 08 e 15 de março, com o espetáculo “Solo de Marajó”, interpretando cinco histórias extraídas do romance “Marajó”, do romancista Dalcídio Jurandir. 

O espetáculo, que estreou em 2010, tem direção de Alberto Silva Neto, dramaturgia de Carlos Correia Santos, assistência de direção de Papi Nunes, cenografia de Nando Lima, iluminação de Tarik Coelho e produção executiva de Sandra Condurú. 

Para criar este solo e narrar as histórias ficcionais de Dalcídio, Cláudio Barros partiu de um repertório de ações físicas que resultaram do ato de contar histórias pessoais e também gerou ações e sonoridades induzidas por descrições de lugares, sons e cheiros contidas na obra.

O espetáculo simples, com cenografia, iluminação e figurino neutros, que buscam ressaltar a presença do ator, o elemento mais importante desta encenação, já foi mostrado também em São Paulo, no ano passado, na sede Luz do Faroeste.

É noite de DJs convidados na Black Soul Samba

Eles vieram da música eletrônica, mas sabem que a raiz do groove é negra. Os DJs paraenses Albery Rodrigues, Rafael Dourado e Marcus Emir se revezam nas pistas da Black Soul Samba desta sexta, dia 17, levando o melhor da soul music para o Palafita. 

Sobrinho de maestro (Guilherme Coutinho) e filho de percussionista (Carlos Coutinho), ele cresceu em meio ao melhor da música popular brasileira, que o abraçava através de clássicos em vinis. 

E assim, apesar de ser um dos expoentes da música eletrônica em Belém, Albery Rodrigues tem ligação forte e direta com a música brasileira e afirma sem pestanejar que a famigerada e-music nasceu das batidas soul. “ O mais importante é a gente mostrar que um dj de música eletrônica também sabe de suas raízes, e consegue colocar um rare groove na pista”, acredita. 

A batida a qual Albery se refere, o rare groove, nada mais é que os sons raros, encontrados principalmente nas gravações de funk dos anos 70. Portanto, quem conheçe os sets de tecno do DJ, pode se preparar para dançar os mais vintage dos sons nesta sexta-feira. “Eu vou tocar exatamente o que festa pede: black, soul e samba”, afirma o DJ.  Quem ainda promente muito funk para a noite deste 17 de fevereiro, é Rafael Dourado, outro DJ que também tem a música eletrônica como seu principal instrumento de set. 

O Dj Marcus Emir, na vibe de reggae, rock e black music
Já a pista comandada por Marcus Emir terá o colorido da Jamaica, incluido remix de versões em reggae de clássicos do rock e da própria black music. “O set da festa será especial, com músicas que marcaram época e foram hit´s nas décadas passadas e um pouco do que é feito hoje no mundo do reggae”, adianta o DJ. 

 Tocando em Belém desde 1992, Emir passou por diversas casas de reggae e também por coletivos de música eletrônica. Com um carinho especial pela pela Black Soul Samba, o DJ afirma que a parceria com o coletivo é antiga, através da troca de discos e informações com os residentes da BSS, Eddie e Fernando Wanzeler. 

Por isso sua presença na Black também é sinônimo de celebração de amizade e respeito profissional aos coletivos de DJs de Belém. Ao lado de Eddie Pereira e Fernando Wanzeller, os demais residentes Uirá Seidl, Kauê Almeida e Homero da Cuíca, completam o revezamento nas pistas do Palafita, passeando por todas as vertantes da música negra e dos sons brasileiros que marcam a Black Soul Samba. 

Os Djs da Black Soul Samba
|Serviço|
 DJ Convida Albery Rodrigues, Rafael Dourado e Marcus Emir na Black Soul Samba. Nesta sexta, 17 de fevereiro de 2012, a partir das 21h, no Bar Palafita, que fica na Rua Siqueira Mendes, ao lado do Píer das 11 Janelas, na Cidade Velha. 

Ingressos a R$10 e R$ 5 para os 50 primeiros convidados. Mais Informações: Produção: Uirá Seidl (91) 8413 0861 / blacksoulsamba@yahoo.com.br Imprensa: Dani Franco (91) 8190 8270 / 8889 3639 / danifrancopa@gmail.com Escute a Black na Rádio Unama FM – 105.5, toda quarta-feira, 21h, com reprise aos sábados, às 22h.

15.2.12

Cultura Pará comemora 15 anos de arte em Belém

Não vai ter valsa, mas com certeza será uma festa com direito a muitos bailados. O aniversário de 15 anos do site Cultura Pará criado, projetado e programado pelo poeta e web designer Vasco Cavalcante, será comemorado em grande estilo, nesta de quarta-feira, 15, a partir 19h, na Fundação Ipiranga (Almirante Barroso). Todos convidados.

Pergunte a Vasco o que o moveu para concretizar este projeto. Imediatamente, ele revela que foi a paixão pela arte e vontade de não só ver, ler e sentir, mas também de distribuir, compartilhar e mostrar pra todo mundo.

É assim que entra no ar, em 1997, o Cultura Pará, site no qual sempre se chega, quase que invariavelmente, ao buscar, no infinito espaço virtual da internet, informações sobre a trajetória de artistas ou grupos paraenses na área do teatro, artes plásticas, fotografia e literatura

Ao longo dos anos, o Cultura Pará já mudou de cara, foi ganhando conteúdo, leitores e se tornou referência. É uma verdadeira vitrine para os artistas e suas obras. Por muito tempo novidade, o site já foi ganhador, ainda nos anos ‘90, de vários prêmios internacionais, tendo um acesso superior à média nacional, recebendo solicitações externas de licença de utilização de páginas específicas, para figurar em sites estrangeiros.

Além disso, Vasco Cavalcante mantém uma agenda atualizada onde estão serviços sobre exposições, espetáculos e lançamentos literários, em cartaz na cidade. Ao completar estas 15 primaveras, como qualquer um faria nesta idade, o site agora quer ampliar seus horizontes e, além de continuar trazendo novos autores, irá criar novas seções para os artistas do audiovisual, dança e música. 

Colaborativa - Bem, da mesma forma que o site, a festinha desta noite também tem espírito colaborativo, por isso quem for até lá festejar, pode tocar, cantar, dançar e levar as bebidinhas. É pra ficar à vontade, avisa Vasco, que está recebendo durante todo o dia de hoje parabéns que chegam via FaceBook, e-mails e, mais tarde, presencialmente. Os brindes serão inúmeros.

Entre os que já confirmaram presença para se apresentar no aniversário estão o pianista Paulo José Campos de Melo e o trio instrumental formado pelo percussionista Paulinho Assunção, o multi-instrumentista e maestro Luiz Pardal e o tecladista Jacinto Khawage, além de Marcelo Siurotheau e Patricia Rabelo, e Pedrinho Cavallero.

E o Holofote Virtual, que procura divulgar ações culturais e contribuir com a criação de conteúdos sobre a produção artística contemporânea paraense, inúmeras vezes foi beber na fonte infinita que é o Cultura Pará, trazendo informações complementares e fundamentais para suas publicações, não poderia ficar de fora da comemoração e nem de bater um papinho com Vasco Cavalcante, amigo e parceiro importante para mim, como jornalista e produtora da área cultural, e também para todos que vêm expostas no site suas criações. 

É ele quem nos conta na entrevista abaixo, como surge o site e quais as suas novidades para os próximos 15 anos. 

Holofote Virtual: Esta história pode até já ter sido contada antes, mas é sempre bom revê-la. Conta como surge o site Cultura Pará e o que foi que levou a pensar neste projeto? 

Vasco Cavalcante: Bem, o meu principal estímulo é difícil definir direito. Talvez seja aquele vírus que algumas pessoas têm de querer interferir, de não se conformar em apenas ver. Sabe aquilo de tudo o que se vê, ouve, lê e sente vontade de querer mostrar pra todo mundo? De não se conformar em admirar algo e ficar para si? Isso é uma coisa que me fez me dedicar a esse trabalho. 

Mas tudo começou no inicio dos anos 80, quando eu e o hoje jornalista William Silva, partimos para uma publicação de nossos poemas, feitos na época à lápis, caneta esferográfica e a máquina de datilografia. Na época, publicar um livro, mesmo simples com poucas páginas, era caríssimo, então criamos um modelo, ainda original por aqui, com envelopes comerciais, pintados a tinta spray, para envelopar os poemas e vender aos amigos. 

Depois se juntaram a nós: Jorge Eiró, Celso Eluan, Zé Minino e Iru Bezerra dando inicio ao grupo Fundo de Gaveta, que se reunia semanalmente e publicava também de forma artesanal poemas em envelopes comerciais. O grupo publicou três envelopes poéticos entre os anos de 1981 e 1983.

Holofote Virtual: Concretamente, com publicações, isso durou apenas três anos. E o Fundo de Gaveta é também um capítulo importante na tua vida. O que aconteceu depois que o grupo se desfez? 

Vasco Cavalcante: Após a separação do grupo, aconteceu em mim uma espécie de vácuo. Senti falta daqueles sonhos de participar de algo envolvendo arte e cultura novamente, de tentar mudar a história. 

Daí veio a ideia, no ano de 1985, de montar, durante o mês de outubro, um mês de muito movimento turístico aqui na cidade, por conta do Círio de Nazaré, um grande galpão onde se abrigasse vários segmentos artísticos com o objetivo de mostrar o talento de nossos artistas, tão distantes dos grandes centros, e por isso com enormes dificuldades em mostrar/difundir seus trabalhos. 

Mas para isso precisaria de grana, e obter grana para esse fim só se recorrendo a empresários, que precisariam ver um retorno comercial forte para o empreendimento, mas o que eu queria mesmo era trabalhar com os artistas que tinham trabalhos com pouco apelo comercial, porque esses eram justamente os que tinham maiores dificuldades. 

Bem, passaram-se 11 anos, até em 1996 eu começar a trabalhar no desenvolvimento de sites na Prodepa (Empresa de Processamento de Dados do Estado do Pará), para voltar à ideia do grande galpão. Eu agora poderia montá-lo virtualmente, e mostrar nossos artistas não apenas para os que viessem aqui ocasionalmente, mas permanentemente e para o mundo. Daí começou tudo.

Holofote Virtual: O que você pretende desenvolver no site daqui pra frente? Ele ganhou nova cara e está com uma organização que facilitou mais o acesso às informações que estão lá e não são poucas. 

Vasco Cavalcante: Bem, projetos em minha cabeça há muitos. Ampliar para os segmentos de música, cinema e dança é um deles. Continuar incluindo gradativamente novos autores, mas seguindo as normas de sempre, ou seja, solicitando curadorias colaborativas para novos elementos. Mudar gradativamente a forma de apresentação das obras dos artistas nas partes internas do site. Trazer mais sobre a história das artes em nossa região. Continuar trocando ideias com dois elementos de fundamental importância para o desenvolvimento do site e que sempre me acompanharam nessa longa jornada, a fotógrafa Maria Christina e o artista plástico Jorge Eiró. 

Holofote Virtual: Qual é a sensação de ver um projeto independente chegar aos 15 anos. Tens algum apoio? 

Vasco Cavalcante: É uma sensação maravilhosa por tudo o que o site alcançou. E ele prova uma coisa, que quando se tem um sonho e uma vontade, não existem obstáculos ou eles são efêmeros. Você arranca o seu sonho e o planta no terreno mais estéril e ele brota, nasce porque você quer que nasça. 

Nunca tive grana de apoio para fazer e realizar o site, mas nunca paguei nada pra ninguém para tê-lo/fazê-lo, a não ser custos indiretos como energia por exemplo. A ajuda que recebi, e muito bem vinda por sinal, foi para a manutenção dele, gratuitamente, em um provedor, inicialmente por interesse do provedor e depois com ajuda de terceiros nesse serviço de locação do espaço para usufruir do benefício. 

Então ele é totalmente independente. Nunca aceitei nem uma troca direta, apoio financeiro para desenvolvê-lo. Já tentei um edital uma certa vez, mas para desenvolver um projeto maior dentro do site e para isso eu precisaria de uma equipe de pesquisa, e técnica qualificada para execução. 

Holofote Virtual: Muitos artistas devem se interessar em fazer parte do site. Como trabalhas quanto a esta demanda? 

Vasco Cavalcante: O site não é um salão com obras, mas com autores e suas obras, então é complicado você eleger determinados artistas e deixar outros de fora, e temos um cenário muito rico em todos os segmentos. Então, elejo curadorias como bem falei mais acima, e essa curadoria discute e escolhe os participantes. Alguns são convidados e não participam por falta de tempo em organizar/registrar suas obras. Mas se temos que apontar um critério é o de participação na cena artística local. 

O artista tem que ter uma historia pra contar e justificar a carreira dele, não precisa ser um veterano, mas ter pontuações em salões, referências que o justifiquem como participante da cena artística paraense. Mas tem também os critérios de curadoria, que em geral é embasada, mas arte não é matemática, então cada curadoria, tem seus próprios critérios para determinar suas escolhas. Isso ocorre em qualquer salão de arte do mundo, o Cultura Pará segue esse critério. 

Holofote Virtual: Qual o conselho que você dá ao artista que ainda não tem o perfil exigido pelas curadorias do Cultura Pará? 

Vasco Cavalcante: Um conselho que dou a todos os artistas que têm o sonho de viver de sua arte: submetam seus trabalhos a salões, festivais, concursos, todos os possíveis. Os salões mais importantes de nossa região: Primeiros Passos (CCBEU), Pequenos Formatos (UNAMA), o Arte Pará e o recente Prêmio Diário de Fotografia Contemporânea. Festivais esse ano de 2011 tiveram às pencas. 

Vasco, pelas lentes da filha Luiza Cavalcante
Não se deixem levar pela corrente de que os premiados são escolhidos por padrinhos. Não é demérito não classificar trabalhos em salões de arte, em concursos literários, em festivais etc. 

Tudo depende dos critérios de curadoria, e muitas vezes elas, as curadorias, são sazonais. Temos um mercado de arte deficitário em nossa região, sofremos muito com o interesse do empresário em geral, ele corre para vender lata de sardinha em vez de arte.

O produto comercial em minha opinião é todo igual. Lata de sardinha, vidro de azeitona, luz de cabeceira e trabalho dito “artístico”, feito com intuito único e exclusivo de vender, não são diferentes e todos são descartáveis, após o uso. O verdadeiro artista faz arte por que precisa fazer, senão nada tem sentido na vida dele e às vezes até enlouquece. Artista realmente faz sua arte pra ele mesmo.

Holofote Virtual: Preparado pra todos os abraços de hoje?

Vasco Cavalcante: Continuo afirmando que o parabéns é para todos, pois sem o trabalho desses artistas nada disso teria acontecido, todos fizemos juntos tudo isso. Os artistas viveriam sem o site, mas o site não existiria sem o trabalho deles.