2.2.12

Palacete é saqueado na praça Coaracy Nunes

Casarios da Praça
Esquecida pelo poder público, a praça Coaracy Nunes abriga edificações de valor histórico quase incalculável, como o Palacete Vitor Maria da Silva, que no último dia 28 de janeiro, foi saqueado e muito de seu rico patrimônio foi danificado para sempre, destruindo também uma parte da história cultural da cidade. 

Mais conhecida como Ferro de Engomar, a praça será palco para o lançamento do ato público “Olhos do Patrimônio”, que vai exigir do Estado e do Município de Belém uma agenda mínima em relação ao Patrimônio Histórico do Pará e da capital, incluindo aí a criminalização dos culpados.

Muita gente lembra, mas quem não estava lá na época, que saiba e também participe. No início dos anos oitenta a praça Ferro de Engomar, na fronteira entre os bairros da Campina e Batista Campos, foi testemunha de reuniões históricas entre os grupos de teatro, jornalistas e fotógrafos. Lá ficava o famoso bar 3x4 e foi berço da fundação Fotoativa, associação ligada à fotografia e cidadania. 

Detalhe do Palacete (Foto: Valério Silveira)
A residência do final do século XIX leva o nome de um dos mais importantes engenheiros do período, responsável pelas reformas do Palácio de governo Lauro Sodré (hoje, Museu Histórico do Pará) e da reforma do Teatro da Paz, que inclusive leva suas iniciais na construção. De fino trato e gosto, importou da fábrica de azulejos A. Arnoux e Boulanger & Cie, oitos painéis belíssimos. 

De acordo com informações do blog Parsifal 5.3, "o Palacete Vitor Maria da Silva, na Praça Ferro de Engomar, foi adquirido, no ano passado, por uma empresa de lojas de departamento de Belém, mas, inexplicavelmente, deixado ao relento. Não bastando a ação das naturais intempéries que sofre o imóvel, vem ele sendo vandalizado e o produto da ação dos vândalos deve estar tendo os mesmo destino dos postes de ferro de Belém, além de outros bens históricos subtraídos do patrimônio histórico da cidade"

Interior do Palacete (Foto: Michel Pinho)
Há muito tempo a população vê isso acontecer não só na capital, mas também no interior do Estado, e pelo qual, aliás, a maioria lutou pra não ser dividido. 

Azulejaria sendo depredada, Palacetes sendo derrubados, monumentos esquecidos. Caso você se indigne com esse descaso, não deixe de aparecer.  Vai ter também música, fotografia, intervenções urbanas, oficinas e poesia. 

Todos os eventos são gratuitos. Os organizadores reforçam no convite, que a História do Pará presente no patrimônio material esta sendo destruída. E perguntam: Você vai ficar parado? Organizado pela sociedade civil, arquitetos, historiadores, jornalistas, fotógrafos e demais profissionais em parceria com a Associação FotoAtiva, Associação dos Agentes de Patrimônio da Amazônia (ASAPAM) e o Instituto Peabirú, o ato público chama os cidadãos para participar ativamente do movimento. 

O Corteo do Bosque (Foto: Sonia Tavares)
Denúncias on line - Por isso, o movimento tem também como objetivo iniciar uma campanha ostensiva através das mídias sociais, imprensa escrita, televisa e radiofônica motivando a população a denunciar roubos, depredações ou descaso com os prédios, praças e monumentos. 

Denúncias feitas pelo twitter e Facebook já estão acontecendo. Uma delas mostra o Coreto Chinês do Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, danificado, assim como aos poucos os casarões dos bairros da Campina, da Cidade Velha e do Comércio, também vão sendo descaracterizados.

Prédio do Bradesco (Foto: Octavio Cardoso)
A outra revela que o Edifício localizado na Av. Nazaré, Largo do Redondo, reformado no início do século XX pelo engenheiro arquiteto José Sidrim como residência do Sr. Lopo de Castro, atualmente sede de um Banco, também está tendo seus preciosos azulejos retirados na surdina. 


Serviço 
O Ato Público terá início no sábado, 04, às 20h, com uma intervenção urbana de artistas paraenses. No domingo, 05, pela manhã, a programação começa às 9h30, e contará com apresentações de fotovaral, música e poesia, além de palestras itinerantes sobre o entorno do Casarão Vitor Maria da Silva. Todas as atividades são gratuitas e as inscrições serão feitas somente no local. Na Praça Ferro de Engomar - Rua Arcipreste com Presidente Pernambuco.

(com informações da ASAPAM, Instituto Peabirú, Fotoativa)

Um comentário:

Diogo Monteiro disse...

Não esqueçamos também de uma das estátuas de bronze da Praça da República, no encontro da avenidas Assis de Vasconcelos com a Gama Abreu, Pres. Vargas, Nazaré e Serzedelo Correa, a que representava uma mulher com asas circulares nas costas. Havia visto esta estátua arrancada do pedestal de pedra, colocada deitada ao chão em um dia e no outro simplesmente sumiu. Alguém tem alguma informação sobre o paradeiro dela?