10.2.12

Tropical é tudo ao mesmo tempo e sem fronteiras

Dj Bernardo Pinheiro: 10 anos na pista
A 26ª edição da festa, que acontece nesta sexta-feira, 10, no Café com Arte, traz como principal atração a Fulerage Band, uma fanfarra momesca tocando os maiores hits de todos os carnavais, além de um super time de DJs. No porão, o som de Azul (Música Paraense.org), Damaso (Se Rasgum) e Marcel. Na pista 1, tem Michelli Byanka tocando latinidades, música brasileira e moonbahton e Morcegão, com um set especial de reggaton, além de Bernardo Pinheiro, DJ Residente e um dos criadores do Baile Tropical. A frase que intitula esta postagem é uma convicção dele. 

Diversidade de sotaque brazuca talvez traduza bem a proposta do Baile Tropical que segundo Bernardo Pinheiro “é mostrar que é possível reverter a lógica de que o que é bom vem da cultura anglo americana,  vem de fora e temos que engolir. O baile tem como protagonista a música e a cultura do Norte e Nordeste do Brasil, sendo mostrada junto a seus equivalentes do mundo todo”, diz. 

Há uma década atuando nas pistas dançantes do país, ele diz que a invenção do Baile Tropical, em 2010, surgiu em Belém e dos interesses em comum entre ele e um outro Dj, o baiano PatrickTor4. “Conversávamos sobre fazer uma festa e eu tinha a proposta de fazer um baile, no sentido de uma festa pra se dançar junto, com músicas não óbvias, surpresas desenterradas do baú e coisas modernas pop do Brasil e do mundo”, explica Bernardo. 

“Patrick imaginou o Baile Tropical como o evento com a cara da música do norte e nordeste do Brasil, se referenciando na nossa cara da periferia que a classe média tem vergonha de assumir, e mostrando o potencial pop dessa nossa musicalidade junto com seus equivalentes em todo mundo”, complementa. 

Patrick Tor4
Assim, nesse baile rolam coisas que vão “do funk 70`, cumbia digital, salsa, ragga, hiphop, samba, funk carioca, kuduro, dub, tecnobrega, baião, afoxé, raggaeton, soka, zouk, jungle, house, drum n` bass, soul, sambarock, afrobeat, nujazz e broken beats ao acid jazz”, avisam no blog atualizado com postagens desde a primeira festa. A 27ª , aliás, já está lá, será em Recife.

Dj e produtor musical, com projeto autoral, o Cumulus Groove, Bernardo Pinheiro também faz parte dos coletivos Bassemotion, “voltado para as batidas quebradas do drum'n'bass / breakbeat”, define, e o Cotonete, “que foi o coletivo pioneiro na cena paraense”, diz. Paralelamente ao mundo da música, ele ainda é diretor de arte em uma agência, revelando um dinamismo que de certo leva para seus sets. 

Depois de residir em São Paulo, entre 2006 e 2009, Bernardo voltou para Belém com experiência de quem tocou em clubs diversos da cena paulista e com Djs do naipe, por exemplo, de Mau Mau. Suas influências são de muitas vertentes, resultando num ecletismo que ele diz ter herdado na veia. 

“Meu gosto pela música já vem bem antes disso, vem de família, pelo meu pai, Alberto Pinheiro, Dj na década de 70 e 80, e minha tia, a cantora Leila Pinheiro. Então o envolvimento com a música sempre foi intenso. Já toquei em banda antes. Então levo comigo influências de diversos lados da música, o que é muito importante na hora de produzir”, diz o ex-guitarrista da Thiberian, banda de garagem que tocava dos hits dos anos 80 a 90 aos clássicos do rock and roll.

Azul
Em entrevista para o blog, Bernardo diz que acredita no circuito de festas alternativas como fomentadoras de espaços para a profissão de Dj. “Movimenta a cena sem dúvida Agora se pra bem ou para o mau, essa é a questão”. É que o aquecimento da cena também traz um lado menos positivo. 

“Criar um coletivo pra tocar o que é modinha porque os outros acham legal ou hype, eu não acho legal”, alerta. De forma perigosa, essas situações acabam, na opinião de Bernardo, dividindo espaços ou mesmo tirando os de quem “já tá ralando há tempos, e digo isso não só por quem está tocando e sim pra quem está ouvindo, ou seja, o próprio público, que pra mim na sua maioria colocam a música em segundo e até em terceiro lugar às vezes quando saem pra se divertir”. 

Bernardo também chama atenção para uma característica que ele considera fundamental em qualquer DJ, o seu envolvimento com a música. “Atualmente todo dia alguém vira Dj por puro modismo ou somente pra tentar ganhar dinheiro, são os chamados Djs BBBs, em que a imagem prevaleceu. Donos de casas e boates, não querem saber se você tocar bem ou não e sim se a sua imagem vai lhe dar casa cheia. Hoje, o tempo é do controlador, do pad eletrônico, discotecar com ipad. Viva ou não a tecnologia!”, dispara e conclui. 

Conquistando um público latino, diverso e por isso mesmo, caliente, o Baile Tropical chega ao seu segundo ano de atividades, tendo passado por 15 cidades de quatro países, “unindo em uma mesmo line up, bandas e djs de lugares como Bulgária, França, Argentina, Chile, Brasil, Colômbia, Gana, Marrocos, Itália entre outros”, agora sim, finaliza Bernardo. 

|Serviço|
Para sacar mais do Bernardo, acesse: http://bernardopinheiro.official.fm/ e www.soundcloud.com/bernardopinheiro. Para ir à festa pagando menos, envie seu nome pelo e-mail tropicalbaile@gmail.com e entre na lista dos R$ 15,00. Ou pague R$ 20,00, na porta e curta o show do bloco Fulerage Band e as pickups da pista 1, com Bernardo Pinheiro, Michelli Byanka e Morcegão, e da pista 2, com Azul, Damaso e Marcel. A partir das 23h, no Café com Arte - Rui Barbosa, com a Braz. Mais informações: http://bailetropical.wordpress.com.

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