14.2.13

O jogo de transformação no Café Fotográfico

A elaboração e reelaboração do sujeito e a tentativa de encontrar o limite entre o eu e o outro pontuam fotografias, vídeos e instalações da exposição “Somos Muitos”, dos artistas visuais Luciana Mena Barreto e Marcelo Gobatto, convidados do Café Fotográfico do mês de fevereiro. No dia 19 de fevereiro, às 19h, no Centro Cultural Brasil Estados Unidos (CCBEU). 

A velocidade das comunicações, aliada ao avanço da tecnologia e à valorização das imagens, traz ao indivíduo identidades múltiplas e transitórias que se formam e se transformam diariamente e são assumidas como máscaras, as quais se definem nas relações com o outro. 

O tempo é a prova de que esses papéis incorporados pelo sujeito são temporários e efêmeros. Na exposição "Somos Muitos", o tempo e esses variados papéis individuais ou coletivos são incorporados no jogo social e se revelam no trabalho de Marcelo e Luciana.

Ele é artista visual e vive entre Porto Alegre e Rio Grande, onde é professor do Curso de Artes Visuais da FURG - Universidade Federal de Rio Grande, coordenando o Grupo de pesquisa ncorpoimagem. É doutor em Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS e, desde 1988, atua como produtor e diretor de audiovisuais. 

Em sua obra, a alteridade se apresenta a partir da investigação sobre o tempo, que se inicia no ano 2000, quando realizou a instalação “Já não há mais tempo”. Na obra “Incompossibilidades” (vídeo, 2002-2012), problematiza a experiência do tempo e o movimento, a partir de sua performance. O vídeo “Dia” (2012) tem como mote o cotidiano e é realizado com o uso de procedimentos fotográficos na captação da imagem. 

De sua produção recente, apresenta ainda a série de fotografias “Identicus” (2011-2012), realizada com a apropriação de mug shots (retratos usados para identificação policial desde o século XIX - geralmente feitos de frente e perfil) encontrados na web. “Marcello” (2012) é um tríptico fotográfico que mistura autorretratos e imagens que remetem ao álbum de família e stills do cinema. 

Já Luciana, também artista visual, se interessou pela fotografia a partir da dança. Entre 2004 e 2009, realizou uma série de registros de espetáculos de dança, teatro e música. Sua foto documental se caracteriza pela expressividade e rigor com que trata a luz e a composição. Em viagens feitas pela América Latina, mostrou paisagens pouco conhecidas e retratos dos povos. 

Em 2009 ela inicia uma série de fotos da cidade a partir de suas derivas e no ano seguinte, a partir de um curso de repertório realizado com Jaqueline Joner, vem desenvolvendo uma pesquisa com retratos e autorretratos, em que se concentra nas possibilidades formais e expressivas, fixando-se na problemática da identidade e da alteridade. 

Luciana acredita que o rosto particulariza a identidade na fotografia, e vai ao caminho inverso ao retratar seu corpo acéfalo para situá-lo no território da indefinição. Na série “Acéfalos” (2010-2011) - composta pelas obras “Anima”, “Animus”, “Sem título” e “Personas”-, a artista apresenta autorretratos em situações-limite e, ao mesmo tempo, cotidianas. 

Em “Branco” (2010), sua obra dialoga com a fotografia surrealista e a questão do informe. 

No tríptico “Tijolo” (2010), apresenta um olhar que desconstrói o retrato que se crer capaz de revelar a identidade única do sujeito. Em “Sofisma” (2012), um díptico, seu rosto é borrado e a fotografia se torna indiscernível como tal, tangenciando o desenho e o conceito de imagem digital. 

Serviço 
Café Fotográfico com Luciana Mena Barreto e Marcelo Gobatto. No dia 19 de fevereiro, às 19h, no auditório do CCBEU - Tv. Padre Eutíquio, 1309, bairro Batista Campos. Realização: Associação Fotoativa. Informações: 91 3225-2754 / http://projetosomosmuitos.wordpress.com.br. Entrada franca. 

(com informações da assessoria de imprensa do evento)

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