6.3.13

Turnê do show "A Fim de Onda" começa por Belém

Luê Soares acaba de gravar o primeiro CD “A Fim de Onda”, com o apoio da Lei Semear - Governo do Estado do Pará e patrocínio do Programa Natura Musical. O show de lançamento acontece no final desta semana, dia 9 de março, às 21h, no Theatro da Paz e os ingressos já estão á venda na bilheteria do teatro por R$ 10,00.

Luê chegou esta semana de São Paulo e já cumpre, em Belém, agenda de entrevistas para o lançamento do disco. Ao Holofote Virtual, ela falou sobre o momento da carreira, as novas parcerias que o disco lhe traz e muito mais. 

“A Fim de Onda” tem tudo pra ser bem recebido pelo mercado e conquistar público em todo o país. Tem direção musical de Betão Aguiar e participações de Curumim, Arnaldo Antunes, Guizado, Alipio Martins, Jesus Couto, Ronaldo Silva, Junior Soares, entre outras. Foi gravado na capital paulista, onde a cantora praticamente está morando em função desta nova jornada.

O CD "A Fim de ONda" é também o primeiro dos oito discos que serão lançados este ano com apoio da Lei Semear e patrocínio do Programa Natura Musical, que em novembro do ano passado abriu edital específico no Pará. Este ano ainda teremos o lançamentos de Mestre Solano, Cabloco Muderno, Ronaldo Silva, Felipe Cordeiro, Juliana Sinimbú, Camila Honda e Natália Matos, além do novo trabalho de Lia Sophia, que já havia recebido o patrocínio do programa para seu quarto CD, que tem previsão de lançamento em abril.

Festa do Natura Musical, com Felipe Cordeiro, em Sampa
Luê é talentosa. Tocando rabeca, ela manifesta força rara no palco e possui uma voz encantadora, tão charmosa quanto o instrumento que impunha. 

O show que ela mostra nesta sábado, 9, tem direção musical de Felipe Cordeiro, que também participa do disco, e traz uma leitura particular dos ritmos como o carimbó, guitarrada e o zouk (gênero musical originário das Antilhas que é muito comum na região), entre outros, mas há espaço para o flerte com o soul e o universo pop.

O repertório, porém, vai além das canções do disco. Vai ter, claro, a faixa-título “A Fim de Onda”, e outras como “Nós Dois”, que conta com a participação do pai, Junior Soares, e “Prática”, que no CD teve Edgar Scandurra como convidado. Mas ela vai cantar ainda "Lua Namoradeira”, de autoria de Dona Onete, e “Namoradinha de um amigo meu”, homenagem a Roberto Carlos. As demais são surpresa.

“Quero mostrar pra todo mundo meu trabalho, divulgar ao máximo e fazer chegar na maior quantidade de pessoas possíveis. Penso que é tempo de aproveitar o momento e a felicidade de estar subindo no palco com um show que acredito muito e por enquanto é um grande plano que já vai exigir bastante”, diz Luê.

Cantar no Theatro da Paz, aliás, é um sonho que se realiza para ela, que estará acompanhada pelos músicos Felipe Cordeiro (guitarra), Klaus Sena (baixo), Artur Kunz (bateria) e Caetano Malta (guitarra). “Fiz questão estrear em casa, no Theatro da Paz. Depois seguimos pro Rio de Janeiro, no Solar de Botafogo, dia 20 de março, São Paulo e Salvador, ainda em abril”, diz a cantora.

Luê tem formação musical clássica em violino, fez parte da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFPA (OSUFPA), mas sempre teve um pé na música popular, isso também devido à influência familiar. 

Filha do músico Junior Soares, um dos fundadores do Arraial do Pavulagem, e com trabalho mergulhado nas sonoridades da região bragantina, ela cresceu vendo as esmolações de São Benedito, ouvindo e dançando os ritmos que embalam a Marujada de Bragança, cidade do litoral atlântico paraense. “Ela está encontrando o caminho dela, tem personalidade e feeling. Aconselho, mas deixo que ela tome as próprias decisões”, diz o pai, Junior Soares que faz a produção executiva do show em Belém.

Paralelamente a turnê, a produção da cantora também já articula um clipe e a gravação de faixa extra para distribuição na internet, a fim de divulgar mais o trabalho. Paralelamente, ela pretende continuar pesquisado e compondo, já pensando adiante, nos próximos CDs. “A Fim de Onda” será distribuído em todo país ao longo do mês de março e nos shows por onde a gente passar.  Quem quiser conferir, pode encontrá-lo em Belém, nas lojas Ná Figueiredo, mas também na Livraria Saraiva, Livraria Cultura, Itunes Store e Oi Rdio nos outros estados brasileiros. Custa R$ 25,00.

Holofote Virtual: Teu disco faz parte desta leva de projetos que sairão pelo programa Natura Musical, no Pará. Como você vê esta política de patrocínio? 

Luê Soares: A Natura é um patrocinador muito atencioso e cuidadoso com os artistas, sou muito feliz de fazer parte do programa Natura Musical e desse time de peso. 

É realmente uma honra ser uma das primeiras apostas deles no Pará, principalmente por ser uma escolha direta, antes mesmo do edital que saiu agora. Acreditaram na minha música e me deram condições de fazer tudo com muita liberdade, o que acredito ser o ideal quando se propõe fomentar a cadeia produtiva da música. Para uma cantora nova como eu, não poderia ter uma maneira melhor de começar uma carreira, com alguém sonhando junto e ajudando a viabilizar aquilo que acredito. 

Holofote Virtual: Tens uma intensidade muito legal no palco. A rabeca é um charme a mais. Estudastes violino dos 9 aos 21, mas foi a rabeca que aconteceu no palco... Tens a veia bragantina da tua família (é minha terra também, sabia?). Fala um pouco dessas e outras influências neste primeiro trabalho. 

Luê Soares: Que legal que você é de lá! Vai entender do que estou falando (risos). Bragança me influencia muito musicalmente, sem dúvida. Cresci vendo de perto os festejos da marujada e claro que, o contato com todos os ritmos e sonoridades de lá, serviram como uma base bem sólida para minha música hoje. As rabecas dos mestres despertaram a minha curiosidade, também por conta da semelhança com o violino que eu já tocava. 

Quando comecei a cantar percebi que a rabeca encaixava melhor e realmente, nos shows, quando a toco, sinto que é um momento especial também para a plateia. O fato de ser filha de músico também abriu muito a minha cabeça para outras influências, em casa se ouvia de tudo, de Led Zeppelin a Geraldo Azevedo, entre tantos outros. Além dessa base caseira que já estava formada, ampliei os horizontes para música que vem sido feita no mundo, ouço de tudo e não vejo limite para se criar música a partir do que encontro ao meu alcance, no meu entorno. 

Luê e Betão
Holofote Virtual: E tem gente super peso participando do disco. Fala um pouco dessas parcerias com Betão, Guizado, Arnaldo Antunes, Curumim. Gravastes também Alipio, Jesus Couto e parceiros como Felipe Cordeiro, teu pai e o Ronaldo Silva. Para um primeiro trabalho, estás super bem acompanhada... 

Luê Soares: O Betão é um produtor que eu já admirava pelo trabalho nos dois projetos que considero os mais bacanas da carreira do Arnaldo Antunes. 

Ele assina a produção do "Ao Vivo no Estúdio" e "Ao Vivo Lá em Casa", além de ser um músico muito criativo da família dos Novos Baianos (outra boa referência pra mim), tem um trabalho de pesquisa com cultura popular lindo e me convidou para um projeto em 2011 chamado " 4 Cantos", um vídeo em que cantei "Brasil Pandeiro" (Assis Valente) com diversos outros interpretes. 

Nessa ocasião surgiu uma parceria muito bacana entre a gente. Ele, que acompanha essa turma toda em trabalhos diferentes, me possibilitou entrar em contato com alguns desses nomes (Arnaldo, Guizado e Curumin). Ele soube aproveitar o melhor do que vinha fazendo nas minhas experimentações pré-disco. Com certeza não poderia estar melhor acompanhada para esse início. 

Foi muito bacana o processo com todos eles, cada um que participou do disco trouxe sua personalidade com muita leveza e alegria, a mistura de músicos de Belém com os de SP acabou resultando em algo inesperado pra mim e que rendeu muito aprendizado no processo.

Holofote Virtual: Tô a fim de onda já é hit. Toca direto nas rádios. Mas ouvindo o disco percebe-se o potencial de várias outras músicas... 

Luê Soares: Sou suspeita para falar sobre isso, mas fico feliz que tenha essa impressão. Pra mim o que importa é que as músicas toquem as pessoas de alguma maneira, se isso tem potencial para virar hit no mercado da música de hoje, já são outros quinhentos, depende de muitos outros fatores que vão além do talento e do gosto das pessoas.

Holofote Virtual: Como foi a escolha desse repertório? 

Luê Soares: Algumas coisas eu já vinha cantando e pré-produzindo por aqui, músicas do nosso universo paraense: Junior Soares, Ronaldo Silva, Alípio, Felipe, etc... Com a chegada do Betão tive contato com outros autores. André Carvalho, por exemplo, foi um que me encantou muito no jeito de escrever e criar as melodias dele. Além disso, teve o lado de compositora que começou a surgir numa primeira parceria com Felipe, a música "Se Colar", que depois Betão ajudou a terminar.

Pretendo sempre cantar as musicas que me façam sentir bem e que me identifico com as mensagens, não quero ficar dependente da minha própria criação para dar continuidade na minha carreira. Amo interpretar aquilo que sinto de verdade, hoje meu lado interprete está bem forte, amanhã pode ser que o lado compositora aflore mais. 

Luê, em foto do show "Tu, Já Rainha"
Holofote Virtual: O disco está pronto. Vais iniciar uma turnê com o show, iniciando por Belém. O que mais vem por aí, a fim de um resultado nacional pra tua carreira?

Luê Soares: Estou trabalhando com a Pessoa Produtora, escritório de São Paulo que fez um trabalho muito bacana com o Marcelo Jeneci, junto ao Natura Musical, em 2010. A minha expectativa é de circular sim. Tenho passado bastante tempo fora de Belém exatamente para tentar abrir novas frentes e vivenciar novas trocas. 

Ano passado tive oportunidade de fazer uma turnê por 11 cidades do norte, antes mesmo de lançar meu disco e acredito que o Brasil e o mundo querem ver e ouvir o que tem sido feito no Pará. 

É nisso que estou investindo, quero viajar muito aqui e fora do Brasil, mas também quero tocar no interior do estado e quantas vezes puder em Belém. Acho que para formação de uma pessoa, seja qual for a área que ela escolher, circular por outros lugares amplia muito a visão das coisas, mas graças a Deus, minha raiz é paraense e isso nunca vai mudar. 

Holofote Virtual: Como tem sido a parceria com o paizão? Ele sempre te incentivou a cantar, tocar? 

Luê Soares: Sempre me incentivou muito, desde pequena, inclusive nas aulas do conservatório era ele quem me estimulava. Ele me acompanhou tocando violão e dirigindo a banda até agora, nos shows de lançamento não poderá seguir comigo por conta da agenda dele e do Arraial. Mas é uma delícia cantar, olhar pro lado e ver ele me dando todo suporte. Além de pai é um grande amigo. 

Holofote Virtual: O que tu gostas de ouvir? Na verdade teu ouvido musical fica evidente no disco... é diverso! 

Luê Soares: Isso varia bastante, ouço de tudo. Em cada fase me interesso mais por uma ou outra coisa. Nesse momento tenho escutado muito os álbuns "Transa" e "Abraçaço", do Caetano; o disco novo da Céu "Caravana Sereia Bloom"; faixas avulsas do RadioHead, Charlotte Gainsbourg, Beirut, Bjork, entre muitos outros. 

Nunca deixei de escutar musica clássica em geral, me inspira... Recentemente fui ao show da Baby do Brasil e fiquei impressionada com a entrega dela para a música, uma aula. Mas na verdade ouço muito mais coisa do que cabe num disco, nem tudo influenciou diretamente no resultado do "A Fim de Onda". 

Holofote Virtual: Tua opinião sobre o interesse nacional pelas sonoridades do Pará... 

Luê Soares: Acho que o que mais me chama atenção da nossa cena atual é que somos muito diversos, tem de tudo aqui. É fato que vivemos um momento especial, mas não diminui em nada tudo que se produziu em outras épocas. São frutos de muitas sementes bem plantadas e regadas nos últimos 30 anos, pelo menos. Temos mesmo uma musicalidade rica que surpreende muita gente. 

O Terruá Pará foi um brilhante exemplo disso, sou muito grata por ter participado de duas edições, isso com certeza abriu muitas portas para o meu trabalho. Agora, independente da "boa fase" que vivemos na mídia, em todos os lugares, sinto que ainda tem muito trabalho para ser feito, não da pra achar que tem jogo nenhum ganho. Perigoso também achar que existe uma fórmula mágica para o sucesso. Na minha opinião o que aconteceu com Gaby e Felipe, por exemplo, é fruto também do trabalho duro deles (que acompanhei de perto), não apenas desse boom da cultura paraense dos últimos anos.

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