16.5.13

Da Tribu lança "Itá” no Museu Emilio Goeldi

Diários de pedra, telúricas telas onde inacessíveis grupos humanos inscreveram sua organização social. Assim a arte rupestre, com seus motivos que guardam a força das nascentes e traços donde brotam a humana linguagem, transmuta-se em registro material de visões de mundo e formas de viver. Amplificando a voz de rochas existidas por civilizações pré-históricas, a Da Tribu (participando agora do coletivo Criar Amazônia) lança, nesta quinta-feira, 16, no Museu Emilio Goeldi, a coleção "Itá".

A inspiração para as peças da nova coleção da marca paraense veio do acervo de arte rupestre do museu, escavado no município de Monte Alegre, localizado no noroeste do Pará. "Essa coleção foi inspirada na pesquisa da Edithe Pereira, arqueóloga que vem estudando há 20 anos a arte rupestre naquela localidade. 

Ela que lançou o convite para participarmos dos projetos, no que de pronto, aceitamos. Pra mim, o mais lindo disso é 'borrar' essa fronteira existente entre dois conhecimentos humanos que parecem tão distantes, mas que tem pontos de contato - no caso, a arte e a ciência", aponta Kátia. A designer, que desenvolve um trabalho meticuloso na composição de suas peças, contou com a parceria do artesão Rui Nascimento.

Assim, as peças da Da Tribu, sempre tão cheias de inventividade, conseguiram transmutar o rústico em contemporâneo, mantendo um acabamento único. Kátia conta que nessa nova coleção, uma preocupação marcante é quanto a valorização e preservação do patrimônio arqueológico e do meio ambiente. "Itá, que em Tupi significa pedra, traz os traços e as cores da terra, as vozes silenciadas da antemanhã amazônica.

Buscamos estão como conceito a simbologia ancestral da aurora do homem amazônico, inscrevendo-a em outras superfícies e com materiais sustentáveis, fazendo um link entre o passado e o presente - com vistas ao futuro", explica a artista. Ela fala ainda do Criar Amazônia, grupo de artistas amazônidas com produção voltada para a sustentabilidade e economia criativa.

“Das seis marcas que integram o grupo, quatro foram convidadas a desfilar suas coleções no Museu Goeldi. Nosso objetivo é fortalecer os laços, divulgar nossos produtos e buscar a valorização da nossa Amazônia”, ressalta a designer da Da Tribu. Os materiais utilizados na coleção "Itá" são basicamente resíduos da indústrial têxtil.

"Usamos muitos tecidos e rolos internos de papelão, materiais que tem certa durabilidade", enfatiza Kátia, informando ainda que as peças, que vão desde braceletes, aneis, pulseiras, levaram um mês para se confeccionadas e marcam a primeira colaboração efetiva entre ela e Rui.

"Estamos num namoro criativo desde o princípio deste ano e no caso dessa coleção, já se percebe seus traços e contribuição, ficando sob a responsabilidade dele as pinturas rupestres. A próxima coleção que estamos elaborando está sendo chamada de "Calor" e estamos desenvolvendo peças em cima dessa poética, usando materiais como látex, papelão, crochê, numa palheta de cores mais quentes e africanas", anuncia Kátia Fagundes.

A Da Tribu é um empreendimento familiar que atua no setor da moda, especificamente na produção de acessórios. Os fios, tecidos e produtos reutilizáveis constituem a matéria prima com a qual a Da Tribu cria e produz suas peças exclusivas mergulhada em um conceito da Moda Sustentável. 

Serviço
‘Da Tribu’ lança a coleção Itá na abertura da exposição "Visões – Arte Rupestre de Monte Alegre". Nesta quinta-feira, 16 de maio, a partir das 19h, no Pavilhão de Exposições Rocinha do Museu Emilio Goeldi (Av. Magalhães Barata, 376).

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