12.8.13

Iacov Hillel transforma "Elixir" em conto de fadas

Elixir traz aspectos da ópera búfala, diz Iacov
Iacov Hillel esteve em Belém em 2002 para dirigir “O Palhaço”, de Ruggero Leoncavallo, no Festival de Ópera do Theatro da Paz. De volta à capital paraense para a 12ª edição do evento, ele é quem dirige a ópera “Elixir de Amor”, do compositor italiano Gaetano Donizetti, que faz nesta segunda-feira, 12, a partir das 20h, sua última récita para o público. 

Na última sexta-feira, 09, Iacov deu uma palestra na Escola de Teatro e Dança da UFPA, fruto de uma parceria da universidade com o Governo do Estado, que busca ampliar as ações do evento. Os alunos da ETDUFPA ouviram a fala do mestre e puderam conhecer melhor o trabalho que ele desenvolve, além de saber mais sobre os bastidores de uma montagem no festival de ópera. 

Para cada ópera, o diretor sempre pensa em uma procedimento diferente. Desta vez, para a comédia romântica de Donizetti, ele trouxe para o público uma história em clima de contos de fadas. Para isso ele conta com a experiência de Jose de Anchieta, cenógrafo com quem trabalha desde a adolescência em montagens diversas, por todo o Brasil, e que assina este ano a cenografia de Elixir. 

“Existe a parte conceitual, firme, que tem a ver com o enredo da opera. ‘Elixir’ é uma ópera linda, tem até mesmo aspectos de ópera bufa, quando os personagens tem características exageradas. Mas temos que estudar o que podemos focar e agora pensei em enaltecer o ser humano e seus afetos. Quis fazer em Belém, um conto de fadas”, explica Iacov. 

Dança, música, canto e teatro. Tem tudo na ópera!
Ele conseguiu. Quem já foi ver a ópera, apresentada também no sábado, 10, constatou e entrou nesta atmosfera alimentada ainda pela iluminação também criada por Iacov. O diretor israelense, que chegou ao Brasil aos cinco anos de idade, é um nome importante na história do teatro brasileiro. 

Além de dirigir espetáculos de teatro de prosa e de teatro para operas, ele também é responsável pelos projetos de light design dos espetáculos que monta. Em 1982, ganhou o prêmio Moliere de Teatro, sendo consagrado pela crítica.

“É uma honra sempre poder trabalhar no Theatro da Paz, um espaço de muita generosidade para o artista, com uma acústica perfeita, ele é sonoramente maravilhoso. Essa generosidade se repete com o povo de Belém e com os profissionais do teatro. O resultado é uma pintura de arte para teatro!”, diz o diretor, elogiando o trabalho da equipe de cenotécnica do teatro, comanda pelo experiente Ribamar Diniz, técnico do Theatro da Paz, que vem se destacando a cada ano de festival. 

Hillel é exigente: nos ensaios com os solitas, por exemplo, além da voz, quer ver a performance teatral, a expressão do corpo em harmonia com a expressão vocal. Durante os ensaios de “Elixir”, ele mostrou como cada um deve atuar de maneira a alcançar a concepção cênica imaginada por ele. 

Diretor exigente e talentoso
“Esta sendo muito bom poder trabalhar com a Carmen Monarcha e com o Atalla Ayan, esses artistas maravilhosos, daqui mesmo de Belém. O coro também esta excelente, sob a regência do maestro Vanildo Monteiro”, disse o diretor.

Além da intensa atividade nos palcos, Iacov tambem é professor na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). “Elixir de Amor”, com música de Gaetano Donizetti (1797-1848) tem na Direção Musical e Regência, o Maestro Emiliano Patarra, diretor musical do Teatro São Pedro, em São Paulo, que está regendo a orquestra formada pelos músicos da Fundação Amazônia de Música (FAM). 

O que virá - Depois do ar leve de Elixir, o festival ainda traz mais duas obras. Do autor italiano Giuseppe Verdi, o público assistirá “O Trovador”, que estreia dia 28, com récitas nos dias 30 de agosto e 1º de setembro, com regência será de Silvio Viegas, diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. 

“O Trovador” traz o ar romântico da cavalaria andante, passando-se na Espanha do fim da Idade Média, quando ainda eram realizados os torneios e os cavaleiros vestiam armaduras e cotas de malha. Dois arquitetos italianos são responsáveis pela criação, pintura e montagem do cenário, que faz alusão às referências arquitetônicas deixadas por Antonio Landi, arquiteto também italiano, autor de inúmeros prédios históricos e igrejas de Belém e recebe também homenagem pelos 300 anos de seu nascimento. 

De difícil execução vocal, a ópera será encenada por Walter Fraccaro, que já cantou no Teatro San Carlo de Nápoles, no Teatro Metropolitano de Nova York e outros internacionais; Eliane Coelho, que também está no elenco, vem sendo apontada como a maior cantora brasileira desde Bidu Sayão e Rodolfo Giugliani, barítono brasileiro, uma referência quando o assunto é Verdi, além da mezzo soprano Denise de Freitas. 

A terceira e última ópera da temporada será “O Navio Fantasma”, de Wagner, que terá estreia no dia 21 de setembro, com récitas 23 e 25 de setembro. É a primeira montagem de uma ópera de Wagner, no Theatro da Paz, sendo cantada em alemão. Ambientada em uma aldeia pesqueira da Noruega, conta a história de um navegador holandês que é punido por Deus por blasfemar contra seu nome, perdendo-se de sua pátria para sempre, a menos que surja em sua vida uma mulher que lhe seja plenamente fiel. 

Um conto de fadas, lindo de ver!
No elenco, Rodrigo Esteves, que interpreta o holandês do navio, e também se revela como um dos melhores cantores brasileiros, vivendo atualmente na Europa; o cantor russo Denis Sedov, a soprano Tati Helene e o tenor Ricardo Tamura. Um grande desafio também para os músicos, a obra de Richard Wagner será executada pelas OSTP, com regência de Miguel Campos Neto. 

DVDs, Master Class e Encerramento - As duas últimas óperas fazem parte das homenagens ao bi centenário de nascimento dos compositores Giuseppe Verdi e de Richard Wagner. Além disso, este ano o festival está lançando quatro DVDs, contendo as gravações das óperas Iara, Tosca, Carmina Burana e Espetáculos Selecionados, vai realizar, também, uma Master Class, no dia 26 de setembro, com Laura de Souza, na Igreja de Santo Alexandre.

Já o concerto de encerramento, aberto ao público, no dia 28 de setembro, no palco que tradicionalmente é montado em frente ao Theatro da Paz, contará com 100 músicos no palco, com a presença de Laura de Souza e Richard Bauer, especialistas em Verdi e Wagner, e da notável paraense Adriane Queiroz, que virá de Berlim direto para o evento. (Com informações de Dominik Giusti)

Serviço
XII Festival de Ópera do Theatro da Paz. Venda de ingressos para as óperas na bilheteria do teatro. Valores: Plateia, Varanda, Frisa, Camarote 1ª - R$ 60,00. Camarote 2ª e Proscênio PNE - R$ 50,00. Galeria - R$ 30,00. Paraíso - R$ 20,00. Horários da bilheteria: segunda a sexta-feira – 09h às 18h. Aos sábados – 08h às 14h e aos domingos – 08h às 12h. Nos dias de espetáculo até às 20h. Mais informações: 91 4009.8750.

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