13.9.13

A "Dança dos Sons" no Teatro Waldemar Henrique

O show de Delcley Machado Quarteto será logo mais às 20h, integrando a programação de aniversário do teatro Experimental de Belém e um dos únicos do país. Fundado em 1979, na virada para a década de 1980, ele completa na próxima terça-feira, 17, ele completa 34 anos de muita história. O músico, que está trabalhando em novo projeto bateu um papo com o blog e deu mais detalhes da apresentação que ele também leva para o Sesc Boulevard nas próximas semana.

“Vai ser, claro, um show de música instrumental”, disse Delcley Machado ainda pouco ao Holofote Virtual, enquanto aguardava o início da passagem de som. “Recebemos o convite do diretor, Salomão Habib, e temos muita honra de tocar aqui, em um teatro, onde podemos fazer nossos experimentos, tanto na estética quanto na musica. Este show é a única atração de música instrumental da programação”, diz o guitarrista.

No repertório, Delcley vai tocar músicas de dois CDs lançados por ele, enfatizando composições incluídas em “Temporal”, o segundo álbum gravado no início de 2009 no estúdio Ná Music, e lançado em 2011. O trabalho segue a linha da música instrumental e possui com cinco músicas autorais de Delcley, algumas em parceria com o letrista e escritor Jorge Andrade e com o músico Marcos Campelo.

“Também vamos tocar músicas que gostamos e temos afinidade. Estão no show, comigo, o Thiago Belém, na baterista, e o Edgar Matos, no piano. Mas a real intenção com isso é, como sempre, fomentar a música instrumental para que ela tenha mais espaço na cidade e no resto do estado”, comenta. 

No Sesc Boulevard, nos dias 18 e 25 de setembro, Delcley volta a se apresentar, mas avisa que será um show diferente. “No Boulevard vão tocar comigo outros músicos. Na bateria terei Edvaldo Cavalcante e no piano, Jacinto Kawhage”. 

Delcley Machado faz parte de uma geração de talentos que investe e acredita no potencial criativo da música instrumental. Iniciou sua trajetória na década de 80, não só tocando, mas também cantando, coisa que, aliás, ele está aprontando em um novo trabalho que começa a gravar em outubro deste ano, com patrocínio através da Lei to Teixeira. 

“O novo CD vai se chamar ‘Quintais’, um disco íntimo, que farei em parceria com compositores que gosto muito e também vou cantar, o que gosto muito mas que não tenho feito muito em função da musica instrumental. 

Estou fechando composições com Leandro Dias, Marcelo Sirotheau e Floriano, compositores que admiro. Estamos organizando as escritas, montando o repertório. Não é um processo tão rápido, mas em outubro isso já terá sido terminado e entraremos no estúdio”, afirma.

Delcley já integrou trabalhos diversos, passando pelo rock e pela MPB, mas faz questão de dizer que é no jazz que ele se ancora, embora não goste de se intitular um músico de jazz. “Não gosto de carregar este compromisso. O Jazz é uma música muito ampla, que não é nossa, vem de outro lugar e tem outros detalhes. Eu prefiro dizer que faço música instrumental e engrosso o momento para que ela volte com toda força para a cena da cidade”, diz.

O movimento da música instrumental em Belém sempre teve seus altos e baixos. Delcley acredita que precisa de mais engajamento dos músicos para isso e demanda de proejtos, inclusive incentivados pelos governos municipal e estadual. Por isso, quando não está fazendo show, às quartas-feiras ele costuma dar uma boa canja nas apresentações do Cumbuca Jazz, que tem tornado o bar Boiúna (Pariquis, entre Padre Eutíquio e Apinagés), um reduto também desse gênero musical, meio órfão desde que fecharam o Café Imaginário e o Baiacol Jazz Club.

“Acho louvável essa reunião de toda quarta-feira e gosto de estar junto, participar, pois acredito que ajudo a fomentar a música instrumental na cidade. Já tivemos mais e agora está na hora de uma nova retomada, de que a política cultural que tem injetado ânimo em diversos outros estilos, olhe também para o instrumental. O público está procurando e se interessando. Acho que tem muito rock de garagem e folclore ocupando um espaço que pode ser o da música instrumental. Nada contra, mas é preciso valorizar também a música mais elaborada”, finaliza.

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