14.10.13

Casa das Onze Janelas expõe coleção fotográfica

Cílios, 2011_de Cris Bierrenbach
Aberta na última sexta-feira, 11, segue na Casa das Onze Janelas, a mostra Coleção Itaú de Fotografia Brasileira. Com curadoria de Eder Chiodetto, a exposição reúne 63 obras realizadas entre o final da década de 1940 e os dias de hoje, estabelecendo um espelhamento lúdico entre obras modernistas e contemporâneas com foco na representação fotográfica experimental. Pode ser visitada até 15 de dezembro.

Especialmente para Belém, o curador Eder Chiodetto selecionou obras de artistas paraenses como as imagens feitas em filme infravermelho Caraparú e Fé em Deus, ambas da série Nightvisions, de Luiz Braga, e o vídeo em looping Partida, de Alberto Bitar (veja mais informações abaixo). Entre as novidades, ainda há cinco obras inéditas: Piscina, do paulista Carlos Fajardo; Sem Título (Série Fábula), do baiano Caetano Dias; Herhanhus Anmes (Sun Flower), Hydranges Macrophylla (Flora Maistrallis) e Seashore Casica (Penwshon Flower), do paulista radicado em Nova York, Vik Muniz. 

“O processo curatorial tem como essência pesquisar a ressonância da fotografia modernista experimental, praticada com ênfase entre os anos de 1940 a 1960, na fotografia contemporânea brasileira”, observa Chiodetto. “A exposição contém obras que ilustram os dois períodos, mostrados lado a lado, para instigar a leitura conceitual e estética e ilustrar como o período modernista ressoa na produção contemporânea”, completa. 

Segundo Chiodetto, a Coleção Itaú de Fotografia Brasileira não segue uma cronologia para estabelecer um espelhamento lúdico, evidenciando as relações formais e uma atitude libertária diante da representação fotográfica presentes nos dois períodos. “Optamos por uma seleção de obras distinta das outras cidades pelas quais a mostra já passou, visando a reforçar especialmente o caráter do experimentalismo”, explica. 

Série Paraíso, 2001 _ 2005_de Albano Afonso
No campo experimental, uma produção singular é a do paulista Geraldo de Barros (1923-1998), com experiências que incluíam fotomontagens, colagens e intervenções no negativo que resultavam em abstrações e formas. Na mostra, Barros está representado por quatro obras: Cadeira Unilabor, Homenagem a Paul Klee, Sem Título e Cemitério do Tatuapé. 

A partir do final dos anos 1940, vários fotoclubistas como José Yalenti, José Oiticica Filho, Rubens Teixeira Scavone e Thomaz Farkas – todos presentes na exposição – enveredaram por esse caminho que levava à busca de uma linguagem autônoma, criando um período mais consolidado do que podemos chamar de fotografia experimental. Com o fim da ditadura militar e o processo de democratização formou-se uma retomada mais livre da produção artística na fotografia. 

Três autores serviram de guias dessa nova fase: Miguel Rio Branco, Mario Cravo Neto e Claudia Andujar, também presentes na mostra. “Realismo e ficção se mesclaram de tal modo em suas obras que uma espécie de vertigem passou a ser a melhor forma de encontrar uma raiz definidora da estética e da visão de mundo propiciada por esses trabalhos”, finaliza o curador. 

A nova geração seguiu esses passos que se refletem na produção de jovens artistas num território expandido em que a fotografia se mescla com outras linguagens como escultura, vídeo, performances, pintura e gravuras. Isto pode ser exemplificado pelo já citado Partida, de 2005, do belenense Alberto Bitar. 

Apresentado na mostra no Rio de Janeiro e na última Bienal de São Paulo, o vídeo, que será exibido numa sala exclusiva na Casa das Onze Janelas, explora um único retrato que foca o rosto de várias pessoas dando um close em cada um até que se abre e revela a imagem por inteiro formada por um grupo de pessoas que espera a partida em uma plataforma de trem. 

 Fé em Deus_Série Nightvisions, 2006_Luiz Braga
A Coleção - Iniciado há mais de 60 anos pelos fundadores do Banco Itaú, o acervo conta hoje com 12 mil obras entre pinturas, gravuras, esculturas, fotografias, instalações e as peças das coleções Itaú Numismática e Brasiliana Itaú. Gerenciado pelo Itaú Cultural, cobre toda a história da arte brasileira, com peças referenciais de cada movimento e estilo. 

“A realização de mais esta mostra faz parte do esforço permanente do Grupo Itaú para que o grande público tenha acesso aos diferentes recortes de sua coleção”, observa Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. 

Em 2011, o Itaú Cultural realizou 14 exposições itinerantes vistas por mais de 320 mil visitantes: Coleção Brasiliana Itaú (em Fortaleza, Brasília e Curitiba), Fotografia Modernista (em Belém, Paraguai e Cidade do México), Brasiliana Fauna e Flora (no Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai), O Egito Sob o Olhar de Napoleão (no Espaço Memória/SP), Arte Cibernética – Acervo de Arte e Tecnologia do Itaú Cultural (em Porto Alegre) e 1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú (em Belo Horizonte e Rio de Janeiro). 

No ano passado, o instituto realizou 15 itinerâncias, considerando somente as mostras de arte visuais fora de São Paulo: Coleção Itaú de Fotografia Brasileira (Paris e Rio de Janeiro), Brasiliana Fauna e Flora (Espaço Memória/SP), O Egito Sob o Olhar de Napoleão (Fortaleza e Brasília), 1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú (Curitiba), Moderna para Sempre (Ribeirão Preto), Coleção Itaú Cultural de Vídeos e Filmes (Belo Horizonte), recortes da mostra dos trabalhos selecionados pelo Rumos Artes Visuais 2011/2013 (Goiânia, Belém, Joinville e Recife), Sob o Peso dos Meus Amores – Retrospectiva de Leonilson, em Porto Alegre, Arte Cibernética – Acervo de Arte e Tecnologia do Itaú Cultural (João Pessoa) e Ocupação Nelson Rodrigues (Recife). 

Serviço
Visitação - De terça-feira a sexta-feira, das 10h às 18h. A Casa das Onze janelas fica no Centro Histórico de Belém do Pará, no Complexo Feliz Lusitania, bairro Cidade Velha.

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