11.12.13

“Em meio Urbano” com ritmos de Jazz e da Rua

A perspectiva do meio urbano e suas relações. O que enxergamos no dia a dia das ruas como violência, manipulação da mídia, educação, transporte público, brincadeiras de rua ou as relações pessoais mediadas pela tecnologia. Pontos como esses foram abordados pelos alunos das oficinas de dança para a criação do espetáculo “Em meio Urbano” que estreia hoje, dia 11, no teatro da Fundação Curro Velho. A mostra segue nos dias 12 de Dezembro, às 18h30 e nos dias 13 e 14 de Dezembro, às 19h30.

O “Em Meio Urbano” retrata a vivência dos jovens participantes na cidade onde vivem. As coreografias misturam Street Dance e Jazz Norte-Americano divididas em dois grupos coreográficos. 

A construção do roteiro dos dois grupos foi feita a partir da reflexão sobre o cotidiano urbanístico as diversas relações pessoais. A linguagem artística utilizada vai misturar cenários improvisados, objetos de performance, figurinos próprios da cidade e coreografia contemporânea traduzida por meio de gestos bastante conhecidos.

Um dos grupos vai apresentar a Dança de rua com mistura de estilos Pop, Rip-Rop Dance e Weking, um Dance Club criado por volta da década de 1980 nos Estados Unidos. A diversidade é a marca do grupo que vai apresentar o formato Street Dance. 

A segunda turma vai trabalhar os movimentos do Jazz e a inclusão do corpo social familiar inserido na rua. A mistura de ritmos e estilos trazidos pela experiência dos alunos com as oficinas de dança da Fundação dá o tom ao espetáculo.
Transformação Social

A Dança de Rua é um estilo nascido em meio urbano carregado de informações e referências como a criminalidade, batalhas de gangues, e conquista de território, mas sem nenhuma apologia. A função social da Dança de Rua se torna importante por estar muito mais próxima dos jovens e por isso os conquista mais rápido. “A filosofia da Dança de Rua na verdade é o contrário do ruim. Ela é de compartilhamento, de transformação e resgate”, conta Angélica Monteiro, diretora coreográfica do grupo de Street Dance.

A coreografia, quase toda montada pelos próprios alunos, foi baseada na dinâmica de interação proposta nas aulas. Angélica conta ainda que sente orgulho do resultado que a dança tem causado nos alunos. “Eles se doam demais. Não tem tempo ruim. Até quando estão mal, eles convertem essa energia pra dança e isso sai”. Além de incentivar a reflexão social, o objetivo da dança é aproximar mais o grupo de si mesmo. Reconhecer o corpo e trabalhar a percepção dentro da coreografia.

Fazer dança de rua ou outro estilo acaba trazendo mais oportunidades para os jovens e os tirando do ócio e da acomodação ao oferecer algo que eles gostam de fazer. 

Leandro Augusto, 16 anos, conta que tinha preconceito com o break dance antes de se envolver com as oficinas. “Aprendi a respeitar o outro e entender a opinião de cada um. Fiquei mais maduro”, conta. Camila Brito teve o primeiro contato com a dança na Fundação. “Se seu dia não foi tão legal ou se está mais feliz, na oficina você aprende a transmitir isso por meio da dança, e eu acho muito legal”.

Improvisação e Responsabilidade. O Jazz traz a improvisação e o swing para os palcos de dança contemporânea. A sua principal característica é a variedade rítmica. O grupo que vai apresentar esse estilo no espetáculo “Em meio Urbano” se utiliza das técnicas do Jazz Dance americano, Street Jazz, Athnnical Jazz, Lirycal Jazz e Modern Jazz misturando tudo e trazendo uma coreografia mais contemporânea. Rodrigo Repila, diretor artístico, conta que para o roteiro coreográfico foram trazidos elementos da infância. “Tudo o que acontece na nossa vida vem de berço, então procurei pegar cantigas de roda, jogos de tabuleiro e transformar em cena coreográfica”, explica.

Cordas, elástico, malas, telas de pintura, spray de tinta, latões, adesivos e carcaças de carro. Esses serão alguns dos materiais utilizados para compor cada cena. 

“O cenário se renova, mas o mais importante dessa montagem é o aprendizado desses meninos e a responsabilidade que eles ganharam”, afirma Rodrigo, que criou o processo de montagem. 

“A amizade e companheirismo ao ajudar o outro foi fundamental”, acrescenta. Aluna de ballet clássico, Camila Mendes entende que o Jazz mesmo não sendo tão urbano tem muita influência do cotidiano. “Nem sempre a urbanidade é só a violência, a poluição. Na verdade tem uma coisa bonita. No alvoroço do dia a dia pode ter uma coreografia. É legal aprender a identificar isso”.

Serviço
Espetáculo “Em Meio Urbano” – Auto de Natal dos Jovens da Fundação Curro Velho. Dias 11 e 12 de Dezembro às 18h30. E Dias 13 e 14 de Dezembro às 19h30. No Teatro da Fundação Curro Velho. No final da Djalma Dutra. Bairro do Telégrafo. Informações: 3184-9112 ou 8895-1334.

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