17.1.14

Outras Portas, Outras Pontes volta em cartaz

Fotos de Jonatha Cruz
A Cia. Sansacroma sai do Capão Redondo e  vai a cinco regiões de São Paulo, com 16 apresentações em bairros paulistanos: Lapa, Cidade Tiradentes, Grajaú, Perus, Heliópolis e na região central da cidade, no Edifício Copan. Dias 28, 29 e 30 de janeiro, às 20h, são no Tendal da Lapa (Rua Constança, 72 – Lapa).  Entrada franca.

Em um primeiro momento, o olhar sobre o apartheid “gentil” existente no Brasil, quando negros operários são tratados com sub-cidadãos e os espaços físicos geram separações. No segundo, a dança e o texto mostram quando a consciência desta separação torna-se indignação e é transformada em materialidade poética, explorando questões como herança cultural e identidade do brasileiro.

Com direção artística de Gal Martins (Prêmio Denilto Gomes 2013 na categoria Difusão da Dança, concedido pela Cooperativa Paulista de Dança), direção coreográfica de Yaskara Manzini, e trilha sonora composta pelo multi instrumentista Cláudio Miranda, da banda Poesia Samba Soul e os músicos Zinho Trindade e MC Gaspar, “Outras portas, outras pontes” abarca dois momentos: uma caminhada cênica no entorno do Tendal da Lapa com termino nas dependências do Tendal.

“A ideia é que seja uma singela homenagem crítica do Capão Redondo ao bairro da Lapa, onde essas realidades se cruzam em suas especificidades, como suas ancestralidades se completam e se contemplam”, explica Gal Martins.

“A Lapa para nós é uma cidade a parte da cidade de São Paulo, assim como o edifício Copan que também foi escolhido para essa circulação, a Lapa tem uma característica provinciana, que muito nos chama a atenção. 

A escolha se deu por esse principio tradicionalismo, identidade e diversidade cultural marcante. Acreditamos que o diálogo entre as características da ancestralidade apresentada no espetáculo proporcionará um diálogo e uma mistura interessante que nos leva para um lugar especial, poético eu diria”, complementa a diretora.

Itinerância e trajetória dramatúrgica -  O espetáculo, antes estava concentrado nas ruas do Capão Redondo, extremo sul da cidade.

Tornou-se itinerante pela própria essência da peça, onde seu processo criativo abrange desde o resgate da ancestralidade africano-nordestina até o olhar sensível sobre as questões político-estéticas que permeiam a cultura periférica, dialogando diretamente com a pesquisa estética atual que a Cia vem desenvolvendo a cerca de dois anos que Gal Martins nomeia de: “Dança da Indignação”.

Nesse processo, as indignações identificadas partiram principalmente dos espaços urbanos e comuns aos próprios bailarinos, moradores de regiões periféricas da cidade, lugares onde emergem causas e bandeiras sociais, políticas e poéticas. Segundo Martins, é na rua que essas indignações brotam, e onde as pessoas têm a possibilidade de gritar e expurgá-las.

A itinerância do espetáculo surge da necessidade de traçar uma trajetória dramaturgia da história do bairro do Capão Redondo, mas principalmente como essa história dissipa e dialoga com a questão do apartheid social, fazendo assim uma relação com o apartheid da Africa do Sul, local e situação de onde surge a lenda do pássaro que dá nome a Cia – Sansakroma - , uma espécie de gavião que protegia as crianças sul africanas nos massacres provocados pelo Apartheid.

Parkour -  Os bailarinos da Cia. Sansacroma participam de uma preparação corporal com técnicas de Parkour, uma atividade cujo princípio é mover-se de um ponto a outro o mais rápido e eficientemente possível, usando principalmente as habilidades do corpo humano.

Criado para ajudar a superar obstáculos de qualquer natureza no ambiente circundante — desde galhos e pedras até grades e paredes de concreto. O objetivo é explorar a arquitetura dos lugares com mais possibilidades cênicas e coreográficas onde o espetáculo estiver, já que na primeira parte do espetáculo o elenco realiza uma caminhada cênica nas ruas, sempre acompanhada pelo público.

Ficha Técnica

Direção Artística e Concepção: Gal Martins Direção Coreográfica: Yáskara Manzini Interpretes Criadores: Rafael Edgar, Tamires Ballarini, Thaís Antunes, Renato Alves, Bárbara Santos, Alex Guimarães e Thiago Silva Participação Especial: Luamim Martins Preparação Corporal: Bruno Peixoto, Edson Fernandes, Robson Lourenço, Valéria Mattos e Yáskara Manzini Ensaiador: Thiago Silva Trilha Sonora: Cláudio Miranda, Zinho Trindade e Mc Gaspar Projeto de Luz: Alex Guimarães Operação de Luz e Som: Bruno Feliciano Figurino e Adereços: Mariana Farcetta Direção de Produção: Selene Marinho Produção: Radar Cultural Coordenação do Projeto de AproximAção com o Público: Valéria Ribeiro Estagiária:: Tamisa Betina

Serviço

Espetáculo: “Outras portas, outras pontes”.  Dias: 28, 29 e 30 de janeiro de 2014 (terça a quinta-feira 20h). Entrada franca – Público máximo: 50 pessoas – senhas distribuídas com antecedência de 30 minutos na porta do Tendal da Lapa. Em caso de chuva não haverá espetáculo. Local: Tendal da Lapa – Rua Constança, 72 – Lapa (próximo a rua Guaicurus). Duração: 90 minutos. Classificação etária: 14 anos.

Nenhum comentário: