8.5.14

Nando Lima apresenta "Sweet Batata" no REATOR

Fotos: Alexandre Sequeira
O novo trabalho do artista é inspirado na obra “Peer Gynt”, do dramaturgo norueguês Henrik Johan Ibsen,  considerado um dos criadores do teatro realista. As apresentações serão nesta quinta-feira, 08, e sábado, 10, às 21h, no Estúdio REATOR.

Entregue à arte da performance, Nando Lima está experimentando e descobrindo mais sobre si mesmo.  Em seu novo trabalho, a questão central é inspirada em Peer Gynt, de Henrik Ibsen.

“Ser fiel a si mesmo; Porém hoje, onde existe uma necessidade de transbordamento da imagem pessoal, e  a sedução é irresistível às novidades dos pop-ups que brotam nas mil telas que nos rodeiam e capturam nossa anima", diz. 

"Como atualizar esse princípio num contexto radicalmente tecnológico? A resposta talvez esteja em aceitar a diversidade e possibilidades exploratórias dos conteúdos ao qual estamos expostos; e reenquadrar o antropófago que herdamos. Deglutição ao extremo para alcançar a singularidade, ou unicidade do sujeito, se é que isso é possível”, continua.

Em abril, o diretor e ator acompanhou a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, em que viu muitas coisas e possibilidade de se trabalhar o teatro, percebendo o quanto tudo está aberto às experimentações e manifestações.

“Vi muitas maneiras da arte do teatro se manifestar, a pluralidade, a excelência, a intuição comercial e criativa, a maquina funcionado quase sempre em sintonia com a grande arte que é o TEATRO. Eu não tenho essa verve, meu caminho é mais inglório, mais modesto e pessoal, minha comunicação com o mundo ainda é muito truncada, não está perto do sublime. O REATOR é a minha caverna as avessas...”

Além dessas apresentações, Nando Lima também leva seu “Sweet Batata” à Virada Cultural de São Paulo, no dia 17 de maio, na Sede Luz do Faroeste - (http://www.pessoaldofaroeste.com.br). “Assim que eu voltar, farei nova temporada, no final de maio ainda, e em junho”, diz Nando Lima, que na entrevista abaixo fala um pouco mais sobre a arte da performance e seu novo trabalho.

Holofote Virtual: Como você entende hoje a performance?

Nando Lima: A performance não se restringe mais somente ao ato na hora marcada Ela se instala o tempo inteiro, antes eu morria de medo de perder o ‘contato com a realidade’, mas agora tudo virou plural, o "processo" de "criar" é a todo momento, talvez essa seja a única vantagem de envelhecer: é que eu não tenho mais tempo para separar nada, a minha conexão é constante, olho para mim em todos os meus atos cotidianos, mesmo quando durmo sonho, fluxo, flexões, sinapses, tudo junto agora meu tempo acabou, ‘agora é o tempo da colheita...’ e tudo está no ‘panejamento’ da cenografia, na edição fragmentada dos vídeos, na escolha afetuosa das músicas, nas falhas do que era pra ser e não acontece, o que é sublime está sendo descartado porque o meu dia encontrei no desarranjo. Talvez isso não faça sentido para quem ler, mais para mim é claríssimo.  

Holofote Virtual: "Peer Gynt" foi a tua fonte para compor “Sweet Batata”. Fala um pouco da tua pesquisa...

Nando Lima: Exato. O Peer é um personagem cuja a essência  é "ser fiel a si mesmo”. Esse é meu ponto de partida. Na verdade, ser fiel ao que pertenço, ao trabalho com manipulação de imagens.

O Peer sofre as agruras da vida, por escolher o caminho mais difícil, nem o bem, nem o mal, talvez o único possível, ao se lançar em busca de um sentido para estar vivo. 

A questão é: quem é esse si ? Fechar o foco ou ser permeável? Insistir, rodar a vida toda atrás do próprio rabo, gastar tempo dinheiro e mandíbulas, mas continuar com fome. Processos hoje são psicossomáticos, quase um jogo bio-psico-social, que faço diante da plateia, que é o meu espelho predileto.

Sou, como toda a gente um almanaque dos anos de leitura, o Ibsen ainda é quase um desconhecido para mim, mais o sotaque surrealista dele, é o que me encanta, a realidade paralela, a não copia do real escondida no cotidiano, nas interfaces, nos hipertextos, nos realinhamentos e decomposições, o que eu tento é fazer com que a criatura que está presente na sala comigo tenha acesso a um código de leitura construído  no instante em que estamos cara a cara. Como se quebrássemos os espelhos e misturássemos os pedaços para recompor um novo espelho, que também será quebrado infinitamente.

Holofote Virtual: Quem é Sweet Batata?

Nando Lima: É um doce, quente, um lugar para onde eu pude voltar depois que meu amor morreu, eu tinha que ir para algum lugar e vim para esse ambiente onde posso por consolo na minha dor.  É como posso tornar a vida possível, o lugar da LARGADA , de onde continuo, de onde começo a corrida sem enxergar onde está a faixa da chegada que romperei no tempo que for disso.

Holofote Virtual: E o Reator, como está de programação para este ano? E o Nando Lima... Teremos o Barbante, né.. vamos dar uma palhinha sobre isso também?

Nando Lima: Podemos fazer outra matéria porque vamos ter o YELLOWCAKE em Julho e também o projeto do Danilo Bracchi no segundo semestre, além do Barbante, que dá mais três páginas para a "Teoria Geral da Performance".

Ficha Técnica
Sweet Batata - Performance de Nando Lima
  • Roteiro \ Cenografia \ Iluminação \ vídeo: Nando Lima
  • Desenho de Som: Leo Bitar
  • Pesquisa de músicas: Nando Lima
  • Fotos divulgação: Alexandre Sequeira
  • Recepção: Milton Aires
  • Produção: Estúdio REATOR
  • Citações: Amy Winehouse, Cássia Eller, Alberto Silva Neto , Henrike Ibsen, Vicente Cecim, Edvard Grieg, Carlos Cerana, Meredith Monke, Antonin Artaud, André Labarthe, Second Life.

Serviço
“Sweet Batata”, nesta quinta-feira, 08, e no sábado, 109 de maio, 21h, no Estúdio REATOR – Trav. 14 de Abril, 1053, próx. A Gov. José Malcher (lado esquerdo). Mais informações: 91-81128497 e https://www.facebook.com/e.reator?ref=hl

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