5.5.15

Branco Medeiros está de volta à cena do desenho

Ele desenha, ilustra e conta histórias com traços e palavras, sempre necessárias em sua obra, mas afirma que nunca fez quadrinho. Mesmo assim, sua produção é referência para uma geração de artistas gráficos e quadrinistas, atuantes hoje no mercado paraense, nacional e internacionalmente. Em um bate papo com o blog, o artista  fala de sua inserção neste universo e de seu trabalho, além de revelar que, depois de um longo tempo sem produzir, ele está, aos poucos, voltando ao mercado.

Desde que voltou a desenhar mais sistematicamente, Branco expõe seus desenhos, on line, em sua página do facebook. Os mais recentes, feitos declaradamente para sua namorada, contam a história com um cara que tem uma casa antiga na cabeça e uma mulher alada que meio que enlouquece o pobre do sujeito, confere aqui neste link.

Em breve, Branco também avisa que vai ter uma nova página no ar: "A Paixão Segundo FB", que trará desenhos nesta mesma linha, de imagem versus texto. “Mas como eu trabalho suuuuper devagar, ainda estou montando a página. Quando tiver uns dez desenhos (tem um!), eu divulgo pros amigos”, promete. 

Desenhista paraense reconhecido como um dos talentos da geração dos anos 1980, com virada para os anos 1990, Branco Medeiros também está no documentário “VHQ - uma breve história do quadrinho paraense” (Dir. VIcente Souza), que traça uma boa parte da história do quadrinho paraense, desde os anos 1970 até a atualidade, trazendo participações também de Eliezer França, Luiz Claudio, Andrei Miralha, Marcelo Marrat, Gian Danton, Miguel Imbiriba, Alan Yago, Alex Barros, Paulo Emmanuel, Lupa e Joe Bennett, nomes que situam a história do quadrinho por aqui. 

Lançado em abril deste ano, o trabalho apresenta uma pesquisa relevante, mapeia coisas importantes, mas peca, na minha opinião, pela falta de imagens. “Também achei que faltou mais quadrinho”, concordou Branco concordou, identificado no documentário, como o primeiro cara a elaborar quadrinhos no computador.

"Acho que a ideia do Vince era mais dar voz às pessoas que fizeram a cena dos quadrinhos nos anos 1990 e 2000 e a solução visual que ele escolheu foi aquela. Eu também acho que podia ficar um pouco mais rico com os desenhos propriamente ditos, até porque tem umas coisas muito boas daquela meninada”, arrematou, pelo in Box do facebook. Agora, vamos ao bate papo!

Holofote Virtual: Estás de volta ao mercado?

Branco Medeiros: Parei de fazer trabalhos gráficos em 2004, 2005, para trabalhar mais no computador, tanto com artes visuais quanto com programação, que é um treco que eu curto muito. Mas agora estou meio que de volta no mercado, mas devagar, porque nem tenho tanto tempo assim, e desenhando de novo, o que era uma coisa que eu não fazia havia uns dez anos.

Holofote Virtual: No documentário VHQ... é informado que tu foste o primeiro desenhista a usar o computador na arte do quadrinho... 

Branco Medeiros: O que eu gostava era da sucessão narrativa que o quadrinho permitia. Com o quadrinho você tem claramente um recorte no tempo e no espaço, e isso permitia contar o fragmento da história daqueles personagens”, explica.

Fui um dos primeiros a trabalhar com ilustração toda feita no computer em Belém, mas acho que quando começaram a usar computador pra fazer o tipo de arte que se tem hoje, já era quase anos dois mil, que foi quando os computadores ficaram rápidos o suficiente pro aguentar manipular todas aquelas informações. O que se tinha antes era bem característico, tipo ‘isso foi feito no computador`..

Holofote Virtual: Como é que o quadrinho era revelado no teu trabalho...

Branco Medeiros: Eu gostava de imaginar uma história, e "quadrinizar" no quadro uma parte da narrativa. O leitor ficava incumbido de entender (ou inventar) o que tinha acontecido antes e o que ia acontecer logo em seguida, porque os quadros eram só uma página da história toda. As outras "páginas" estavam nas cabeças de quem via o quadro.

Holofote Virtual: Gostava? Não imaginas mais?

Branco Medeiros: Gosto ainda, claro. Falei ‘gostava’ porque isso era o que eu fazia naquela época, era o quê, final dos 80, acho que até o comecinho dos 90. Depois disso eu parei de desenhar um tempo e quando voltei a desenhar era outro tipo de desenho, inicialmente umas fadinhas pra colorir pras filhotas depois ploft, uns desenhos eróticos... Agora o motivo são os flyers do facebook. Essas "charges" que combinam imagem e um texto completamente desconectado.

Holofote Virtual: Nunca pensastes em fazer animação?

Branco Medeiros: Por trás dos panos eu tenho estudado as ferramentas mais usadas, mas pensando em ambientes interativos, tipo jogos. No fundo, no fundo, é como se fossem aqueles trabalhos lá dos anos 80, mas com esse componente de interação com o leitor, que pode definir o rumo da narrativa. Mas é só conjetura por enquanto, ainda estou estudando as ferramentas. Meu xodó é um livrinho digital pra colorir para adultos, com as mulheres aladas que eu gosto de desenhar.

Holofote Virtual: Quais são os projetos próximos?

Branco Medeiros: Não tem planos, plano... só algumas "diretrizes", digamos assim. É legal estar desenhando de novo depois de muito tempo achando que eu não tinha mais o que dizer através do desenho. E é divertido fazer coisas pra um consumo imediato, como é o caso do face. Tipo tu postas um desenho e pessoas que tu curtes ou até gente que tu não conheces vai lá e opina, curte, etc. Eu quero fazer mais com isso, por isso essa ideia do "Paixão segundo FB", é um projetinho legal que eu acho que vai ficar quase pronto logo logo.

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