27.11.15

Pedro Vianna lança três faixas de seu primeiro CD

Três estúdios e três anos pra lançar três músicas. Levou tempo, mas o EP tão sonhado por Pedro Vianna, poeta, produtor e compositor, saiu de forma independente e foi lançado nesta quinta-feira, 26, em formato virtual, pelo soundcloud do músico.

Intitulado “Filosofia”, o músico define o EP como “fragmento digital do CD” que lançará fisicamente, em 2016. Só que ninguém vai precisar esperar terminar 2015 pra conhecer o álbum completo, com suas nove faixas. No dia 12 de dezembro, Pedro Vianna e banda já fazem o primeiro show com repertório e arranjos do disco, no Sesc Boulevard. 

“Nesse mesmo dia eu vou disponibilizar o disco na íntegra, as faixas, pra download. Depois a gente lança o CD físico em show no Schivasappa em fevereiro. Depois é tocar e circular”, diz Pedro Vianna.

Por enquanto, ficamos com Canal do Galo ( Dand M / Paulo Lobo), Filosofisa (Noel Rosa / André Filho) e Quando Iara sorriu (Leandro Dias/ Pedro Vianna). O EP define bem as afinidades de Pedro Vianna, com a MPB e o rock e ressaltam também um flerte com música eletrônica. O título é uma alusão à música de Noel Rosa, gravada por Pedro.

“O Noel é mais que uma referência musical, ele é o grande cronista do samba, as canções dele são atemporais, ele consegue atingir uma intensidade poética sem perder o humor e a ironia”, explica. Além de composições próprias e de outros compositores paraenses, o CD também traz uma outra grande referência para o músico, o “maldito” Sérgio Sampaio. Pedro Vianna chegou a realizar anos atrás um show com repertório sampaiófilo.

Será um disco essencialmente de sambas, mas com experimentações. 

“O samba é a base de tudo, mas é um samba que dialoga com outras referências contemporâneas. Gosto de pensar num samba sujo de contemporaneidade. A produção do Leo Chermont foi determinante na condução dessa pegada mais experimental. As letras contam histórias. 

Adoro essa coisa da crônica cotidiana que flerta com o filosófico, e que acaba sendo a marca de grandes sambistas como Noel, Cartola, Geraldo Pereira, Nelson Cavaquinho. Esses são os meus heróis. E no disco eu também tento contar essas histórias de uma realidade por vezes submersa, mas que pulsa de forma intensa pra quem se permite percebê-la”, explica.

Comprometido com a qualidade e com a alegria de construir um novo trabalho, Pedro diz que vive um momento de liberdade para experimentar. “É muito bom não estar musicalmente preso a qualquer rótulo e ter a tranquilidade de trabalhar sem pretensões. Meu único compromisso foi com a qualidade do que me propus fazer e com a diversão envolvida no processo. Essa coisa do humor e da ironia me fascinam”, comenta.

Gravado entre 2013 e 2015, nos estúdio estúdios Lab Zone, Toca do Coelho e Zarabatana, “Filosofia” é prova desse esforço coletivo de pessoas que se unem para realizar, conta com vocais de Natália Matos e Renata del Pinho, nos vocais; Leo Chermon, nas guitarras, efeitos e produção musical, Ziza Padilha nos violões, Felipe Sequeira, no contrabaixo, Junior Gurgel, na bateria, Márcio Jardim, na percussão e Bruno Mendes na cuíca. A produção executiva é da Senda, mixagem de Carlos Valle, masterização de Sérgio Softiatti, fotografia de Carlos Borges e design do próprio Pedro Vianna.

Patrocínio, cultura, coletivos e ocupações

O CD, por enquanto, não tem patrocínio, mas sua carreira já está sendo pensada. “Já estamos tramando a gravação do clipe da música Canal do Galo, em janeiro, pra lançar junto com o CD no Teatro”, adianta o músico, que é também produtor cultural e vivencia a difícil tarefa de trabalhar com arte e cultura no Brasil. 

Ele é um dos coordenadores da Virada Cultural de Belém. O projeto, que estreou com sucesso em dezembro de 2014, sofreu um pequeno adiamento para a realização de sua segunda edição, este ano. Ficou pra 2016. 

“A Virada foi adiada pra semana dos 400 anos de Belém. É uma data histórica e achamos importante não ficar de fora da festa”, diz ele. “Acho que os artistas e produtores tem que se unir pra fazer uma grande festa nos 400 anos. Independente de patrocinadores, governos e etc. A cidade é nossa e merece ser ocupada”, conclui.


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