7.6.16

Arraial do Pavulagem mantém tradição no domingo

Fotos: Dah Passos
O que começou como uma brincadeira hoje se tornou uma das tradições e um dos elementos mais importantes que compõem os cortejos juninos do Arraial do Pavulagem: os mastros de São João. Os elementos serão erguidos na Praça dos Estivadores no próximo dia 12 de junho na abertura do Arrastão do Pavulagem 2016, com patrocínio da Oi, por meio da Lei Semear de Incentivo à Cultura, do Governo do Pará, e apoio cultural do Oi Futuro. A programação também integra a 12a edição do Circular Campina Cidade Velha. 

Leia a seguir o texto especial, enviado ao blog, escrito por Pauli Protássio, da equipe de comunicação do Arraial do Pavulagem.

Durante o cortejo do Pavulagem, os brincantes se revezam no carregamento dos mastros (um para os homens e outro para as mulheres) e, ao tocarem nele, fazem pedidos para desencalhar, arrumar uma esposa/marido ou “sair do caritó”, como dizem no ditado popular. É que uma antiga lenda conta que eles representam, para homens e mulheres, sorte no amor. Assim, os mastros trazem para a festa a mistura de superstição com a devoção aos santos da quadra junina (Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal). 

Com a evolução do folguedo construído pelo Pavulagem, novos elementos foram sendo incorporados ao festejo. Em 2000, a brincadeira de carregamento do mastro iniciava oficialmente e  pelos homens. O mastro das mulheres foi inserido no ano seguinte, graças à grande aceitação da brincadeira e também para homenagear um símbolo da cultura vinda do município de Cachoeira do Arari.

Lucas Bragança, músico do Grupo de Carimbó Sancari, responsável por retirar e enfeitar os mastros, lembra que nas festividades do município, existe inclusive um mastro para as crianças. “O pessoal de Cachoeira, que também participa conosco desde o princípio, nos deram a ideia e nós resolvemos inserir no ano seguinte o mastro feminino”.

Processo - A confecção dos mastros inicia com o processo de retirada dos troncos. Os membros da coordenação vão até as ilhas vizinhas a Belém. “A gente observa os troncos atentamente e retira apenas aqueles que estiverem com menos condições de produção”, afirma a integrante do Sancari, Neire Rocha. Eles duram em média de dois a três anos.

Após a retirada, os troncos são levados para a sede do Sancari, no bairro da Pedreira, onde passam por uma pintura e, na manhã do primeiro cortejo, são enfeitados com fitas coloridas e pedaços de chita ainda na concentração do cortejo fluvial e de lá saem pelas águas do Rio Guajará a caminho da escadinha da Estação das Docas.

Recepção na orla - O cortejo fluvial leva, além dos mastros, os bois Pavulagem e Malhadinho ao som dos carimbós do Grupo Sancari em um passeio pelas águas que banham a capital paraense. 

A chegada do cortejo fluvial é aguardada pelo público em terra firme, na orla da Estação das Docas. Um dos principais pontos turísticos da capital paraense, a escadinha oferece uma paisagem privilegiada, líquida, feita de rio, com a Baía do Guajará como cenário. 

Rio que é rua, morada, sustento e encontra este ano um novo parceiro para o Arrastão, o evento Rumo a Brasília/Norte das Águas. O Norte das Águas é a primeira das seis programações preparatórias ao Fórum Mundial da Água.

Debates interativos, reunindo pesquisadores, representantes governamentais e da sociedade civil estão entre os destaques do Norte das Àguas, além de movimentação de escolas públicas estaduais e municipais em um concurso de redação, produção de vídeos de bolso com a temática água, aulas de gastronomia para jovens em situação de vulnerabilidade social, uma regata na Baía do Guajará, culminando com show aberto ao público com artistas da terra. A programação começa no dia 9 com uma palestra do velejador, navegador e escritor Amyr Klink.

Em terra firme, os brincantes carregam os mastros até a Praça dos Estivadores, local onde atualmente eles são enterrados e ficam ali até o final da quadra junina. A responsabilidade de conduzir o carregamento deles até o momento em que são fincados em solo firme também fica a cargo do Grupo Sancari.

No domingo do último cortejo junino, é realizada então a derrubada dos mastros, onde é proposto o desafio similar ao “pau de sebo”, onde um homem e uma mulher tentam subir nos seus respectivos mastros para retirar a bandeira que fica em cima de cada um deles. É o momento também de festejar os últimos momentos da quadra junina e de lembrar com emoção como foi cada um dos cortejos.

E emoção foi o que sentiu a pernalta Suelle Reis, quando passou pela experiência de subir no mastro em 2011 e desafiou seus medos. “No dia anterior ao dia em que subi, havia trabalhado em plantão noturno e no domingo fiz todo o cortejo na perna de pau. Estava muito cansada, mas queria participar deste momento para relembrar as brincadeiras de infância”, conta ela. 

Enquanto subia, Suelle teve o apoio da multidão que a olhava atentamente. “Quando estava subindo, teve um momento em que o cansaço bateu, mas olhei para baixo e vi muitos amigos me apoiando, então só de ver aquilo já valeu a pena, pois poucos tiveram o privilégio que tive de ver a multidão do alto e em harmonia pela cultura popular”, relembra.

Depois do ritual de levantação dos mastros, o cortejo segue ao som de toadas de boi, carimbó e quadrilha pela avenida Presidente Vargas até a Praça da República, onde o grupo Arraial do Pavulagem faz seu tradicional show.

Serviço
Arrastão do Pavulagem 2016. Dias 12, 19, 26 de junho e 3 julho. Concentração: 9 horas, na escadinha da Estação das Docas. 

Nenhum comentário: