28.6.16

Cia do Feijão traz espetáculo inclusivo para Belém

Dona de uma sólida trajetória de 18 anos na cena teatral de São Paulo, a Companhia do Feijão desembarcará em Belém para uma série de atividades no mês de julho. O grupo apresentará, no Teatro Experimental Waldemar Henrique, nos dias 09 e 10 de julho (sábado e domingo), a partir das 20h, com entrada gratuita, uma das principais montagens de seu repertório, “Nonada”, espetáculo escrito e dirigido por Pedro Pires e Zernesto Pessoa, que em 2016 completa seu 10º aniversário. No elenco: Fernanda Haucke, Fernanda Rapisarda, Flávio Pires, Guto Togniazzolo, Pedro Pires e Vera Lamy.

Fora de um tempo ou lugar, “Nonada” conta como o dono de uma espécie de circo do mundo dos mortos manipula um personagem desmemoriado, levando-o a descobrir sua trágica origem.  A revelação surge de um perverso jogo de gato e rato por uma labiríntica trajetória de encontros com personagens de grandes escritores brasileiros de épocas diversas, como Machado de Assis e Mário de Andrade. 

Concebido a partir das “memórias” destes personagens, o espetáculo simboliza o processo de “modernização conservadora” que gerou a difusa identidade brasileira. “Nonada” estreou em 2006 e é resultante da pesquisa “Um lugar chamado Brasil - sua história a partir das almas de suas personagens”.

Primando pela acessibilidade ao portador de deficiências da visão e cegos, as apresentações do espetáculo Nonada contarão com apoio da Associação Paraense para Pessoas com Deficiência - APPD, que levarão grupos de cegos para assistir às apresentações.  Todas as sessões de “Nonada” contarão com recursos específicos de acessibilidade - legendagem e audiodescrição - transmitidos pelo aplicativo WhatsCine diretamente a smarthphones e tablets. Serão disponibilizados até cinco tablets caso o espectador com deficiência não esteja portando qualquer aparelho.

Além do espetáculo o encontro com público e artistas

Tendo o compartilhamento artístico e social como um dos pilares de seu trabalho, a Companhia do Feijão inclui neste projeto ações ligadas à formação artística e de público, praticadas pelo grupo desde a sua fundação. Serão dois tipos de encontros, com o acesso gratuito e limitado à capacidade do espaço ocupado em cada local, sem necessidade de inscrição prévia.

Por isso, além das sessões do espetáculo, o grupo realizará ainda um bate-papo com o público (em que darão detalhes do processo teatral) no Casarão do Boneco, permitindo a integração com artistas locais que poderão conhecer o histórico artístico da Companhia do Feijão. 

No encontro com o público, os integrantes da Companhia do Feijão fazem uma explanação sobre o fazer teatral em geral, com apontamentos a respeito da fruição e discussão temática de uma peça teatral, além de passar ao público informações específicas sobre o espetáculo Nonada. 

Já no encontro com artistas, a companhia fala sobre o histórico e o projeto do grupo, seu método de trabalho criativo (artístico e técnico) e sua forma coletiva de gestão. A cia já recebeu os Prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e Shell, além de diversas premiações individuais de seus integrantes, prêmios-estímulo e projetos contemplados pelo Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

Pesquisa –  A partir das metodologias básicas da Companhia do Feijão, para o treinamento do ator e a composição do espetáculo – a criação em processo – foram realizados estudos cênicos de obras e autores literários representativos de quatro períodos históricos brasileiros.

A escolha das obras literárias de cada período histórico teve como base a presença de personagens com a alma marcada pelo momento histórico em que viveram e pela dinâmica social então vigente. Alma marcada: a expressão evoca as impossibilidades de realização pessoal, de sonhos e vontades, ou sua ausência, como uma característica desta alma. Uma marca pelo avesso. 

Os atores realizaram experiências com vários personagens e, como contraponto, como campo de observação, foram buscar em suas próprias experiências de vida, em suas almas, o paralelo histórico entre almas antigas e contemporâneas. Durante estes estudos a Companhia buscou idiossincrasias, semelhanças e antagonismos presentes na condição de “ser brasileiro”, a partir do olhar de escritores que se mostraram bons observadores das realidades de suas épocas. 

A literatura é tomada pelo grupo como o principal meio de conhecimento da história do Brasil, como o órgão epistemológico por excelência da cultura brasileira. Ou, utilizando uma expressão de Roberto Schwarz, a literatura como espelho de nossas “ideias fora do lugar”, do eterno descompasso de nossas “modernizações conservadoras”.

Sobre a Companhia do Feijão - Desde 1998, tendo um reconhecido trabalho continuado de desenvolvimento de linguagens teatrais e criação em equipe, utilizando como tema de base o estudo do homem e das realidades brasileiras, o grupo intercepta, em suas criações, a observação crítica de fatos sociais contemporâneos e uma permanente investigação sobre a história e a memória nacionais. 

Sempre em busca de procedimentos que possam servir como referência para um real desenvolvimento de políticas públicas no que se refere à existência de manifestações culturais não contempladas por ditames mercadológicos. Tem em seu currículo doze espetáculos que procura levar a lugares onde normalmente o teatro não chega, tendo percorrido grande parte do território brasileiro, além de Portugal, Espanha e Cabo Verde, e atendendo a um amplo espectro de público que vai de grandes metrópoles a mínimas comunidades rurais.

Ficha Técnica

  • Elenco: Fernanda Haucke, Fernanda Rapisarda, Flávio Pires, Guto Togniazzolo, Pedro Pires e Vera Lamy
  • Direção e Dramaturgia: Pedro Pires e Zernesto Pessoa
  • Direção Musical: Julio Maluf e Flávio Pires
  • Cenografia: Petronio Nascimento
  • Figurinos: Carol Badra
  • Iluminação: Eric Nowinski e Zernesto Pessoa
  • Música Original: Flávio Pires, Julio Maluf, Pedro Pires, Vera Lamy e Walter Garcia
  • Audiodescrição e legendas: BRDN Conteúdos Acessíveis e Mais Diferenças

Serviço
Apresentações do espetáculo "Nonada" da Companhia do Feijão (SP). Dias 9 e 10 de julho, sábado e domingo, às 20h. (com encontros prévios com público e debates após as apresentações).  No Teatro Experimental Waldemar Henrique - Av. Pres. Vargas 645, Praça da República – Campina – Belém (PA). Bate-papo com artistas e público para troca de experiências. Dia 10 de julho, domingo, às 10h. No Casarão do Boneco - Avenida 16 de Novembro, 815. Apoio: Cia Madalenas, Miriti Ecopousada, Casa de Antônia e Rádio Cultura.

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