22.11.16

Mostra de cinema amazônico toma conta da cidade

A Mostra de Cinema Amazônico 2016 vai ocupar, a partir desta semana até dia 6 de dezembro, vários espaços de Belém, entre eles, o Fórum Landi, o Centro Cultural do Carmo e a própria a Praça do Carmo, no bairro da nossa Cidade Velha, Centro Histórico da capital paraense. Além disso, chegará a outros municípios paraenses. Precisas ver a programação cuidadosamente. A abertura é nesta terça-feira, 21, às 19h30, no Cine Líbero Luxardo.

Na telona, a exibição do filme “Martírio”, de Vincent Carelli (160’, 2016, PE - 14 anos) promete fortes emoções. O filme traz registros da grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá, na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.

“Martírio” é um dos títulos mais aguardados da programação. O longa é o segundo de uma trilogia em andamento, criada por Vicent Carelli, diretor franco-brasileiro que apresenta a luta indígena amazônida ao lado de mudanças no país, num trabalho investigativo que já dura três décadas, colocando em foco a trajetória dos Guarani Kaiowá

Ritual indígena antes do ritual da tela

A temática contundente é uma história real. E quem for a abertura da Mostra de Cinema Amazônico também vai se deparar com indígenas de diversas etnias.

“Vamos receber a visita de índios de 12 etnias que vão fazer um ritual antes da exibição do filme”, afirmou Eduardo Souza ao Holofote Virtual. 

A atual edição da mostra chega com os seus principais objetivos alcançados, sendo um deles a amplitude da visibilidade do cinema amazônico para a própria Amazônia e para o mundo. “São as vezes que temos oportunidade de ver a Amazônia representada no cinema, especialmente por quem realmente vive e conhece a região”, comenta Eduardo Souza que vem, desde 2005, realizando o evento.

A mostra  já passou por todas as capitais da Amazônia brasileira, e países da Panamazônia (Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia e Venezuela). A edição de 2016 se concentra no estado do Pará, convidando a comunidade a mergulhar nas produções cinematográficas de países que fazem parte da Amazônia internacional.

Não há mostra competitiva nem qualquer outro protocolo ou ritual de festival. “O objetivo não é premiar diretores, promover um seleto número de filmes ou simplesmente restringir-se a um evento, mas sim ampliar significativamente a visibilidade da produção audiovisual independente amazônica, criando reais possibilidades de intercâmbio e novas plataformas de difusão dessas produções.

Por isso vamos muito além da sala de cinema tradicional, realizando o evento em espaços diversos chegando a quem não tem acesso ao cinema, ainda menos ao cinema produzido na Amazônia”, diz o coordenador e idealizador da mostra.

Entre curtas, docs, animações, video-arte e videoclipes, este ano a mostra traz mais de 180 filmes que serão exibidos em Belém e oito cidades do interior do Pará, entre os dias 22 de novembro e 01 de dezembro. Além do audiovisual, a programação também reúne público e profissionais de cinema em bate-papos, palestras, workshops e exposições com fotografias e informações que contam a história dos cinemas da capital paraense. 

Os filmes que vamos ver e onde

Além do longa de abertura, esse ano, o circuito traz curta metragens e longas do Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Brasil, de ficção e documentário. Grandes títulos e diretores renomados dialogam com novos produtores e a crescente cena cinematográfica paraense, despertando interesses para temas que surgem da vivência no bioma e nas cidades amazônicas. 

A música tradicional peruana é homenageada em documentário que será exibido pela primeira vez em Belém. “Sigo Siendo”, do diretor Javier Corcuera, é uma viagem não só às raízes da cultura peruana, mas passeia por diversos cenários do país com destino ao reencontro da identidade cultural, sob os olhos e a história de Máximo Damián, ícone do folclore daquele lugar. 

O longa será exibido na Mostra ao ar livre, na Praça do Carmo, um dos diversos espaços ocupados pelo evento nessa edição e que recebe também uma programação de curta documentários com temática musical e videoclipes paraenses.

“Órfãos do Eldorado” e “Libertador” são as ficções que têm destaque nesta edição. O primeiro é produto nacional já conhecido no estado, com imagens gravadas em Belém e Icoaraci.

É uma adaptação do romance do escritor amazonense Milton Hatoum, roteirizado e dirigido por Guilherme Coelho. A película apresenta um personagem que redescobre a Amazônia de sua infância e vive o drama de assumir os negócios da família e a confusão de estar dividido entre dois amores diferentes. 

Já “Libertador”, uma produção venezuelana e espanhola, foi um dos indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2015. O filme conta a história do líder da independência da Venezuela Simón Bolívar que lutou diversas vezes contra o imperialismo espanhol. Os dois títulos serão exibidos no SESC Boulevard, uma das telas que fazem parte da Mostra.

Workshops – Estudantes e produtores audiovisuais terão a oportunidade de participar de workshops de cinema e TV com dois nomes de grande importância na indústria audiovisual brasileira. Técnicas e dificuldades de elaboração de Roteiro serão os guias do workshop com Luca Paiva Mello, criador e showrunner carioca indicado ao Emmy Internacional de Melhor Série Dramática por “Mothern”, exibida pela GNT. 

Ele também é responsável pelos sucessos “O Negócio” (HBO), “Julie e os Fantasmas” (Nickelodeon/Band), Descolados (MTV) e outras. Desde 2013, o roteirista integra o júri do International Emmy® Awards, sendo também consultor do GLOBO LAB e conselheiro permanente da Academia de Histórias Curtas, da RBS/ Globo.

Para falar de “Produção Executiva”, a Mostra traz o produtor Roberto Martha, símbolo de negócio e um dos mais prestigiados executivos do audiovisual brasileiro. Além de ser especializado em gestão de projetos e modelos de negócio, Martha possui uma larga experiência e domínio de diversos conteúdo para TV.

Foi Diretor de Produção e Negócios na Viacom Internacional e no grupo Discovery, produzindo centenas de horas de programação em vários formatos, tendo destaque “Escola Pra Cachorro” (Nickelodeon), “Trabalho Duro” e “Águias da Cidade” (Discovery), “Copa do Caos” (MTV), “Julie e os Fantasmas” (Nickelodeon), entre outras produções. 

Além dos workshops, os amantes do cinema em Belém terão o prestígio de assistir sessões de filmes e ter uma conversa com os diretores dessas produções.

Os diretores paraenses Homero Flávio e Úrsula Vidal, do documentário “Catadores dos Sonhos”, participam de um bate papo sobre “O audiovisual como ferramenta de transformação social” e logo depois assistem à peça. Artur Arias e Pierre Azevedo conversam sobre “Cinema e a Cultura Tradicional” horas antes da exibição do filme “Mestres Praianos” de Arthur Arias. Aldrin Azevedo se une à Eduardo Souza para conversar sobre “Belém e o Cinema”.

Logo depois, Eduardo convida para a exibição de seu filme “Olhos D’Água”, documentário que se debruça a contar a história do Pré-Cinema no Brasil e na Amazônia. O ator e diretor Adriano Barroso ainda bate-papo sobre seu filme “Paradoxos, Paixões e Terra Firme” e o amazonense Sérgio Andrade apresenta seu longa “Antes o Tempo Não Acabava”. 

Onde achar a programação

Tudo sobre a Mostra de Cinema da Amazônia 2016 pode ser encontrada no site http://mostradecinemadaamazonia.com.

As exibições de filmes, bate-papos, workshops, projeções públicas ao ar livre e roda de conversa são gratuitas e realizadas no Cine Líbero Luxardo, SESC Boulevard, Praça do Carmo, Fórum Landi, que terá uma matinê infantil, e unidades do SESI Pará no interior do estado. As inscrições para os workshops são gratuitas e podem ser feitas enviando e-mail para mostramazonia@gmail.com.

Nenhum comentário: