29.4.17

"Tambores de Rio" traz obras de André Nascimento

Fotos: Divulgação
As canções inéditas do artista ganham interpretação de Cissa de Luna. Inspiradas nas encantarias, pajelanças e nos cultos religiosos de matrizes afro-ameríndias,  as obras expressam poética simples e profunda em sua essência. O evento foi contemplado com o edital Seiva, da Fundação Cultural do Pará (FCP) e terá a participação da cantora Renata del Pinho. O show será no dia 17 de maio, às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa.
Idealizador do projeto, André Nascimento explica que o show “surgiu do encontro de dois artistas, um compositor e uma intérprete, que, irmanados por suas experiências de vida e de origem, lançam-se em um interlúdio musical entre o onírico e o telúrico, cujos rios desaguam nos tambores de sonoridade forte, fluente e pujante como a opulenta Amazônia. Cantamos o sagrado em sua dimensão ancestral e divina”, comenta.
Além disso, Cissa cantará cinco músicas de seu disco “Waldemar Caymmi – A Travessia das Águas”, lançado em 2014 com patrocínio da Secult/PA em convênio com a Academia Paraense de Música. Dentre as canções do repertório, estão “A lenda do Abaeté” e “A jangada voltou só”, do baiano Dorival Caymmi, e “A Vela que passou”, “Abaluaiê” e “Valsinha do Marajó”, do paraense Waldemar Henrique.
Foto: Walda Marques
“São cinco músicas do meu álbum anterior que decidimos apresentar neste show, pois abordam a questão das águas, do sincretismo religioso, da força da natureza. E esse show surgiu quando André me convidou para interpretar as músicas dele”, diz a cantora.
O diálogo musical entre as obras de Caymmi e Waldemar parte da simplicidade e da densidade reveladas nas canções desses compositores, sobretudo nas que tratam das águas.
“Elas têm uma ressonância mítica de questões como o sagrado, o amor, a morte, o tempo, banhados pela opulência da natureza e das águas, que transcende os limites da Bahia e da Amazônia. É o encontro do rio com o mar. Em Salvador fui absorvendo desde pequena esse sincretismo brasileiro. A Lavagem do Bonfim é um lindo momento de integração entre religiões, em que padre anda de mãos dadas com mãe de santo. Também as festas de Iemanjá, as águas e a força percussiva me marcaram muito", explica.
Cissa teve contato com várias expressões artísticas na família e, por meio de sua mãe, a cantora criou gosto pelo canto, dança, teatro, poesia e artes plásticas. "Esse ambiente imprimiu em mim sobretudo o interesse pelo canto e pela dança", conta. Outras duas pessoas também contribuíram com esse universo lúdico: a avó materna, prima de Ary Barroso, que de vez em quando cantarolava para Cissa músicas de Ary, e seu avô paterno, que era primo de Jorge Amado.
A música e o divino maravilhoso
Foto: Walda Marques
André Nascimento, que é artista plástico e também um dos fundadores da banda Epadu, teve, ainda na infância, contato com religiões como Umbanda e Tambor de Mina, por meio da mãe, que frequentava terreiros, mesmo sendo católica. 
Da memória de criança se fortaleceu no artista o interesse em reinterpretar o som percussivo dos rituais sagrados. Ele também começou a se interessar por pajelanças e é da união desse universo divino que surgiu sua inspiração para compor.
"Isso foi evoluindo com a minha vivência e andanças pelo Brasil e as referências das entidades se mostraram no meu trabalho como um todo, na música, como artista plástico e poeta. E também tenho forte relação com o carimbó, que é o meu ritmo primeiro. Para mim, o tambor do carimbó também é sagrado. É por ter fé e crença, elementos fortes da cultura brasileira, que eu componho”, diz André.
Serviço
Show Tambores de Rio, com Cissa de Luna. No dDa 17 de maio, às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa – Centur (Av. Gentil Bittencourt, 650, Nazaré). Ingressos: R$ 20,00. Disponíveis na Loja Ná Figueredo (Estação das Docas). Ingresso Promocional antecipado online pelo Sympla: https://goo.gl/sYGDXA . Informações: (91) 98726-4128 / 99806-2754.

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