28.6.17

Estúdio Reator apresenta sua MostraMídiaMovediça

As noites quentes de verão e o escurinho do cinema não serão mais os mesmos depois do cineclube contemporâneo que o Estúdio Reator vem propor à cidade, a partir deste final de semana, abrindo o verão. Haverá projeções na sexta, 30, e sábado, 1º de julho, e novas incursões enigmáticas e sensoriais, na próxima semana, dias 7 e 8, sempre a partir das 19h. O convite diz que é para ativar o olhar em direção à luz e a tudo do muito que nos move, comove, remove, e amalgama sombra e cor. A entrada é quanto puder.

A MostraMídiaMovediça traz curtas, longas, ficção, videoarte, performances, videodanças, documentários, e mais o que você não terá como imaginar se não for ao Estúdio Reator. É para olhar, falar, ouvir e tocar o outro, além de degustar bebidinhas e petiscos deliciosos. 

A produção em contínuo processo do Estúdio Reator chega ao público com releituras, reedições e algumas estreias. A programação não provoca apenas o olhar, mas o encontro em bate papos entre os que se interessam e se incomodam, provocam a vida e realizam arte, como um exercício de (re)criação.

Em todos os dias, haverá performance e projeção, antes mesmo que o público pise dentro do espaço. Começa na rua. Por isso, chegue no horário. A seguir, você será convidado a subir as escadas para o Reator, onde a Tenda de Yeyé Porto afetará seu paladar e onde também poderá ser vista a mostra de vídeos em looping, originados em produções do Reator. Na sala central, a atração principal. No Teraço, encerrando tudo, música e projeções de imagens.

Na programação de abertura, nesta sexta-feira, 30, na frente do Reator, haverá uma vídeo instalação inspirada nas peças “Um Grito Parado”, música de Toquinho e texto de Francisco Guarniery, e “Gota D’Água”,  música e texto de Chico Buarque, uma alusão direta ao momento atual do país. Na sala principal tem Sessão Movediça, com curadoria de videos de Ana Lobato, Dudu Lobato e nando Lima. No Terraço o som será de vinil e a projeção em videomapping. Os detalhes você confere na programação postada no finalzinho desta matéria.

Em processo de expansão e (re) criações

A Maquina de Morel, videoperformance - Nando Lima
Tudo isso traz à tona um fluxo de coisas que dizem respeito ao Estúdio Reator. Ao longo de um ciclo de sete anos a ser completado em novembro, o espaço se abre a experimentações que se interligam pela imagem e pela performance, conectadas a diversas outras linguagens da arte.

“O que vamos mostrar é mais uma faceta disso tudo, na verdade, mas o que é comum nesta ideia é estar trabalhando sempre na borda, no limite das linguagens, chegando ao lugar em que elas ficam borradas e se misturam. É isso que a gente vem fazendo desde que iniciamos o Reator e seguimos fazendo”, diz Nando Lima, que fundou o Estúdio em 2010.

A estreia para o público, no início de 2011, foi com o espetáculo “À Sombra de dom Quixote”, do Coletivo Miasombra, e que bem traduz tudo o que se acaba de dizer acima. O Holofote Virtual estava presente nesta abertura e desde então vem acompanhando, ora mais de perto, ora nem tanto, as envergaduras de parcerias que desencadearam diversos outros processos, seja pela colaboração, conexão direta e até espécies de residências artísticas no Reator.

“E justamente, por conta de tudo isso, temos uma gama enorme de materiais que nos permitem ir para uma fronteira mais borrada do teatro, da dança, da música, e cada uma dessas linguagens abre um leque de novas possibilidades. Especificamente agora a chave central são as imagens em movimento, sendo, ao mesmo tempo, algo para te mover e te engolir. Por isso MostraMídiaMovediça”, ressalta Nando.

De volta ao verão

Belterra, de Luciana Magno
Esta é também uma retomada de verão. Ano passado, não houve programação. O Yellow Cake, projeto que vinha sendo desenvolvido no mês de julho, abrindo o Reator nos finais das tardes ao público, não rolou, porque Nando trabalhava outro projeto, o “Reator Eterno”, premiado pelo Edital Rumos Itaú Cultural e que volta, em parte, na programação da MostraMídiaMovediça, neste sábado, 1º de julho, em frente ao Reator, na rua, para a qual foi criado o projeto.

O Reator Eterno levou quatro meses de trabalho intenso e ao final teve um resultado vasto. “O projeto construiu uma montanha de material para ser processado e que vai gerar várias outras coisas. Tenho vontade de fazer uma mostra permanente, não aqui, mas na Rua 3 de Maio, à beira do canal chamado Honorato Filgueira, onde a gente foi filmar o vídeo À Margem do Canal

Atualmente, o Reator trabalha na edição do “Jantar Zumbi”, espetáculo gravado para ser transformado em um filme de longa metragem. “Temos 30 horas de imagens captadas por dez câmeras, das quais pretendo tirar duas horas de filme editado, no máximo. Editamos isso diariamente e queremos lançar em maio de 2018. Quando e como ainda está sendo articulado”, diz Nando.

“O espetáculo reuniu 11 atores com agendas dificílimas, foi bem complicado de realizar, só conseguimos ensaiar todos juntos uma semana antes da apresentação. Foram rês meses tramando, dentro de um cronograma apertado”, conclui.

Vídeos inéditos entram na mostra

Umbral, Dir. Ana Lobato
A programação da MostraMídiaMovediça traz três momentos inéditos, dois deles a serem apresentados no dia 7 de julho, na Sessão Movediça.

A documentarista e professora do curso de cinema da UFPA, Ana Lobato, exibe pela primeira vez “Umbral”, vídeo de 3 minutos que realça a “travessia vivenciada através dos tempos; passos que não passam”, como define a sinopse. E “Bailarina Fassbinder”, com direção de Felipe Cortez, que retrata uma personagem inspirada no teatro de Luis Otávio Barata e no cinema de Rainer Werner Fassbinder, que ganha vida pela interpretação do bailarino e coreógrafo Danilo Bracchi. Tem cinco minutos.

No dia 8, a atração inédita será a mais nova performance “Black Rock”, de Nando Lima, também com apresentação na sala principal do REATOR. O trabalho aborda a impermanência das coisas e do mundo e surgiu anos atrás quando nando mirou em algumas pedras com encaixe que pareciam ser tijolos. Ele juntou vários, que pesaram quase tonelada e trouxe de Salinas para Belém. O que ele fez com isso, vamos ver agora, em 70 minutos.

PROGRAMAÇÃO
Estúdio Reator - Travessa 14 de abril 1053, entre Av. Magalhães Barata e Gov. José Malcher

Sexta-Feira, 30 de junho
19h - Abertura
  • Grito Parado, e A Gota de Água - Videoinstalação (Na frente do Estúdio REATOR) 
  • Tenda da YeYé (no hall de entrada do REATOR) - Cachacinha+Cervejas+Sucos+Petiscos

20h - Sessão Movediça (Sala principal)
  • Belterra (Dir. Luciana Magno/2015/2min44) - Obra apresentada, durante a Exposição Alastramento, no ATELIÊ397 / SP;
  • Castelo de Sonhos (ou o instante da morte) - (Dir. José Viana/ SP/ 2015/2017/3min.26) - Registro da obra apresentada, durante a Exposição Alastramento, no ATELIÊ397.
  • A Maquina de Morel  (Dir. Nando Lima /SP/2015/2017/61min.)- Registro poético/videoperformance, realizado por Nando Lima durante a abertura da Exposição Alastramento, no ATELIÊ397.
  • Segundas Intenções - Conversa sobre o pensamento artístico, poéticas, registros, documentação, e a onipresença das mídias de captação de imagem em movimento - Convidados: Alexandre Sequeira, Armando Queiroz, Camila fialho, Elaine Arruda, José Viana, Keyla Sobral, Lucas Gouvêa, Luciana Magno, Luis Júnior, Marcílio Costa, Nando Lima, Pablo Mufarrej, Paula Sampaio, Wellington Romário, Veronique Isabelle

22h - Sessão Lunática (no Terraço do Estúdio REATOR)
  • JAZZandHOPPER - audição com Leo Bitar, o jazz e seus timbres assombrados, vozes soberbas, som de vinil. Somando a delirios e vislumbres de quadros, representações realistas da solidão na contemporaneidade, o eterno verão de Edward Hopper.

Sábado, 1º de julho 
19h - Reator Eterno - Videoinstalação na frente do Estúdio REATOR
  • Tenda da YeYé (Hall de entrada) - Cachacinha+Cervejas+Sucos+Petiscos 
  • LooP-Vídeos (Hall de entrada) - Mary Ann + O Pier - De Tadeu Lobato (produção de 2012) 

20h - Sessão Movediça (no Estúdio sala principal do REATOR)
  • Cine-performance: Sangue, Sangue (2017 /30 min.) - De Tadeu Lobato, Alberto Amaral, Nando Lima - Memória e consciência nasceram pelas violências praticadas contra determinado ser vivo, como forma de gravar com sangue no corpo determinadas experiências. Já o esquecimento é uma forma de superar essa violência, uma possibilidade de abertura às energias plásticas, à alegria.
  • Segundas Intenções: conversa em torno da memória, esquecimento, marcas, vivências ins- critas nas fotografias. Convidados: Afonso Medeiros, Nani Tavares, Alberto Amaral, Armando Sobral, Tadeu Lobato, Rosangela Britto, Iomana Rocha, Iara Souza

22h - Sessão Lunática (Terraço)
Insulada - o ato de se transformar em ilha - 
de: Rosilene Cordeiro - Pedro Olaia - Dudu Lobato - Alesson Barros 
mesa cheia de gostos, fluidos da pele, seivas da floresta, sonoridades aquosas, pulsantes.

Sexta-feira, 07 de julho 
19h: e:Eletrans Videoinstalação (na frente do Estúdio REATOR)
  • Tenda da YeYé (Hall de entrada) - Cachacinha+Cervejas+Sucos+Petiscos 

20h -Sessão Movediça (Sala principal)
  • Acalmia (Dir. Ana Lobato - 2010 - 9min.) - O corpo ora é acolhido pelo mar, se movimenta no seu balanço, expande e transforma o impulso que recebe, ora se move em sentidos e intensidades distintos dos produzidos pelo fluxo da maré, numa espécie de embate propulsor. 
  • Rosalina (Dir. Ana Lobato - 2014 0- 22 min) - O filme aborda a história de Rosalina, irmã cobra de Ana Bahia Pereira, fruto de uma relação extra-conjugal mantida por seu pai, Veríssimo. O pai batiza sua filha-cobra com o nome de Rosalina, que passa a viver no rio Jatuíra, nas imediações de sua residência. Rosalina é também uma entidade de cura da Umbanda, que baixa em sua irmã Ana, o que acontece em poucas ocasiões, como no dia de seu aniversário, a 30 de agosto, que costuma ser festejado por sua irmã, com um bolinho e toque de tambor.
  • Rebuçado (Dir. Ana Lobato/ 2015/ 7 min.) - O oculto, velado. O que está na origem ou no âmago. O íntimo e o profundo. Enfim, "Rebuçado": um experimento em videodança que explora estéticas em trânsito entre diferentes tribos, sabores e desejos. Partituras corporais são indutoras de imagem e som para uma reflexão audiovisual sobre cidades imaginárias, prisões interiores e indiferença. A vida segue doce em compasso delicado, um espírito stiletto pisa em doces, Bboys e conecta, em edição, as cenas. A música dança o músico-dançarino e a performance se completa em três corpos do diverso. Ao fim, o doce nem importa tanto assim. Pode ser pisado. E esquecido.
  • Umbral - Estreia (Dir. Ana Lobato/ 2017/3min) - Travessia vivenciada através dos tempos; passos que não passam.
  • Bailarina Fassbinder - Estreia (Dir. Felipe Cortez/2017/5 min) - Uma personagem inspirada no teatro de Luis Otávio Barata e no cinema de Rainer Werner Fassbinder ganha vida pela interpretação do bailarino e coreógrafo Danilo Bracchi.
  • Segundas Intenções: conversa sobre modos de produção, poéticas, filmes de guerrilha, baixo orçamento, maneiras possíveis de realização - Convidados: André Mardock, Ana Lobato, Cleber Cajun, Felipe Cortez, Nando Lima, Marcelo Rodrigues, Armando de Mendonça, Alex Damasceno, Lucas Escócio.

22h - Sessão Lunática (no Terraço do Estúdio REATOR)
"Em Caso de Emergência Quebre o Vidro" - inspirado na Dramaturgia de Denio Maués.
Com: Dudu Lobato - set list dos anos 80/90, Pauli Banhos - locução e Nando Lima – vídeos.

Sábado, 8 de julho
19h - E:Eletrans videoinstalação (na frente do Estúdio REATOR)
  • Tenda da YeYé (no hall de entrada do REATOR) - Cachacinha+Cervejas+Sucos+Petiscos 

20h - Performance Black Rock  - De Nando Lima - Estreia (2017 duração: 70 minutos) -  Na sala principal - A impermanência das coisas e do mundo. A sincronicidade, a experiência de observar ou sentir esses padrões, os encontros, as arestas dos desejos, os nivelamentos e deslizes que experimentamos nesses momentos nos deslocam para o próximo nível de nossa vida; e passamos por necessidades, tentativas, perdas, posses e mesmo a morte (que é de cada um) se desdobra em elos e sequências necessárias, para que tudo continue.

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