27.11.17

Café Filosófico discute obra de Haroldo Maranhão

A linguagem nua e crua do escritor paraense Haroldo Maranhão é tema do Café Filosófico de novembro da Casa do Fauno. A programação “Haroldo, cínico e transgressor” traz como convidado o Professor Doutor Ernani Chaves, que investiga como as narrativas do autor representam, por meio da arte, uma atitude transgressora, entendida como crítica aos valores burgueses e ao conservadorismo. O evento será no dia 30 de novembro, às 19h, na Casa do Fauno. Entrada franca.

Trabalhando a ligação entre o estético, o ético e o político nas transgressões do corpo, Ernani Chaves emprega o termo cinismo a partir do conceito adotado pela escola filosófica grega, de contestação das normas e valores dominantes por meio de gestos e atitudes considerados escandalosos e transgressivos. 

“Os cínicos, com isso, radicalizavam a crítica das convenções e aparências sociais, lembrando que somos, acima de tudo, um corpo atravessado por impulsos e intensidades. Michel Foucault, no seu estudo sobre o cinismo, procura mostrar que a atitude cínica se faz presente, de formas diferentes, em todas as épocas da história. Na nossa época, essa atitude é representada, principalmente, pela arte”, explica. É nessa perspectiva que está inserida a obra Haroldo Maranhão. O elemento sexual, corpóreo das narrativas do escritor retomam esse gesto cínico de crítica às convenções. 

“O cinismo vai de par com a transgressão. Nessa perspectiva, as narrativas de ‘Jogos Infantis’ são exemplares, seja no uso de uma linguagem direta, sem rodeios, que pode parecer chula e pornográfica, assim como pelo tipo de narrativa, destacando aquela na qual o menino, ainda criança, narra o coito dos pais, seja a emblemática história contada na narrativa homoerótica ou ainda a do campeonato de masturbação. Sua obra constitui, no momento em que vivemos, um libelo contra a regressão moralista que invade o Brasil”, completa Ernani Chaves.

Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1993), Ernani é Professor Titular da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Pará, tem experiência no estudo de Michel Foucault e no âmbito da Filosofia da Psicanálise. Ele orienta trabalhos relativos à estética, ética e filosofia política nos pensamentos de Nietzsche, Freud, Walter Benjamin, Adorno e Foucault.

Prosador brasileiro (1927-2004), Haroldo foi jornalista e advogado que nasceu em Belém do Pará. Estreou com A estranha xícara (1968), ao qual se seguiram romances e volumes de contos como Voo de Galinha (1980), A Morte de Haroldo Maranhão (1981), O Tetraneto Del Rey (1982), A Porta Mágica (1986), Rio de Raivas (1987), Cabelos no Coração (1990) e Memorial do Fim (1991), entre outros. Nos anos 50, fundou a Livraria Dom Quixote, que se tornou ponto de encontro de intelectuais paraenses, como Benedito Nunes, Mário Faustino e Max Martins. 

Serviço
Casa do Fauno apresenta: Café Filosófico “Haroldo, cínico e transgressor”.Dia 30 de novembro, às 19h, na Casa do Fauno (Rua Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin Constant e Rui Barbosa). Entrada franca. Informações: 99808-2322.

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