13.11.17

Festival Se Rasgum abre com show de Marisa Brito

Fotos: Divulgação e Fernanda Brito Gaia
A cantora abre a programação oficial do 12º Festival Se Rasgum, nesta terça-feira, 14 de novembro, às 19h30, no Teatro Margarida Schivasappa do Centur. A noite ainda conta com apresentação da dupla paranaense Estrela Leminski e Téo Ruiz, além da cantora carioca Ava Rocha. O Holofote Virtual conversou com Marisa Brito, que vai apresentar neste show, as canções do EP além de outras composições autorais que ela escolheu como símbolos deste novo momento profissional. 

Carreira solo, parcerias outras, novas referências musicais. Tudo novo de novo. “É muito especial esse momento que eu estou vivendo e tocar em Belém é sempre muito importante, porque é o berço da minha carreira, é onde eu comecei tudo, é a raiz da minha vida e do meu trabalho”, diz a cantora.

Marisa Brito está de volta e se diz inteira, com amadurecimento para a nova jornada profissional que se mostra pulsante. Este será o primeiro show ao vivo após o lançamento do EP realizado em outubro, nas plataformas digitais. “Vou mostrar outras músicas do meu novo repertório, todas autorais, e com parcerias também”, complementa ela que será acompanhada pelos músicos paraenses Marcel Barreto, Andro Baudelaire,  Leonardo Pratagy e Adriano Souza.

O EP, que leva seu próprio nome, foi lançado oficialmente nas plataformas digitais no dia 10 de outubro. Houve prévia do lançamento no show que ela apresentou no dia 15 de setembro no Ziggy Hostel Club. “Estou feliz e radiante com tudo que está acontecendo. Eu ouço o EP e tudo que está ali, dialoga comigo, é Marisa. Tudo ali é minha cara, não tem uma virgula que não goste. Isso não tem preço", diz. 

O EP foi gravado nos estúdios Budokaos e Apce, em Belém, e no Greenhouse, em São Paulo-SP, com direção e produção de Vinícius Sauerbronn, arranjos de Marcel Barretto (Coração na Boca/Por trás do desenho/Falas) e Fábio Sampaio (Atalho). A mixagem é de Marcos Suzano, a masterização, de Alexandre Rabaço. 

Na capa, fotografia e arte, de Fernanda Brito Gaia e design de Thiago Fontin. Gravaram os músicos: Marcel Barretto, Marcos Suzano, Juari Dovenas, Eraldo Taylor, Bruno Cordeiro e Gus Solaris. Depois do Se Rasgum, os planos são começar a rodar com esse show em 2018, com shows em São Paulo, Cuiabá e Rio de Janeiro. Em 2018, a cantora vai gravar clipes das quatro músicas e vai lançar um single. 

Essência, coragem, amor e liberdade na música e na vida

No bate papo com Marisa, pedi que ela falasse um pouco do processo de criação de cada uma das músicas que estão no EP. A cantora diz que todas as canções falam sobre liberdade e coragem, sobre libertar o seu eu e não ter medo de mostrar para o mundo o que você é de verdade.

“Coração na Boca” é uma canção feita em parceria com Pietro Saraiva, que fez os primeiros versos, posteriormente desenvolvidos por Marisa, e com Marcelo Barreto, com quem ela finalizou a parte musical, aqui em Belém.  Pietro, que é marido de Marisa, mandou para ela os primeiros versos. 

“Eu me empolguei e escrevi mais coisas. Todas as outras partes que eu escrevi, eu escrevi pensando nele, então ele é a minha inspiração para esta música”, comenta. “Tem um refrão forte e a recepção do público tem sido muito boa, espero que todo mundo cante ela comigo no show. A música fala da coragem de amar, amar sem medo, livre, sem medo das barreiras e das dificuldades, sem bloqueios, mas ela também fala de amor próprio, tem os dois lados. Ter coragem de enfrentar os nãos internos, que ficam na nossa cabeça bloqueando as coisas”, define.

“... Caminho estranho, talvez o amor esteja num atalho torto” diz a canção “Atalho”, que ela fez sozinha, e que também fala de amor, “mas fala sobre os caminhos da vida, que às vezes a gente planeja e acha que vai ser tudo como se planejou, mas às vezes as melhores respostas estão em caminhos que a gente não esperava percorrer”, diz a cantora.

O EP também traz “Por trás do desenho”, a primeira música que ela compôs na vida. Marisa diz que ela veio pronta, com melodia e letra. “Cantarolei ela por muitos dias, adorava a melodia, mas a letra, nem tanto. Tinham só dois trechos que eu ainda gostava”, comenta ela que acabou enviando a composição para a amiga cantora e compositora também, Ana Clara.

“Tive a brilhante ideia de falar com a Ana Clara, que admiro muito e a gente tem muita sintonia. É nossa primeira parceria. Expliquei o que eu queria expressar, bem esse olhar do feminino, a conquista de uma mulher para um homem. É algo bem subjetivo. E aí ela refez a parte da letra, mantive umas três frases da original, e eu amei, foi uma parceria muito feliz, é um xodozinho essa música”.

Fechando temos “Falas”, a música com a qual Marisa vai abrir o show desta noite de terça-feira, no Teatro Margarida Schivasappa, no Centur. A cantora considera que esta é a canção que mais representa o seu atual momento, como se fosse um símbolo maior de sua transformação. 

“... Desmonto e reapareço, vejo tudo desde o começo”, diz a canção. “Eu olho tudo pra traz, o passado faz parte de mim, mas eu já sou outra pessoa, e quero neste novo trabalho me mostrar mais inteira, porque um trabalho com banda é um trabalho que fica mais diluído, as ideias são diluídas, naturalmente”, diz ela comparando os tempos em que cantava na Euterpia.

Falar de outras coisas, ouvir coisas novas, mudar as referencias “‘Falas’ traz essa gratidão ao que se foi, mas diz que é preciso olhar pra frente, se reconstruir e se libertar, sem medo de mostrar quem eu realmente sou. É também um recado para todas as pessoas, porque todo mundo passa por fases de transformação, em que precisa se reconhecer ou reinventar. Fala de pessoas que escondem muito sua voz, no sentido de expressar seu ser”, acredita.

Reconhecer nossas sombras. É outra mensagem que a música traz, ao abordar esse lado mais obscuro que todos temos, mas que muitas vezes ao esconder do outro também a negamos, perdendo a chance de reconhecer e lidar melhor com as dificuldades.

“É importante olhar para nossas sombras, para sermos mais inteiros. É tudo isso que ‘Falas’ representa. É a música de abertura do show porque é bem significativa, escolhi pra já chegar mostrando com ela toda a essência do EP, ela resume tudo”, afirma.

Carreira solo exigiu um tempo de recolhimento

Marisa Brito começou a cantar profissionalmente aos 15 anos, como vocalista da banda A Euterpia, que mesmo depois de desfeita, é ainda uma das mais badaladas, até hoje, em Belém do Pará. Foram cinco anos longe dos palcos, após onze anos dedicados ao grupo. Para chegar à carreira solo nem tudo foi tão fácil. Ela confessa que precisou passar por um tempo de reclusão, o necessário para aprender muita coisa e refletir, ouvir outros sons. 

Até seus 26 anos, pensou a música, gravou e fez inúmeros shows com A Euterpia. Foi com o grupo também, que ela saiu de Belém, onde passou a infância e parte da adolescência, e que retornou a São Paulo, sua cidade de origem, onde ela continua morando e de onde dispara seu novo trabalho. Na capital paulista, com o fim da Euterpia, Marisa Brito continuou se dedicando a música, só que fora dos palcos. 

“Durante todos esses anos, nunca me afastei da música, muito pelo contrário. Teve uma época que eu achei que não ia mais voltar a cantar nos palcos, mas tem uma hora que a coisa te chama e não tem jeito (risos). E nestes anos eu compus muito e assim escolhi as quatro canções para compor o EP, e que são muito significativas para este momento”, finaliza.

Cantora compartilha experiência com workshop

Trabalhando como preparadora vocal há 12 anos, ela vem dedicando sua vida a música, pois também toca violão e piano, compõe e dá aulas. E também dá aulas. E será toda esta experiência de professora de canto e artista que ela traz para o workshop que realizará no dia 15 de novembro, dentro da programação de formação do Festival Se Rasgum. 

“Pretendo falar um pouco sobre minha forma de trabalhar, pois trago na minha experiência prática, o palco, a gravação, meu estudo técnico e teórico, técnica vocal, a formação em canto lírico e popular. E também do Full Voice, meu estudo mais recente, uma técnica interessante para o canto não só o popular, e que pretendo compartilhar com as pessoas no workshop”, finaliza Marisa.

Serviço
12ª edição do Festival Se Rasgum. Abertura nesta terça-feira, 14, às 19h, no Teatro Margarida Schivasappa - Centur, com programações até 18 de novembro, também no Café com Arte, Ziggy Club, Estação das Docas, Açaí Biruta e Parque dos Igarapés. Patrocínio máster da Oi Futuro, patrocínio do Banco da Amazônia e co-patrocínio da Faculdade Estácio. Os ingressos já estão à venda no www.sympla.com.br/serasgum.

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