1.5.18

Mastodontes amplia o bando na festa Manada

Grupo faz ode à produção musical autoral de Belém celebrando a diversidade criativa atual, na  primeira edição da Manada, dia 11 de maio, no Açaí Biruta. A festa conta com a presença d`O Cinza e Keila, além do som dos DJs Bambata Brothers e FRNCSCSD, em um set com instalações e videomapping, e bazar Olê Olá, com roupas e artes de mulheres convidadas. Os ingressos já estão à venda. (Texto de Allan Bordalo, da assessoria de imprensa da festa Manada).

Diversificada, e às vezes desconhecida, a música autoral produzida em Belém já reivindicava mais espaços de convivência e conexões. Percebendo este momento de efervescência em vários estilos, o bando Mastodontes convida manas e manos perdidos pela cidade para celebrar a coletividade e dar início à Manada, festa voltada para reunir a produção original da capital paraense. 

Nada menos do que doze pessoas compõem o Mastodontes – e aí fica fácil entender o porquê do grupo se intitular um bando. Tantas cabeças e vozes juntas nem sempre são coisa fácil de se administrar. “Nenhuma reunião é rápida, o processo é lento mesmo”, diz Ana Marceliano, uma das vozes do bando. Porém, essa é a essência do Mastodontes, que se reúne em manada porque, fundamentalmente, respeita sua característica de agregar e valorizar a diversidade. “E também porque para bater tambor a gente precisa de mãos”, explica Luciano Lira, cantor e violonista do grupo.

Mastodontes (Foto: Bruno Passos).
Outra pedra fundamental do Mastodontes é o teatro, bagagem de vários integrantes da banda, e o que ajuda a explicar o tom espetaculoso e único de cada apresentação do grupo, e o relacionamento visceral dos fãs com a banda, sempre convidados a viver aquele momento intensamente – não à toa fãs foram convertidas em integrantes do bando: Bruna Cruz e Fernanda Noura, duas das vozes do coro. 

“O teatro está presente em quase tudo do bando”, assinala Larissa Medeiros. “Nem sempre nas músicas”, completa ela, valorizando o caldeirão de influências musicais do grupo, que une a MPB ao afoxé, xote, rock, maracatu e outros – ritmos responsáveis pela catarse provocada no público. Essa catarse de emoções faz parte do que o grupo entende ser também uma espécie de dever político no momento atual. “Fazemos arte, música ou teatro, no sentido de provocar a humanidade em nós em um momento que vivemos uma mecanização total das nossas relações. As coisas estão artificiais e superficiais, então tudo o que pudermos fazer no sentido de aproximar os corpos é válido”, acrescenta Ana.

Mastodontes (Foto: Bruno Passos)
E essa aproximação falada se reflete na vontade de que essa manada seja cada vez mais diversa – e em versos como “Conexões se desfazem, refazem, a vida é um quebra cabeças”. 

“Temos várias Beléns, que muitas vezes não se conhecem, mas cada uma delas está vivendo e produzindo suas coisas”, diz Luciano Lira, justificando o conceito para formar o inusitado line up do Manada, que tem ainda o rock com pitadas de MPB d’O Cinza, uma das grandes revelações da cidade, e o balaio sonoro assentado no Tecno-eletro-brega de Keila. 

Todos os artistas envolvidos acabaram de lançar EPs e integram o quadro da música autoral produzida na capital paraense: “O Lugar Onde Envelhecemos” (O Cinza), “Keila” e “Aperte o Play” (Mastodontes). E são, de fato, Beléns diferentes. 

Keila (Foto: Divulgação)
A da manauara Keila, que desenvolveu seu canto popular em Barcarena e posteriormente Belém, dá voz a partes esquecidas da cidade: a musicalidade e a dança impressas na cultura periférica – no caso da capital paraense, o Treme.

“No momento que vivemos, é muito importante reforçar que a arte e a música especificamente são caminhos para muitos jovens que vivem nas periferias. Temos muitos jovens talentosos perdendo oportunidades. Ou talvez seja o público que esteja perdendo essa oportunidade de conhecê-los”, reflete. Por isso Keila vê com empolgação a chance de reforçar seu  interação proposta no Manada. “Várias cenas de Belém vão se conectar”, diz.

Hoje ela se enxerga em uma grande fase pessoal, fazendo a própria direção musical e mostrando a artista que por algum tempo gestou durante os anos que esteve na Gang do Eletro. “Encontrei o eixo do meu trabalho, depois de dois anos fora da Gang, lançando meu trabalho, recebendo críticas, sendo acusada de estar perdida e concluindo que essa agora sou eu, sim. Estou na linha de trabalho que sempre pensei”, garante.

O Cinza (Foto: Manu Ph)
O Cinza talvez seja a grande surpresa da primeira edição do Manada. A banda prodígio nascida de colegas do ensino médio sempre teve claras intenções e marcou bem seu espaço na pluralidade da cena da cidade. 

“Sempre fomos uma banda autoral”, diz o guitarrista Leonardo Castro, que explica o surgimento e o sucesso relâmpago da banda de forma despretensiosa. 

“Criamos O Cinza e disponibilizamos algumas músicas na internet. Por algum motivo as pessoas ouviram. E gostaram”, diz ele, que vem colecionando surpresas agradáveis – como a de entrar no Manada.  “Foi um estranhamento bom. Quando recebemos o convite, e vimos que estaríamos com a Keila e o Mastodontes, pensamos como iríamos nos encaixar, e aí entendemos que o objetivo é a pluralidade. Ficamos muito gratos”, concluiu.

Serviço
Festa “Manada”, com Keila, O Cinza, bando Mastodontes, DJs Bambata Brothers + Bazar Olê Olá. No Açaí Biruta (Rua Siqueira Mendes, 186-314). Na sexta-feira, 11 de maio, a partir das 21h. Ingressos: R$ 20,00 a partir das 21h e R$ 25,00, a partir das 23h.   Vendas online:
https://www.sympla.com.br/manada__276578 - Lote promocional antecipado: R$ 15,00.

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