8.6.17

Vitor Ramil emociona: voz e violão na beira do rio

O encontro com o público de Belém, que desde os idos anos 80, lhe impressionou, é sempre de muito carinho e intensidade. "Eu estava com muita saudade de vocês", disse antes de começar a tocar. A noite de quarta (7), no XXX Festival Internacional de Música do Pará, iniciou com Luísa Lacerda. Hoje tem Fátima Guedes e até sábado,10, há novas emoções, no bar Palafita.

Tango, Tambong, Estrela Estrela, Foi no Mês que vem, entre outras obras. Ele passeou pelo repertório que vem encantando gerações. O público estava ávido de Vitor e queria mais era grudar no palco do gaúcho. “Vocês me deixam tocar uma música nova?”, perguntava, e claro, apresentou coisas lindas, que no calor da emoção acabei não anotando os nomes, mas gostei, trazem a marca poética de sua obra. A gente chorou, cantou, vibrou junto. Foi lindo, exuberante e ficará na memória. 

Vitor Ramil começou sua carreira artística ainda adolescente, no começo dos anos 80. Membro de uma família de músicos. O irmão de Kleiton e Kledir, frequenta Belém há décadas. Ficou surpreso quando fez a primeira apresentação, aqui, porque sabíamos cantar suas músicas, quando ele ainda nem era tão conhecido aqui pela região norte. 

Eu sempre digo que esse é um mérito da Rádio Cultura do Pará, que assim como colocava para ouvirmos Vitor Ramil, também nos apresentou artistas como Ney Lisboa e Dulce Quental, que ficaram igualmente surpresos, quando aqui se apresentaram entre o final dos anos 1980 e o inicio dos 1990. 

Sim, era um privilégio, naqueles tempo, ainda sem plataformas digitais de distribuição de música, termos acesso, através de uma rádio, que garimpava junto com você novos compositores brasileiros que mais tarde se tornariam ícones da música brasileira. Hoje em dia temos a internet, mas penso que as rádios ainda deveriam exercer isso com maior afinco, sendo fundamental para difusão de bons trabalhos, é duro se ligar numa difusora e lidar com os conteúdos de massificação. 

Luisa Lacerda pede silêncio, retorno e canta Ronaldo Silva

Instrumentista talentosa, voz suave afinada, tem um trabalho bonito. Exigente também e reclamou um pouco do som. “Eu queria pedir que vocês falassem um pouquinho mais baixo, porque eu estou quase sem retorno aqui”, disse.

A cantora e violonista, formada pela Escola de Música da UFRJ, ainda é pouco conhecida por aqui, embora várias pessoas já tivessem ouvido seu trabalho pelas redes sociais. É da nova geração de compositores cariosas, e vem se apresentando em casas de shows, bares e cafés do Rio desde 2013, tendo dividido o palco com artistas como Pedro Franco, Quarteto Geral e Miguel Rabello. Em 2016, fez diversas apresentações solo (voz-violão), formato que trouxe para Belém.

Luisa Lacerda trouxe repertório do cancioneiro de seu pai André Lacerda, em várias parcerias, Paulo César Pinheiro, e ainda Sérgio Sampaio e Sérgio Natureza, além de músicas autorais, em parceria com compositores cariocas. Cantou também, “Rodopiado”, música de Ronaldo Silva, que ela gravou em fevereiro deste ano.

Fátima Guedes e Delcley Machado nesta quinta

A energia musical carioca está no ar e se mistura com a música instrumental paraense. Hoje a programação do XXX Festival de Música, Palafita, tem outra grande compositora em cena, Fátima Guedes, que é da geração musical dos anos 1970, do Rio de Janeiro. A abertura da noite desta quinta-feira, 8, será com o guitarrista paraense Delcley Machado. 

O primeiro sucesso radiofônico de Fátima Guedes foi Mais uma boca (1980), que concorreu no Festival MPB/Shell. O álbum Coração de louca (1988) foi um dos pioneiros do selo independente Velas, que seria lançada três anos depois pela dupla Ivan Lins/Vitor Martins, lançando ainda os três álbuns subseqüentes: Pra bom entendedor... (1993), Grande tempo (1995), que teve duas canções indicadas para o extinto Prêmio Sharp de 1996 na categoria MPB, e Muito intensa (1999).

Diversos cantores têm no repertório músicas de Fátima Guedes, dentre os quais Simone, Maria Bethânia, Jane Duboc, Joanna, Zizi Possi, Mônica Salmaso, Leila Pinheiro, Ney Matogrosso e Nana Caymmi. Dentre as muitas composições, destacam-se: Flor de ir embora, Condenados, As pessoas, Pelo cansaço, Muito intensa, Absinto, Eu, Lápis de cor, Chora brasileira, Onze fitas, Arco íris, Passional, Cheiro de mato, A vida que a gente leva, Muito intensa, Mais uma boca, Ar puro, A bailarina, entre outras.

Enquanto Fátima GUedes iniciava a carreira em 1973, Delcley Machado nascia naquele ano, crescendo nas rodas de choro promovidas pelo seu pai, músico veterano que participou como percussionista na Orquestra na Rádio Marajoara, em Belém.

Hoje com seus 25 anos de carreira é reconhecido pelo seu virtuosismo e técnica pessoal, já participou de vários trabalhos dentro e fora do estado e do País, dividindo palco com músicos como: Toninho Horta, Claudio Nucci, Zezé Mota, Fernando Merlindo, Nema Antunes, Ney Conceição, Lula Barbosa, Vital Lima, Walter Freitas e muitos outros.

O músico também tem participações em gravações e arranjos em discos dos principais artistas do Pará e do Brasil, hoje tendo em sua discografia três CD'S Intitulados: "Urbi Et Orbi", "Cordacesa" e "Temporal" é músico marcante na trajetória da música instrumental do Estado do Pará.

Programação no Palafita vai até sábado

O Palafita ainda recebe na sexta, 9, o Cumbuca Jazz, grupo de música instrumental formado por músicos paraenses. Iniciou sua trajetória em 2004 e traz um repertório composto por música brasileira, regional e composições de grandes instrumentistas do jazz. Em seguida tem Fernando Merlino, pianista carioca, que iniciou a carreira artística tocando em bailes e casas noturnas, como integrante da Orquestra do Maestro Cipó e do grupo de Chiquinho do Acordeon. 

Em 1980, foi contratado como instrumentista pela TV Globo, tendo gravando diversas trilhas e vinhetas para novelas e programas da emissora. Entre outras coisas, atuou como instrumentista e arranjador, ao lado de Roberto Menescal, em gravações de discos da venezuelana Luz Marina, da japonesa Utsumi Miyuki, do grupo instrumental japonês The Square e da cantora Lisa Ono, além de ter participado dos discos das cantoras Marília e Cris Delanno, lançados no mercado japonês pelo selo Zico Label.

A programação no Palafita, encerra no sábado, 10, com show de Paulinho Moska. E nesta noite, só vai dar ele, que fez as primeiras gravações profissionais no álbum A Orquestra de Vozes, em 1986. O disco de estreia do grupo vocal Garganta Profunda que, em seu repertório, cantava de Beatles e Tom Jobim a óperas medievais. 

Em 1987, Luiz Nicolau, Luis Guilherme e o próprio Moska, dissidentes do Garganta Profunda, formaram o grupo de pop-rock Inimigos do Rei. Com a banda, lançou dois discos, emplacou nacionalmente os hits Uma Barata Chamada Kafka e Adelaide e correu país por dois anos.

Cinco anos mais tarde, em 1992, decidiu sair do grupo, porque não gostava da obrigação de ser engraçadinho, e iniciou carreira solo. Desde então, Moska já emplacou 13 temas em trilhas da TV Globo – 11 deles em sua própria voz. Destas, destacam-se 'O Último Dia (presente em O Fim do Mundo), A Seta e o Alvo (presente em Zazá), Pensando em Você (presente em Agora É que São Elas) e Tudo Novo de Novo (tema de abertura da minissérie homônima).

Espaço é dos mais concorridos no festival

Os shows na beira do rio iniciam às 22h30, a entrada é franca. O Palafita tem sido um dos locais mais concorridos do festival, nos últimos anos. É lá que a programação traz a música instrumental e popular, sempre com ótimas atrações. O espaço, no entanto, precisa de mais infra para receber o público nesta quantidade que é levada pelo festival. Teve #foratemer, #forajatene e #forazenaldo. E nada poderia estragar a noite.

Além do Palafita, a programação do XXX FIMUPA, que iniciou no domingo, 4, se estende ainda pelo Theatro da Paz, Sala Etore Bosio, Teatro Waldemar Henrique, Igreja de Santo Alexandre, Espaço Cultural Boiúna e Jardins do Instituto Carlos Gomes, até dia 11 de junho. Veja toda a programação, aqui: http://www.fcg.pa.gov.br/content/programa%C3%A7%C3%A3o-xxx-fimupa

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